A escolha de Rita

Cadillac fala de violência, amor, Anitta e de ter sempre escolhido papéis sensuais. "Carma e zona de conforto"

Luiza Souto Da Universa
Simon Plestenjak/Universa

Aos 13 dias de vida, perdeu o pai, vítima de leucemia. No mesmo ano, a mãe a abandonou. Aos 15, foi estuprada pelo marido. Divorciada aos 17, se prostituiu, entre outros motivos, para sustentar o filho. Aos 19, virou a Chacrete mais famosa do país, na sequência, artista adorada entre os homens do Carandiru e de Serra Pelada. Com 50, estreou em filmes pornô. Hoje, aos 64, Rita Cadillac, no RG Rita de Cássia (por causa da santa, claro) está no teatro, vivendo uma famosa dançarina naturista do século passado. Para o papel, topou aparecer nua no palco. "Quero ver chegar a 'meia quatro' do jeito que estou", diz Rita, com uma expressão facial que diz algo sobre uma mulher escondidinha no fundo dela: a boca sorri mas o olho, não.

Rita inventou várias Ritas ao longo da vida. Todas com tintas hipersexualizadas. No papel de "Madrinha do Carandiru", dançava e deixava os detentos beijarem seu bumbum. Quando se apresentava para milhares de garimpeiros, enlouquecia a turba. Transou com Alexandre Frota em filme adulto e quando uma câmera é apontada para ela, Rita se coloca rapidamente em poses sensuais. Sobre essa trajetória, analisa: "É carma... Mas acaba sendo uma opção minha". Se ela se agride com essa opção? "Em nada". 

Para a artista, Anitta é sua "sucessora". "Ela seria a Rita Cadillac de hoje". Sobre o amor, ela diz que sabe o que é: "Namorei o Gonzaguinha e ela cantava 'Explode Coração' para mim". E sobre a morte, já planejou tudo: "Não quero ser comida por bichinhos. Quero ser cremada e as cinzas jogadas no Central Park, em Nova York". É muito bom para o moral, não é não? 

Rita Cadillac: "fiz o gênero gostosa que acabou perpetuando"

Ser sexy: zona de conforto

Antes que Rita chegasse ao estúdio de fotografia para este ensaio, a editora de texto falou para o fotógrafo não sugerir que Rita fizesse poses sensuais às quais está habituada. Quando as luzes foram ligadas e o ensaio começou, Rita deu seu show: empinou o bumbum, deitou no chão, pôs o dedo na boca e abaixou o tronco todo até colocar as mãos no chão, para mostrar que tem alongamento. A equipe de jornalistas e fotógrafos, claro, levou o abacaxi. Rita sorria e jogava o cabelo de um lado para o outro. O auge da performance se deu quando o fotógrafo, que é esloveno, contou que o fonema "rita", em sua língua, quer dizer bunda. Pronto! Rita se ajoelhou no chão, sacou o celular e fez questão de registrar o profissional falando com suas próprias palavras, para ninguém duvidar: "Tá vendo? Rita na Eslovênia é bunda!", se alegra, batendo no bumbum. 

O nome Rita Cadillac lhe foi dado por um amigo italiano, que a achava parecida com a atriz, cantora e dançarina francesa Nicole Yasterbelsky. Diz a lenda que seu corpo curvilíneo despertava nos homens o mesmo desejo que eles tinham pelo carrão da moda. Rita, como Nicole, assumiu essa persona sexy e, com ela, construiu uma carreira. Quando instada a falar sobre os tantos papéis eróticos que desempenhou, de primeira, atribui todos "ao destino". Mas, com um tantinho mais de coragem, vai além:    

"Acaba sendo uma opção minha. Não me agrido em nada fazendo isso. Na época de chacrete, eu tinha que ser diferente de todas para poder aparecer; então fiz o gênero gostosa". E falando sobre a trajetória profissional no mesmo terreno, conclui: "pode ser uma zona de conforto, porque é uma coisa mais fácil para mim". 

