Mulheres entregam apitos para evitar violência sexual em transporte público
Quatro artistas de São Paulo estão distribuindo apitos para mulheres se defenderem de assédio em transportes públicos e na rua. O movimento #MexeuApitou começou no último sábado, dia 18, na Avenida Paulista, e, na ocasião, teve adesão de cerca de duzentas mulheres, segundo as organizadoras.
A atriz Mariana Rosinki, de 33 anos, é uma das idealizadoras do projeto Trintei Performers, responsável pelo movimento. À Universa, ela explica que a ação foi motivada pelos frequentes casos de violência sexual em ambientes públicos. “A maior parte das mulheres fica sem reação quando abordada de forma violenta por homens. É muito difícil se defender. Por isso, pensamos no apito. Ele chama a atenção de outras pessoas para o abuso e, muitas vezes, assusta o agressor”, explica.
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A próxima distribuição de apitos vai acontecer na saída do metrô Ana Rosa, amanhã, dia 25. “Na Paulista, em meia hora, nossos 250 apitos acabaram. Levamos pouco porque não sabíamos se as mulheres adeririam à causa; mas a a adesão foi gigantesca. E queremos aumentar”, diz Mariana.
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Durante a distribuição dos apitos, além de apresentar o projeto, as artistas convidam as mulheres a participarem de uma coreografia. “A dança nos une. No começo, muitas ficaram tímidas. Mas, aos poucos, foram se juntando a nós", diz Mariana, sobre a coreografia, que mistura movimentos sensuais, divertidos e de empoderamento.

Assediada seis vezes em duas horas
Enquanto caminhava por uma avenida na Zona Oeste de São Paulo, dias atrás, a coreógrafa Bia Freitas, de 31 anos, outra das organizadoras, foi seguida por um carro. Quando o farol fechou, o veículo atravessou a faixa e o motorista a convidou para dar uma volta. “Com raiva, minha única reação foi socar o carro. Ele me xingou e eu corri. Chorei, fiquei desesperada de medo. Entrei em uma loja e fiquei lá por um bom tempo”, conta Bia.
Com o apito, ela aposta que se sentiria mais segura. “No dia em que o carro me seguiu, eu já havia sido assediada seis vezes em duas horas na rua. A gente se sente invadida, é triste. Precisamos nos unir. Se uma colega apitar, as outras correm para ajudar”.
Bia já recebeu alguns posicionamentos positivos das mulheres que conheceu no domingo. "O apito está funcionando. Agora, queremos que o movimento ganhe peso e se torne uma rotina".
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