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Vítima de feminicídio no DF era ameaçada e sairia de casa no dia do crime

Veiguima Martins, de 56 anos - Reprodução/Facebook
Veiguima Martins, de 56 anos Imagem: Reprodução/Facebook

Mariana Gonzalez

Da Universa, em São Paulo

31/01/2019 15h08

Antes de ser esfaqueada e ter o corpo incendiado pelo marido, José Bandeira da Silva, de 80 anos, na quarta-feira (30), a aposentada Veiguima Martins, de 56, pretendia se separar. Segundo sua sobrinha, a técnica de enfermagem Josy Luiza, ela planejava deixar o apartamento dele na Asa Norte, em Brasília (DF), para viver na chácara do filho, em Planaltina (GO).

Quando os bombeiros chegaram ao local, por volta das 4h40, e encontraram os dois corpos sem vida, suspeitaram de um incêndio acidental. "Mas nós, da família, sabíamos que tinha sido um assassinato. Ele era agressivo, manipulador e já havia ameaçado matar minha tia e os os filhos dela se quisesse se separar", disse Josy, à Universa.

Segundo o delegado da Polícia Civil Laércio Rossetto, responsável pelas investigações, o caso foi classificado como feminicídio depois que a perícia constatou que a vítima foi ferida na região do tórax com cinco facadas.

Além disso, só o corpo dela foi encontrado carbonizado, enquanto ele tentou deixar o apartamento e acabou sofrendo uma parada cardiorrespiratória em decorrência da ingestão de fumaça -- o que indica, segundo o delegado, que o assassino teria ateado fogo no corpo da mulher para mascarar o crime.

Em março de 2018, Veiguima já havia prestado queixa contra o marido por violência doméstica, depois que ele a ameaçou com uma faca. Segundo a sobrinha, o episódio teria se repetido mais de uma vez durante o casamento, que durou dez anos. "Apesar da idade, ele chegou a bater nela algumas vezes e até ameaçou se jogar da janela". Para Rossetto, o histórico de agressões é mais um motivo que reforça a suspeita de feminicídio.

"Minha tia chegou a sair de casa e passar um tempo morando com a filha, mas ele ligava o tempo todo, fazia chantagem emocional e, como já tinha 80 anos e tinha a saúde delicada, dizia que estava muito doente e não havia quem cuidasse dele. Ela teve pena e voltou para casa", lembra.

Dias antes do crime, Veiguima começou a fazer as malas e levar alguns pertences para a nova casa, a 65 quilômetros de onde vivia com o marido. Na mesma semana, Bandeira teria cancelado uma cirurgia de alto risco que estava programada, segundo Josy.

"Acreditamos que o crime tenha sido premeditado e que ele tenha esperado ela dormir para atacá-la", defende a sobrinha. O delegado, no entanto, não confirma esta versão.

Após o reconhecimento oficial pela arcada dentária, já que o corpo foi totalmente carbonizado, a Polícia Civil encerrará o caso. Veiguima será enterrada na sexta-feira (1), às 16h, em Planaltina.

*Se você presenciar ou for vítima de violência doméstica, denuncie. Ligue para o 190 ou vá a uma unidade da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher). 

2 Comentários

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trentinors

quando eu era juiz a 10 anos atras e falei que a lei de violência domestica era um engodo que so produz papel e que na hora do aperto a mulher como sempre terá de ligar para a policia e rezar as feministas, que nunca estão apoiando as vitimas na sala de audiência, queriam me trucidar. Quantas ja morreram e quantas irão morrer acreditando que um pedaço de papel as salva. A unica proteção e a escolha do companheiro certo e separar no primeiro sinal de violência. Quem para ver e acha que uma ordem judicial vai evitar a morte vai pras estatisticas. .

Pascoal Souzza

Uma tristeza sem fim cada novo caso de feminicidio. Mais triste é saber que a tendência é aumentar pois, além do recrudescimento do machismo, temos grande parte de nossa sociedade que simplesmente ignora esse tipo de violência específica.


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