Rita diz que não se lamenta dessas escolhas. "Tudo que eu quis fazer, eu fiz. Parto para outro. Errei aqui, não vou cometer de novo. É o caso dos filmes adultos. Não me arrependo de ter feito. Não tem problema nenhum. Mas não faço mais".

Juca Varella/Folhapress Juca Varella/Folhapress

Adorava fazer cadeia

Durante 18 anos, Rita Cadillac fez shows, palestras e, sobretudo, amigos, no Presídio do Carandiru. Sua relação com a vida na cadeia ficou tão estreita, que ela chegou a comemorar aniversário lá. "Fizeram bolo, suquinho e ganhei presente". O médico Drauzio Varella, que atendia os presos, num trabalho voluntário, pediu que Rita desse aulas de educação sexual para eles. "Eu ensinava como colocar camisinha, explicava sobre DSTs; eu falava a língua que eles entendiam", conta. 

Por causa da intimidade e do respeito que criou com os presos, ganhou deles, de um lado, a alcunha de "Madrinha dos Detentos" e, de outro, uma certa proteção fora da cadeia. 

“Estava dentro de um banco e, por acaso, chegam para mim e falam: 'Oi, madrinha. Se fosse você, eu ia embora'. Eu falei: 'Tá bom. Tchau'. À noite, vi que teve um assalto no banco”. E tem mais história:

“Uma vez me roubaram um colarzinho na porta do prédio onde eu morava. No dia seguinte, fui na cadeia. Falei: ‘Pô, gente, fala para os amigos lá de fora para devolverem, né?’ Dias depois, deixaram na portaria um envelopezinho sem nada escrito. Era o meu colarzinho de ouro, com umas quatro pepitinhas, sobras de Serra Pelada”.

Da experiência no Carandiru, Rita sintetiza: "Eu adorava fazer cadeia".

Estava num banco, quando falam pra mim: 'Oi, madrinha. Se fosse você, eu ia embora'. Eu falei: 'Tá bom. Tchau'. À noite, teve um assalto no banco

Rita Cadillac

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Garimpo: "queria aventura"

Rita Cadillac se apresentava para milhares de homens com poses, roupas e danças sensuais, mas diz que nunca foi assediada ou cantada por um fã; nem mesmo quando oferecia o bumbum para eles beijarem, uma marca registrada de seus shows. Primeira mulher a se apresentar em Serra Pelada, no Pará, no auge do garimpo, década de 1980, ela conta que "aqueles homens ali queriam era conversar". 

"Eles sentavam em frente à barraca onde eu estava e queriam saber de cantores, de Chacrinha", conta. Na hora, claro, pintava o medo; especialmente, de estupro. "Eram 60 mil homens e eu. Só pensava assim 'se um falar come, tchau'”. Hoje, Rita é capaz de observar que ela fez a escolha de ir ao garimpo, quatro vezes, para "me aventurar; eu queria saber o que era garimpo. Era a primeira vez que uma mulher estava pisando lá dentro".

Das lembranças de Serra Pelada, uma não lhe sai da cabeça. "Da primeira vez, fui num teco teco monomotor, sem bancos. A gente foi sentado em caixotes, para o meio da Amazônia. E aí, caiu uma chuva do cão, com raio, relâmpago, o avião não tinha rádio, nada. De repente, acho que um raio caiu na aeronave e o piloto salvou a nossa vida, porque conseguiu pousar no meio da selva. Eu só tive uns machucadinhos". 

Dos tempos de garimpo, Rita trouxe meia dúzia de pepitinhas de ouro. Todas já dadas de presente para as netas. 

Primeira mulher a se apresentar em Serra Pelada, ela conta que "aqueles homens queriam era conversar".

Rita Cadillac

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As mulheres de Rita

No dedo anelar da mão esquerda, Rita Cadillac carrega um anel delicado de ouro e brilhantes. Ela conta que o ganhou de uma senhora que não sabe o nome, durante um voo. "Eu tinha acabado de gravar os filmes adultos e estava deprimida. Essa senhora, acho que percebeu minha tristeza, chegou perto de mim, tirou o anel que estava na mão dela e me deu". Para Rita, aquela pessoa é "mais um anjo", entre outros, na forma de mulher, que a ajudaram.

