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Jogar muito videogame altera área do cérebro ligada à recompensa

Pesquisadores analisaram ressonâncias magnéticas de mais de 150 jovens de 14 anos  - Thinkstock
Pesquisadores analisaram ressonâncias magnéticas de mais de 150 jovens de 14 anos Imagem: Thinkstock

Por Kate Kelland

15/11/2011 17h09

Londres - Adolescentes que passam muito tempo jogando videogames têm estruturas e níveis de atividade diferentes em áreas do cérebro ligadas à recompensa, descobriram cientistas, dando a entender que eles extraem mais dos jogos do que pessoas que tendem a jogar menos.

Em um estudo publicado no periódico Translational Psychiatry nesta terça-feira, pesquisadores analisaram ressonâncias magnéticas de mais de 150 jovens de 14 anos que jogam videogame moderada ou intensamente, e descobriram que os jogadores frequentes possuem um volume maior de matéria cinzenta em uma parte crucial de seus cérebros.

Estudos anteriores haviam mostrado um elo entre o estriado ventral ligado à dopamina, uma estrutura do sistema de recompensa do cérebro, e os jogos de videogame ou apostas no computador, mas este é o primeiro a verificar volume e estrutura cerebral.

"Estes achados demonstram que o estriado ventral desempenha um papel significativo no ato de jogar videogame em excesso e contribui para nossa compreensão do vício comportamental", escreveram Simone Kuehn, da Universidade Ghent da Bélgica, e Juergen Gallinat, da Universidade Charite de Medicina da Alemanha, em seu estudo.

Os videogames se tornaram imensamente populares nos últimos anos, em particular entre adolescentes. O uso semanal médio neste experimento foi de cerca de 12 horas por semana.

Há um debate em andamento entre os médicos e pesquisadores sobre se o uso excessivo de videogames deve ser reconhecido como um vício e visto como forma de desordem mental.

Os pesquisadores alemães descobriram que os usuários intensos exibem diferenças estruturais em seus cérebros em comparação ao que jogam pouco, mas não foram capazes de dizer se isto foi causado pela ânsia de jogar ou por uma mudança ocorrida em decorrência de seu hábito.

Henrietta Bowden- Jones, da divisão de neurociência do Imperial College de Londres, disse que as descobertas são altamente relevantes para os clínicos porque "estreitam ainda mais o fosso" entre o videogame e outros vícios, dando aos especialistas uma compreensão melhor das opções de tratamento de longo prazo.

"O próximo e empolgante passo será determinar, assim como com outros vícios, se as diferenças volumétricas são uma causa do comportamente humano excessivo", disse ela.