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Cardeal George Pell, nº 3 do Vaticano, será julgado por abuso sexual

O cardeal australiano George Pell - Alessandro Bianchi/Reuters
O cardeal australiano George Pell Imagem: Alessandro Bianchi/Reuters

01/05/2018 15h59

O tribunal de Melbourne, na Austrália, decidiu nesta terça-feira, 1º, que o cardeal australiano George Pell, prefeito da Secretaria de Economia do Vaticano, será julgado por abuso sexual.

A juíza Belinda Wallington rejeitou algumas das alegações que foram ouvidas na audiência preliminar, mas decidiu que ainda existem elementos fortes o suficiente para justificar o julgamento do cardeal.

No tribunal, o mais alto representante da Santa Sé da história a responder por um crime de abuso sexual, se declarou inocente. Em nota publicada no site da diocese de Sidney, Pell, de 76 anos, afirma que "sempre colaborou com a polícia de Vitória e reiterou constantemente sua inocência", justamente, por isso, "voltou voluntariamente para a Austrália para se defender contra essas acusações", sendo que metade já prescreveram.

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Nesta manhã, o Vaticano confirmou ter recebido a decisão da Justiça e ressaltou que o período de licença concedido pelo papa Francisco ao cardeal ainda está vigente. "A Santa Sé toma nota da decisão emitida pela autoridade judicial na Austrália a respeito de sua eminência, o cardeal George Pell", diz o comunicado divulgado pelo porta-voz da Santa Sé, Greg Burke.

O texto ainda acrescenta que "no ano passado, o líder da Igreja Católica concedeu a Pell um período de licença para se defender das acusações e esta disposição permanece válida".

George Pell foi arcebispo de Melbourne entre 1996 e 2011 e, em 2014, tornou-se arcebispo de Sidney. Logo depois, o religioso foi chamado por Francisco para administrar as finanças da Igreja.

Entenda o caso

Considerado um dos homens mais poderosos da Cúria Romana e um dos principais conselheiros do Papa, principalmente em matéria financeira, Pell é acusado pela Polícia do Estado de Vitória, na Austrália, de crimes sexuais supostamente cometidos na década de 1970, quando ele era padre no país.

Ao longo dos últimos anos, o religioso foi interrogado em diversas ocasiões pela Polícia australiana, que investigava denúncias de que Pell agira para proteger padres pedófilos entre as décadas de 1970 e 1980, quando ocupava postos de destaque nas dioceses de Melbourne e Ballarat.

Nas últimas semanas, uma comissão foi responsável por ouvir diversos testemunhos das vítimas da violência. No entanto, Pell nega qualquer envolvimento em delitos do tipo.