Topo

Alta-Costura: Galliano homenageia Christian Dior em seu centenário

A top model Linda Evangelista desfila a alta-costura de Galliano, diretor criativo da Christian Dior - Reuters
A top model Linda Evangelista desfila a alta-costura de Galliano, diretor criativo da Christian Dior
Imagem: Reuters

06/07/2005 20h30

Por Anna Willard

PARIS (Reuters) - O estilista John Galliano fez uma homenagem à vida do colega francês Christian Dior, em seu centenário de nascimento, num desfile que destacou o esforço dos trabalhadores que passam horas cosendo detalhes nos vestidos de alta-costura.

O estilista britânico escolheu corseletes em tecido cor de pele, debaixo de tule de cores brilhantes, para realçar o trabalho de bordado e contas das chamadas "petites mains" (pequenas mãos) cujo futuro é incerto no setor da alta-costura, que passa por tempos difíceis.

Hoje em dia são poucas as mulheres que têm condições financeiras de adquirir uma das criações feitas sob medida e que costumam custar mais de 10 mil dólares cada. Geralmente, cada modelo exige centenas de horas de trabalho.

No passado, as maisons de alta-costura parisienses forneciam guarda-roupas inteiros a princesas e estrelas de cinema.

A coleção de alta-costura para o outono-inverno de 2005 de Galliano para a Christian Dior, que pertence à LVMH, foi exibida num elegante clube de pólo parisiense e remeteu àquela época.

Os convidados, entre os quais a cantora Christina Aguilera, se espantaram quando as primeiras modelos saíram de uma carruagem real, puxada por cavalos, num pátio interno que lembra o jardim da casa onde Christian Dior passou sua infância na Normandia, norte da França, onde nasceu em 1905.

A dançarina burlesca Dita von Teese, companheira do roqueiro Marilyn Manson, disse à Reuters: "Achei a coisa mais linda que já vi na vida. Adorei todas as formas".

Galliano fez os presentes percorrerem todas as fases da vida de Dior, através de 43 criações que começaram com vestidos em tons austeros de cinza usados com chapéus enormes, num segmento intitulado "a mãe de Dior".

Uma modelo trajada como a princesa britânica Margaret usava um vestido de tule cru bordado com fitas, com periquitos tridimensionais num corpete cor da pele, num segmento sobre as criações que Dior desenhou para debutantes da alta sociedade.

Um segmento dedicado a criações feitas para estrelas de Hollywood do passado, como Ginger Rogers, trouxe sete modelos, incluindo um vestido de tule amarelo com bordados turquesa. Um vestido de tule verde com bordados multicoloridos em lã, que segundo Galliano foi inspirado num quadro de Degas, fez sucesso especial com o público.

A alta-costura é vista como o motor da moda, algo que desenvolve estilos e técnicas que mantêm a indústria avançando. Muitas pessoas assistem aos desfiles em busca justamente de inspiração.

Com um número cada vez menor de compradores, apenas as marcas principais, como a Christian Dior e a Chanel, ainda têm condições de promover os desfiles de alta-costura, que custam milhões de dólares e servem principalmente para promover seus acessórios e perfumes feitos para a população em geral.

As previsões sobre a morte da alta-costura circulam desde que o legendário estilista Yves Saint-Laurent se aposentou, em 2002. Mas a França reluta em deixar de apoiar uma indústria que vê como vital para sua cultura. Em lugar disso, abrandou as normas para a produção da alta-costura, que estipulam o número de profissionais exigidos para cada oficina.

O ministro da Cultura francês, Renaud Donnedieu de Vabres, disse: "É uma grande tradição francesa e espero que dure o máximo possível".