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Mães revelam truques de maternidade que não aprenderam em livros e vídeos

Claudia Dias

Colaboração para Universa

10/06/2019 04h00

Se há uma situação que todas as mães, obrigatoriamente, se acostumam a lidar é com o monte de pitacos que surgem de todos os lados. Amigos, família e até estranhos na rua se vêem no direito de aconselhar as mulheres.

A maioria dessas opiniões é bem desnecessária, mas algumas se revelam extremamente úteis, sobretudo porque não costumam aparecer em livros e vídeos no YouTube.

Conversamos com várias mulheres, que compartilham os truques que aprenderam e foram uma mão-na-roda durante a maternidade. De quebra, pedimos a especialistas que validassem as indicações.

Mamadeira prática

Julia Correia, mãe de dois, aprendeu com uma amiga a jamais esquentar a mamadeira - leite em pó mais água. "Desse jeito, o bebê não acostuma com o leite morno e você pode prepará-lo em qualquer lugar e servir em temperatura ambiente, já que nem sempre vai ter micro-ondas ou fogão à disposição", diz.

Palavra de especialista: "Não tem problema preparar o leite em pó com água em temperatura ambiente para bebê. É questão de acostumar a criança mesmo, que não vai querer leite quente quando estiver na rua" - Karina Tafner, ginecologista e obstetra.

Leite materno para rachadura

Mãe de um, Semira Nascimento estava sofrendo há mais de mês com as rachaduras do peito. "Uma amiga me disse que, após o banho, eu deveria tirar um pouco do meu leite, passar no bico do peito e secar com o secador. Em dois dia resolveu. Essa técnica foi milagrosa", acredita.

Palavra de especialista: "Não é que o leite, especificamente, cicatriza a rachadura da mama, mas se o bico do peito estiver sempre úmido, hidratado, a rachadura vai melhorar. Também pode-se usar pomada de lanolina, mais comum, que ajuda na cicatrização e mantém a umidificação do local. Pode, ainda, deixar leite em volta - inclusive o uso de conchas de silicone, que coletam o leite e ficam embaixo do sutiã, pode ser bem útil, porque as mamas ficam mais umedecidas pela hidratação local" - Karina Tafner, ginecologista e obstetra.

Top para sustentar seios

Os peitos flácidos, somados ao mamilos invertidos, significavam dor de cabeça para Adele Grandis, mãe de dois. "Tinha muita flacidez e o sutiã de amamentação não era suficiente. Peguei um top de academia e, na altura do mamilo, fiz um corte para puxar só a auréola do peito na hora de amamentar. Usava embaixo do sutiã e ajudava na sustentação. É barato e eficaz! Depois, cubro o buraco com absorvente de mama e ficamos muito bem", defende.

Palavra de especialista: "Qualquer sustentação de seio é necessária nessa época da amamentação. Aliás, seios grandes precisam de sustentação em toda vida. Mulheres que não usam sustentação podem ter dor mamária" - Karina Tafner, ginecologista e obstetra.

Baldinho de praia salvador

Quando um dos filhos grandinhos fica doente, Julia Correia mantém um baldinho de praia com saco de lixo ao lado da cama da criança, caso ela esteja apresentando vômitos. "Facilita porque eles geralmente não sabem controlar a situação e acabam vomitando na casa toda, antes de chegarem no banheiro", explica.

Palavra de especialista: "Parece interessante quando pensamos em crianças em fase escolar. No caso de pré-escolares, é preferível evitar o balde e saco plástico, pois são objetos não fenestrados e, ao alcance de crianças, podem se tornar parte de uma brincadeira. No caso do saco plástico, oferece alto risco de sufocamento e o balde, se utilizado com água, tem risco de afogamento" - Milena Catani, pediatra neonatologista.

Palmilha para medir tênis

Para evitar as provas sucessivas, que poderiam cansar ou até machucar a filha, Luciana Hidalgo adotou o truque de sempre tirar a palmilha dos tênis e compará-la com o pé da menina. "Se batia o tamanho, o calçado servia. Era como se estivesse vendo-a calçar o sapato", comenta.

Palavra de especialista: "Em casa, é preciso fazer o teste da prova do tênis para evitar bolhas e desconforto na pisada. Se for o caso, considerar a troca do calçado" - Milena Catani, pediatra neonatologista.

Piscina inflável versátil

Um dos melhores investimentos de Elisandreia Rodrigues, mãe de um, foi comprar uma piscininha inflável. Quando viajava, a peça se transformava em banheira nos hotéis em que a família se hospedava. Também virava "moisés": "Colocava um travesseiro baixo servindo de colchão, depois o lençol de baixo, o travesseiro e a coberta. É um excelente custo-benefício", opina.