A principal delas foi a travesti Rogéria; morta em setembro de 2017. "Era 1971. Eu tinha cabelo preto ainda. Era uma menina. Rogéria foi quem inventou essa coisa aqui (aponta para si). A única coisa que sempre tive foi uma bunda".

Dona Florinda, a mulher de Chacrinha, diz, a tratava "como se fosse da família", e de vez em quando, rolava um almoço de domingo. "Ela perguntava se eu estava bem. Eu já tinha filho, era separada, e ela sempre queria saber se ele estava estudando", conta Rita. 

E ela tem inimigas? "Onde tem duas mulheres, tem rivalidade. Meu amor, eu brigo comigo mesma. Mas eu sou a minha principal rival". 

  • Gretchen

    A Gretchen tem um brilho. Adoro. Está aí que nem eu, com anos de estrada.

    Imagem: Ricardo Matsukawa/UOL
  • Anitta

    É inteligente. E se for ela mesma quem está traçando o próprio caminho, sem ninguém por trás, tiro o chapéu. É muito mais do que Rita Cadillac nos tempos de hoje.

    Imagem: Manuela Scarpa/Brazil News
  • Valesca Popozuda

    Mulher batalhadora, de suar, como eu. Mas ela não tem a visão da Anitta, porque veio primeiro que ela. Se tivesse o marketing da Anitta, estaria em primeiro lugar. Mas amo!

    Imagem: Reprodução/Ricardo Cardoso/UOL

Rita Cadillac: "quero ver chegar ao 'meia quatro' do jeito que estou"

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Estupro: pedia socorro

Uma das passagens mais tristes da vida de Rita aconteceu pelas mãos de uma pessoa que ela achava que a protegeria: o marido. Ela se casou aos 15 anos com o empresário César Coutinho, que era dez anos mais velho. Abandonada pela mãe ainda bebê, e criada pela avó paterna, que a colocou num colégio interno, Rita achava que o casamento lhe renderia uma vida com mais aconchego e até liberdade. 

Mas no dia em que se casou foi estuprada por ele. 

“Tomei vinho, não lembro de muita coisa. Foi um estupro porque não foi consentido. No dia seguinte, acordei com a minha avó preocupadíssima, porque disse que eu gritava à noite, pedindo socorro. Ela não foi me socorrer. Achou que estava tendo a lua de mel. Perguntou o que tinha acontecido e eu falei: 'Não sei'. Engravidei naquela noite. E nunca mais me relacionei com ele".

Ao ser perguntada sobre o que sente ao relembrar do acontecimento, Rita olha fixo para um canto vazio da sala, demora alguns segundos, e diz: "Foi ótimo. Me preparei para a vida". 

“Eu era uma menina, totalmente despreparada. O que aconteceu ali me preparou para algumas situações. (Meses mais tarde) Quando eu disse que ia embora, ele apontou uma arma para mim. Então, a vida me fez aprender como me defender”.

"Não quero ser comida por bichinhos"

Rita é dona de frases históricas. Uma delas é a de que gostaria de ser enterrada de bruços, porque com o bumbum escondido, ninguém a reconheceria. Hoje, ela não repete mais essa gracinha; mas, muito mais do que antes, reflete sobre a morte: 

"Não quero ser comida por bichinhos. Quero ser cremada, e que peguem as cinzas e me joguem em Nova York, se possível. Cinzas no Central Park... Eu amo a cidade. Quero virar adubo de um jardim, estar numa paisagem linda. Acredito muito numa outra vida. Sei que isso aqui é nada (diz, se tocando)".

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Peguem minhas cinzas e me joguem no Central Park

Rita Cadillac

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Rita de Cássia, não Cadillac

O segundo casamento de Rita foi com um vizinho e durou apenas dois anos. Ela diz que teve poucos namorados na vida, "pela agenda cheia, para preservar o filho (o empresário Carlos César, que tem 48 anos)", mas também, por causa de outra questão central: “As pessoas achavam que estavam namorando a Rita Cadillac. Tem que namorar a Rita de Cássia...". 

