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Perfis de negros são descartados na hora de alugar apartamento na França

Getty Images
Imagem: Getty Images

Da RFI

07/05/2019 14h32

Relatório divulgado nesta terça-feira (7) pela Ong francesa SOS Racismo demonstra que 51% das agências imobiliárias aceitam práticas discriminatórias contra inquilinos originários de países do norte da África ou da região subsaariana. Ainda segundo a denúncia, os perfis preferidos das agências imobiliárias seriam os "franceses de origem antiga" e os asiáticos.

Quem mora ou já morou em Paris sabe: encontrar um lugar para alugar (ou mesmo comprar) na capital francesa é uma das tarefas mais difíceis para um estrangeiro. O processo costuma durar meses, entre "colocações", como é chamado o compartilhamento de apartamentos com desconhecidos, dezenas de dossiês entregues às imobiliárias e a necessidade de comprovar renda fixa e fiadores.

A este contexto, o relatório da Ong francesa SOS Racismo acrescenta mais uma dificuldade: pessoas de origem norte-africana ou da África Subsaariana têm apenas "uma chance entre duas", em comparação com uma pessoa de origem "francesa antiga", para conseguir moradia, resume a associação. A entidade mediu o nível de retornos positivos (propostas de visitas, pedidos de documentos adicionais) às suas respostas aos anúncios postados por proprietários em sites imobiliários conhecidos dos franceses, como o Le Bon Coin e o PAP.fr.

De acordo com o teste, os perfis de "origem francesa antiga", critério obtido a partir dos sobrenomes dos supostos candidatos, obtiveram o maior número de retornos positivos (48%), seguidos de perto por pessoas de origem asiática (46%). Por outro lado, a taxa de resposta despenca bruscamente para os perfis do Magreb (15%) e subsaarianos (12%), acrescentou a SOS Racismo, que realizou 250 testes desde outubro de 2018.

O teste dos "proprietários fictícios"

Além disso, ativistas da Ong telefonaram para cerca de 90 agências imobiliárias da capital francesa, fingindo serem proprietários fictícios, desejando selecionar perfis de inquilinos, dispensando os chamados perfis "árabes" ou "negros", a fim de evitar "problemas de vizinhança".

Embora mais da metade dos estabelecimentos tenha se lembrado de que a lei francesa proíbe (e pune) todas as formas de discriminação, "51% aceitaram práticas discriminatórias", 27% "concordam em fazer essa seleção" e 24% "deixaram o proprietário fazer isso por conta própria", adiciona SOS Racismo.