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Harvard é processada por punir grupos do mesmo sexo

"Harvard eliminou esses espaços de empoderamento das mulheres, e fez isso sem a participação das alunas" - Reprodução
"Harvard eliminou esses espaços de empoderamento das mulheres, e fez isso sem a participação das alunas" Imagem: Reprodução

Patricia Hurtado e Janelle Lawrence

Da Bloomberg

04/12/2018 15h30

As sanções da Faculdade de Harvard contra clubes exclusivamente masculinos e outros clubes sociais para pessoas do mesmo sexo "punem" as organizações denominadas com letras gregas da instituição, especialmente as que são voltadas às mulheres, alega um grupo de irmandades e fraternidades em duas ações judiciais.

Os processos, apresentados na segunda-feira (3) nos tribunais federal e estadual em Massachusetts, afirmam que "Harvard empreendeu uma campanha agressiva de intimidação, ameaças e coerção contra todos os estudantes que participam de organizações para pessoas do mesmo sexo e que defendem a continuidade de sua existência", chegando a insinuar que um estudante que participe de um grupo assim poderia ser expulso".

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A faculdade fez "críticas contundentes" aos estudantes que participam dos clubes, de acordo com os queixosos.

As ações judiciais demonstram o desafio das faculdades que enfrentam fraternidades e irmandades poderosas, que há muito lutam nos tribunais para preservar suas posições privilegiadas no campus.

O Congresso dos EUA, que tem muitos membros que pertenciam a organizações denominadas com letras gregas, isentou especificamente esses grupos do Título IX, a lei federal que proíbe a discriminação de gênero em instituições educacionais.

De acordo com a ação, ao proibir organizações de pessoas do mesmo sexo no campus, Harvard "conseguiu de modo perverso" eliminar quase todas as organizações sociais de mulheres que anteriormente estavam disponíveis para estudantes do sexo feminino na instituição.

Quase todos os seus clubes sociais exclusivos para mulheres fecharam as portas ou renunciaram ao status de organizações sociais femininas e se tornaram mistos, afirmam os queixosos, entre os quais estão a fraternidade Sigma Alpha Epsilon e a irmandade Kappa Alpha Theta.

Os demandantes buscam que uma ordem judicial impeça Harvard de sancionar estudantes que participam de grupos de pessoas do mesmo sexo.

"Harvard eliminou esses espaços de empoderamento das mulheres, e fez isso de forma paternalista, sem a participação dessas mulheres e com a devastação das organizações delas", disse Laura Doerre, ex-presidente internacional da Kappa Alpha Theta, em uma entrevista coletiva na segunda-feira. A irmandade tem sede em Indianápolis e conta com 171 comitês.

"Essas organizações tiveram que renunciar a seu orgulho de ser organizações femininas ou ceder e passar a admitir homens", o que "perturba a própria missão de nossos grupos e pisa nos direitos dos estudantes à liberdade de associação", disse Doerre.

Rachael Dane, uma porta-voz de Harvard, não fez comentários imediatos sobre as queixas, que alegam discriminação e violações da lei federal de direitos civis com base no sexo em um programa de educação.

A ação surge em um momento em que Harvard se defende de outro processo que alega que a instituição discrimina os candidatos asiático-americanos, um caso que poderia chegar à Suprema Corte dos EUA.