E do amor, afirma, conhece o melhor: “Já vivi um grande amor. Amei, fui amada, e até hoje sou amada por ele. Chama-se Mário Olinto Gonçalves de Castro, um dos meus primeiros namorados. Até hoje a gente se ama e se respeita muito. Nós nos separamos por causa da minha profissão: ele tinha ciúme".

A falta de tempo foi também a justificativa para Rita terminar, no último fim de semana, o namoro de quatro meses com o produtor cultural Rufis Junior, de 30 anos. Está sozinha. E ok. 

"Tomo muito banho e tá tudo certo. Não tenho essa necessidade de ter um homem ao meu lado. Gosto de estar rodeada, mas de amigos". 

Namoro na TV

Rita teve affair com três famosos. Só guarda recordações bonitas

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Pelé: um gentleman, maravilhoso

Aconteceu em 1971, quando ele jogava no Santos. Era um rapaz maravilhoso, um gentleman. Rogéria nos apresentou e fomos jantar num restaurante em Porto Rico. Aconteceu um namoro, um flerte de dois, três dias. Não me apaixonei.

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Wagner Montes: amei de paixão

Divertidíssimo. Namoramos um ano e pouco. Amei de paixão. Num show, tinha uma brincadeira que eu chamava alguém para dançar e ele se candidatou. Botei pra rebolar e, no final, se ajoelhou e pediu para deixá-lo fazer com que me apaixonasse por ele.

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Gonzaguinha: explode, coração

Imagine você sentada, no chão, com uma mesinha e uma garrafa de vinho, fumando, e a pessoa cantando na sua frente "Explode, Coração"? Lindo, né? Quer coisa melhor? Era um cara maravilhoso. E viramos amigos.

Aborto: respiremos fundo

O fato de ter engravidado por causa de uma violência sexual não fez com que Rita, ela diz, pensasse em tirar o bebê. Anos depois de ter sido mãe, ela engravidou de um namorado e conta ter perdido o bebê, em estágio bem inicial. Na entrevista, quando assunto aborto aparece, Rita respira fundo algumas vezes.

"Eu não fiz. Tive um espontâneo. Foi uma coisa que tinha nem um mês. Não tomei remédio nenhum. Não me machucou. Dormi grávida e acordei não grávida".

E é favorável a que mulheres possam abortar: "Sou a favor que você decida a sua vida e que possa fazer num local com cuidados sérios". 

Rita Cadillac sobre Anitta, Gretchen e Valesca

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Um olhar misterioso

Rita gargalha. Sua voz é potente. Olha fundo nos olhos da pessoa com quem conversa. E diz saber que tem "um olhar misterioso". Um amigo conta que ela "chora algumas vezes de solidão". Rita nega e garante não ter medo de ficar só. 

"Quero ver você chegar a 'meia quatro' bem resolvida e do jeito que eu estou. Quem acorda todo dia lindo? Você pode ter 20 anos, estar no frescor da beleza, e acordar como uma velha de 70. Tem dia que acordo um lixo. E tem dia que acordo bem".

"Eu sou 50% Rita de Cássia e 50% Rita Cadillac. A primeira metade é porque sou severa, chata, grossa e antipática. E a Rita Cadillac porque também sou simpática, sensual e não tenho mau humor. Sou geminiana. Somos duas em uma".

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Chacrinha: nada de assédio

Rita Cadillac repete, pelo menos quatro vezes, que Chacrinha era como um pai para ela. Conta que ele vigiava tanto as cerca de 20 bailarinas que trabalhavam em seu programa, que algumas terminavam os relacionamentos amorosos. Maridos, namorados e afins não podiam, segundo ela, "chegar perto do Teatro Fênix, no Rio de Janeiro, onde o programa era gravado".

“Brinco, dizendo que ele era pai de virgem, porque cuidava muito da gente. Se achasse que o cara não gostava de você, fazia uma campanha tão grande que a gente falava: 'É, realmente ele não presta'”. 