Palavra de especialista: "A ideia parece interessante, mas precisamos ter sempre em mente a segurança da criança, acima de tudo. Até os 6 meses de idade, não se deve colocar travesseiros e objetos próximos ao rosto do bebê por risco de sufocamento - a orientação para bebês pequenos é berço livre. O uso da piscina inflável como banheira deve estar sempre supervisionado por um adulto. O item deve ser sempre esvaziado em seguida e guardado longe do alcance de crianças maiores, a fim de evitar afogamentos (pequenas quantidades de água são suficientes para um acidente) e risco de sufocamento, já que o plástico é material não fenestrado e maleável" - Milena Catani, pediatra neonatologista.

Chá para limpar bumbum

Mayara Neves, mãe de dois, recebeu em um grupo de mães a dica que considera ótima: para limpar o bumbum assado do bebê, a melhor alternativa é usar algodão embebido em chá de camomila. "Ajuda muito a cuidar da pele", relata.

Palavra de especialista: "A camomila tem propriedades calmantes e é utilizada em assaduras e queimaduras de pele, com compressas mais frias para alívio do ardor. Mas atenção: a persistência de uma assadura pode ser causada por manutenção de umidade no local e presença de fungo chamado cândida. A melhor opção é sempre a prevenção. Como fungos se proliferam em local quente e úmido, a demora na troca das fraldas de urina e fezes é prato cheio para seu crescimento. Neste caso, o chá de camomila não vai resolver. É necessário avaliação do pediatra e tratamento com antifúngico específico" - Milena Catani, pediatra neonatologista.

Almofadinha morna para cólicas

Quando o filho único de Maria Theresa Castilho Giocondo tinha cólicas, ainda pequenino, ela recorria ao truque que aprendeu com conhecidos: "Fiz uma almofadinha com alpiste e a colocava no micro-ondas para aquecer, coisa de um minuto. Deixava amornar e colocava sobre a barriguinha. Como era quentinho, ajudava bastante", detalha.

Palavra de especialista: "Qualquer coisa quentinha em cima da barriguinha ajuda a aliviar a cólica, tanto de criança, como de mulheres com cólica menstrual. Não precisa ser só uma bolsinha com alpiste. Pode ser uma bolsinha com água quente, por exemplo. Mas não há comprovação científica; é uma observação ao longo dos anos, que a gente sabe que é válida" - Karina Tafner, ginecologista e obstetra.

Água antes da amamentação

Sandra Paton, dois filhos, bebia muita água durante o dia, pensando na amamentação. Porém, era regra tomar um copo bem cheio do líquido, imediatamente antes de se sentar para alimentar os filhos. "Isso ajudava na hidratação e na produção do leite", lembra.

Palavra de especialista: Mulher que está amamentando precisa tomar muita água, o dia inteiro, para ficar bastante hidratada. Uma mulher bem hidratada e bem nutrida, se não tiver nenhum problema, consequentemente terá uma boa produção de leite" - Karina Tafner, ginecologista e obstetra.

Cebola contra tosse

Chá de cebola é dica constante para curar tosse até de adultos, mas Mayara Neves segue adotando o truque que aprendeu: ela coloca uma cebola cortada na cabeceira do bebê ou criança que está tossindo. "O quarto fica uma nhaca, mas vale a pena", brinca.

Palavra de especialista: "Não vejo contraindicação absoluta; podemos dizer que não existem trabalhos científicos que comprovem a eficácia ou o prejuízo. A observação mostra que a cebola parece ter propriedades anti-inflamatória e expectorante - pode ser que promova o alívio momentâneo da tosse. De qualquer forma, a sugestão é deixar a cebola cortada distante do rosto da criança, a fim de evitar qualquer desconforto ou reação adversa. Em nenhuma hipótese, deve se recorrer à inalação com ervas, visto que podem irritar as vias respiratórias e piorar o quadro" - Milena Catani, pediatra neonatologista.

Olho no olho

A maior dica que Renata Rode, mãe de uma, recebeu foi do pediatra, minimizando o receio que ela tinha de viajar quando a filha era bebê. "Ele disse que, se acontecesse algo ruim ou situação de perigo, era preciso fazer conexão no olhar com o filho e passar segurança mesmo que eu me sentisse fragilizada. Já precisei fazer isso em uma situação grave e usarei no resto da minha vida", anuncia.

Palavra de especialista: "A dica parece interessante para gerar centramento do cuidador (a mãe, em questão) que em momento de crise pode apresentar descompensação emocional e se desvirtuar da resolução de uma situação de risco apresentada. Além disso, o contato olho no olho pode transmitir segurança para a criança, deixando-a mais confortável e, também, contida" - Milena Catani, pediatra neonatologista.