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Corpo é lugar de protesto: empresas estão apostando na tatuagem temporária

Keity, em Brasília, aderiu aos adesivos para o corpo - Divulgação/ Conspiração Libertina
Keity, em Brasília, aderiu aos adesivos para o corpo Imagem: Divulgação/ Conspiração Libertina

Willian Novaes

Colaboração para Universa

14/06/2019 04h00

As ruas voltaram a lotar de manifestantes no último mês, seja a favor ou contra o governo Bolsonaro.

Há quem leve cartazes e faixas, mas também há quem escolha estampar o que acredita na própria pele. Se antes as mensagens eram feitas com batom ou lápis de olhos, hoje tatuagens temporárias com mensagens feministas caíram no gosto de quem vai às ruas. Os recados são atuais: "não é não", "girl power" entre outras.

A moda começou há alguns carnavais, mas as marcas continuaram a investir em modelos e perceberam que têm público para isso em casamentos, aniversários, despedidas de solteiro, eventos de marcas e as manifestações. As empresárias todas concordam que não é mais possível admitir os preconceitos contra as mulheres e a banalização da violência sexual de forma calada. Nesse caso, algumas palavras escritas valem mais que mil palavras.

Ana Paula - Divulgação/ Conspiração Libertina - Divulgação/ Conspiração Libertina
Ana Clara, na manifestação com suas tattos: até no rosto
Imagem: Divulgação/ Conspiração Libertina

Gabriela Alves, uma das fundadoras da Conspiração Libertina, loja virtual que tem sede em Brasília, diz que a tática é usada para espalhar o feminismo e suas causas, como o racismo contra a mulher negra. "A pele é um manifesto e esse é um ativismo que literalmente cola. Isso de levar para o cotidiano a nossa ideia de um mundo melhor é demais", contou Gabriela, que tem uma jornada tripla desde que abriu o e-commerce, em 2015: exerce a função de designer, administra o site de vendas e ainda é uma ativista política.

A estudante Ana Clara Silva de Souza, de 18 anos, cursa Serviços Sociais, na Universidade de Brasília (UNB), e participou animada da manifestação no dia 30 de maio, contra os cortes anunciados pelo Governo Federal na educação. Ela utilizou as tattoos pela primeira vez. Já a estagiária de administração de empresas, Keity Isabela, de 31 anos, também de Brasília, disse que achou os adereços temporários bonitos e usou.

Cristiane Leite - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Cristiane Leite aplicando a tattoo
Imagem: Arquivo Pessoal

A professora mineira Cristiane Leite, de 32 anos, aderiu no último carnaval ao modismo. Como tem pavor de dor, não tem nenhuma tatuagem de verdade no corpo e usou "Lute como uma mulher" nos dias de folia. "Foi fácil que fiz e ainda consegui usar o meu corpo como um local de protesto", disse.

Ela comprou o adesivo da loja virtual mineira Minka Camisetas Feministas, marca que trabalha apenas com produtos com mensagens feministas e de empoderamento feminino. "As tatuagens temporárias vieram quando percebemos que muitas mulheres querem estampar sua luta na pele", explica a empresária Yasmin Silveira.

A marca paulista Grude Tattoo lançou para o carnaval de 2017, apenas a tatuagem Girl Power. Para esse ano, a proprietária Heloisa Risi desenvolveu mais opções, como "não é não" e "O que disse machista?".

"O movimento cresceu muito e passamos a vender para diversas ocasiões como festa de casamento, de formatura e manifestações", contou.

Os adesivos custam a partir de R$ 3 e são removidos com água e sabão.