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Orgasmo indescritível: praticantes do sexo tântrico revelam experiências

Colaboração para o UOL

23/05/2017 04h00

Estabelecer uma conexão profunda com o par, aplicar técnicas de massagem que estimulam o corpo todo ou simplesmente desencanar do orgasmo – colocando o foco no processo e não no objetivo a ser alcançado – são alguns dos segredos dos praticantes para atingir vários orgasmos seguidos, com ondas de prazer que podem durar horas.

  • Multiorgasmos e ondas de prazer que podem durar horas

    Conheço a prática há mais de dez anos, já fiz três vezes o treinamento multiorgásmico para casais, em um centro especializado. No começo, a experiência foi difícil, pois o primeiro exercício é olhar no olho do parceiro e, nesse momento, muitos medos e ansiedades surgem. Mas, com o tempo, o sexo tântrico foi nos conectando mais e mais. A grande diferença entre a prática e o sexo tradicional é que você não tem o objetivo único de ejacular. O objetivo é conectar-se com a outra pessoa em um nível mais profundo. Isso permite que o casal tenha multiorgasmos e ondas de prazer que podem durar horas. Durante o sexo tântrico, sinto prazer quando sou tocada em várias partes e não apenas nos genitais e, no orgasmo, meu corpo todo vibra, porque está estimulado. É claro que não dá para fazer sempre, porque o ritual completo pode durar de três a cinco horas. Mas é possível aplicar algumas técnicas a cada vez que se faz amor, para ter uma experiência mais plena em todas as relações sexuais. (Renée Marie Adolphe, 42 anos, psicóloga)

  • Orgasmo é intenso e indescritível

    A proposta é explorar todas as possibilidades de prazer entre um casal, desde experiências olfato-gustativas (onde o cheiro tem um papel central), até a exploração do tato por toda a extensão do corpo, culminando com manobras genitais. Eu e minha mulher conhecemos a prática em um curso de massagem, em 2013. Depois, participamos de vários workshops em um centro especializado em tantra. Com isso, acabamos ressignificando várias práticas que a gente já conhecia, como a própria penetração. No sexo tântrico, o prazer é muito maior, como também é muito mais profunda a conexão e a sintonia que se estabelece entre o casal. É possível sentir a energia vibrando no corpo do seu parceiro. Para nós, o ponto alto do sexo tântrico é a penetração passiva, quando o homem fica sem se movimentar e a estimulação do pênis ocorre por meio dos movimentos involuntários dos anéis vaginais. Assim, o casal chega junto a um orgasmo intenso e indescritível. (Milson Filho, 48 anos, economista)

  • Há a percepção do corpo e dos sentidos

    O amor tântrico é diferente da experiência da sexualidade atrelada à fantasia e ao erotismo. Ele traz uma proposta de ampliação da percepção do corpo e dos sentidos, que torna a experimentação da intimidade entre o casal mais humana e muito mais satisfatória. Eu e meu marido começamos a estudar a prática em 2005 e ainda continuamos nosso processo de desenvolvimento, pois o tema é vasto. A principal diferença do sexo convencional para o tântrico é que, no segundo, não há pressa. Ambos os envolvidos não querem desesperadamente chegar a algum lugar, não querem acabar logo. Além disso, o que descobrimos em nossas pesquisas é que o orgasmo é um fenômeno que não está restrito ao pênis ou a vagina. No trabalho, há técnicas que despertam e expandem a bioeletricidade corporal, linkando todas as cadeias musculares ao reflexo orgástico. A experiência se torna mais intensa e duradoura, porque todo o corpo sente. É comum experimentar orgasmos de 20, 30, 50 minutos ou mais. (Patrícia Agra, 29 anos, terapeuta)

  • O orgasmo não fica restrito à vagina e clitóris

    Para mim, o sexo tântrico é um estado de presença. É uma prática que me conecta com a minha própria energia sexual. Minha primeira experiência com o tantra foi com a massagem, em 2015, e foi muito reveladora. Pude perceber o quanto de bloqueios havia em mim e o quanto eu podia me libertar e me empoderar por meio da minha energia sexual. Foi uma verdadeira explosão de sensações, que eu jamais imaginei que pudesse sentir. No sexo tântrico experimento todo o meu corpo de uma forma incrivelmente prazerosa, o orgasmo não fica restrito à região genital. No sexo tradicional, geralmente ocorre um ou dois picos de prazer e há uma baixa imediata da energia. No tantra, ocorrem diversos picos e a energia aumenta a cada pico atingido. Mas a questão da duração é relativa, tudo vai depender do grau de conexão e sintonia entre os parceiros. O que realmente importa é o estado de presença, que pode fazer um breve instante durar uma eternidade. (Roberta Oliveira, 33 anos, advogada)

  • É preciso muito treino

    Conheci a prática em um curso que fiz, em 2009. Comecei a testar no mesmo ano e posso garantir que ainda não consegui chegar a todas as possibilidades que ela oferece. Devo dizer, no entanto, que a minha primeira experiência foi um desastre. Minha mente ocidental e adaptada aos filmes eróticos e a modelos totalmente errados de sexo não me ajudou em nada nesse primeiro contato. Mas não desisti e continuei minha busca. Com isso, fui me desenvolvendo e, no processo, cheguei a praticar por nove horas. No sexo tântrico, um parceiro sente o outro em sua totalidade. Quando existe penetração, ela não tem aqueles movimentos que os homens estão acostumados, os movimentos são sempre muito leves e lentos. Aproveitamos todo o caminho, sem nos preocuparmos com o destino. No caso do homem, como não há ejaculação ligada ao orgasmo, é possível experimentar o prazer por muito mais tempo. No caso das mulheres, os orgasmos são mais longos e intensos porque não são apenas clitorianos. (Daniel Carletti, 38 anos, terapeuta)