Mas ele tinha um motivo, na versão de Rita, para ter esse comportamento. "O sinônimo de pessoas que trabalhavam no meio artístico não era nada bom. Achavam que era garota de programa. E ele, para evitar essas coisas, tomava muito conta da gente. Nada que pudesse vir para o assédio. Eu nunca consideraria isso".

Rita foi garota de programa, por volta dos 17 anos. Ela diz que precisava dessa ocupação para sustentar a si e ao filho. "Cada um tem a liberdade de fazer o que bem entender na vida. Mas seja inteligente de guardar dinheiro. Não adianta nada fazer isso e só gastar com bobeira".

Ela estava em Florianópolis, com Bolinha, outro apresentador para quem trabalhou (e adora) fazendo um show, quando Chacrinha morreu, em 1988. Foi Bolinha quem deu a notícia. “O Chacrinha sempre me ensinou que o que acontece lá fora, a gente deixa lá fora e, no palco, faz de conta que não está acontecendo nada. Naquele dia, fiz o show pra ele”.

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(Sobre fazer programa) Seja inteligente de guardar dinheiro. Não adianta nada fazer isso e só gastar com bobeira.

Rita Cadillac

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Filme pornô: tema delicado

O tema "filme pornô" para Rita é indigesto. Antes da entrevista, seus assessores insistem que esse não seja o assunto principal da conversa. Ao falar do assunto, a palavra pornô sequer aparece na boca de Rita; apenas "filme adulto". E, por várias vezes, ela insiste que não se arrepende de tê-los feito e contemporiza alguns dos desdobramentos constrangedores desses trabalhos. 

Rita gravou cerca de 20 cenas pornográficas, que rodam em diversos filmes e que, por contrato, podem rodar em outros tantos e por tempo indeterminado. Ela diz que eles lhe renderam um custo emocional alto na hora da feitura -- "Bebia todas. Era o único jeito de fazer", mas que, com eles, conseguiu pagar contas e comprar um apartamento. Mas eles causaram outros ônus.

O ator Alexandre Frota, com quem gravou algumas das cenas, disse posteriormente que "tinha sido como transar com a avó". Rita abraça o golpe com elegância: "Acho que ficou ruim para ele. A mim, não disse nada". 

Outro ator, Marcos Oliver, a ignorou quando os dois, que também gravaram juntos, se encontraram no reality show "A Fazenda". De novo, Rita é fina: "É uma coisa que não mexe comigo. São pessoas que estavam relacionadas àquele ciclo, que já fechei. E é muito difícil você me machucar".

Fábio Porchat, o apresentador, numa "brincadeira" em seu programa, disse que Rita iria inaugurar a "Sarjeta da Fama", numa alusão à hollywoodiana Calçada da Fama. "Não gostei da brincadeira e fui embora do programa", relembra Rita. Dias depois, o apresentador se desculpou com ela. 

Sobre esse pedaço da vida, Rita reflete: "Eu nasci de uma mãe tuberculosa e pai com leucemia, e estou aqui, com uma saúde de ferro. Desde que fui gerada, apanhei e aprendi apanhar".

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Nudez e choro no teatro

Quando a coxia do teatro Jaraguá, na região Central de São Paulo, se abre, Rita Cadillac está completamente nua e de braços abertos. Ela estreou esse ano nos palcos, no espetáculo “Luz del Fuego”, codinome da vedete Dora Vivacqua, pioneira do nudismo na América Latina. Rita interpreta a fase decadente da artista. E conta que passou mal nos contatos iniciais com a história.

"É totalmente uma zona de desconforto. É um personagem completamente fora da realidade Rita Cadillac. Uma mulher que está em plena decadência, prestes a morrer, e ela sabe".

O trabalho novo, o salário e o desafio de produzir teatro são os impulsionadores de Rita para fazer a peça. Sobre as características que ela e Luz del Fuego têm em comum, é taxativa:

"Chegava em casa morta, chorando. Essa mulher era isso tudo e eu pensava 'não sou eu'". 

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Nasci de uma mãe tuberculosa e pai com leucemia, e estou aqui, com uma saúde de ferro. Desde que fui gerada apanhei e aprendi apanhar

Rita Cadillac

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