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Vivi Guedes tem milhões de seguidores na novela, mas dá para ser como ela?

Vivi Guedes, a influencer da novela: milhares de seguidores - Reprodução
Vivi Guedes, a influencer da novela: milhares de seguidores Imagem: Reprodução

Elisa Soupin

Colaboração para Universa

06/06/2019 04h00

A arte volta e meia imita a vida, e, assim, a Jo (Agatha Moreira) chegou à novela das nove, A Dona do Pedaço, com um sonho bem real e atual: ser uma influenciadora digital e ter milhares (ou milhões) de seguidores. Na história, ela se inspira em Vivi Guedes (Paolla Oliveira), uma celebridade fashion com mais de 13 milhões de seguidores.

Para decolar sua carreira de influencer, ela contrata Kim (Monica Iozzi), assessora e agente, que passa a orientar mudanças de comportamento e estilo para Jo. Fora das telinhas, profissionais como Kim também existem. Mas se em "A Dona..." a trama diverte, na realidade fica a pergunta: existe passo a passo para fazer sucesso nas redes? Vale a pena construir um estilo e vender uma personalidade para bombar?

Sem fórmula pronta

Na novela, Kim garante a Jo milhões de seguidores em pouquíssimo tempo desde que a cliente siga seus ensinamentos. Por exemplo, comer muito em público "não é chique" e, então, Jo deve comer em casa depois ou antes de sair para almoçar. A personagem também precisa comprar um guarda-roupa totalmente novo para fazer fotos. Mas, na realidade, mudar tantas coisas e investir uma grana alta não oferece garantias de sucesso. Há quem acredite, inclusive, que tentar parecer o que não é para bombar renda o resultado oposto.

Jô, a dona do pedaço - Divulgação/ TV Globo/ João Miguel Júnior - Divulgação/ TV Globo/ João Miguel Júnior
Jô quer ser influencer a qualquer preço
Imagem: Divulgação/ TV Globo/ João Miguel Júnior

"Já vi casos de pessoas que contratam serviços, gastam muito mensalmente por uma consultoria para tentar bombar e acaba não dando certo. A pessoa se molda tanto que não deixa transparecer a personalidade e o jeito dela mesmo. E isso é percebido por quem está do outro lado da tela. Acaba não havendo identificação", explica Amanda Britto, coordenadora do Curso de Marketing Digital do Instituto Europeu de Design e ex-professora de Fashion New Media na Pratt Institute, em Nova York.

Dizer "seja você mesmo" seria clichê, até porque quase ninguém é 100% o que é nas redes sociais. O caso, aqui, estaria mais para diagnosticar as potências e trabalhá-las. Qual aspecto da minha vida acho que é bacana? O que tenho para mostrar? Pode ser o estilo, o humor, a habilidade manual ou na cozinha, a arte, a forma de decorar a casa... A partir daí, de uma premissa real, desenvolver um perfil nas redes pode ser um caminho mais interessante. Claro, entender o algoritmo, observar comportamentos e métricas do app também conta bastante.

"É um pouco parecido com o caso da Loja 3. Quando você cria uma ideia que deseja passar, mas que, na verdade, não tem a ver com o que você é, isso não se sustenta e uma hora essa imagem cai por terra. Não existe uma fórmula para ter sucesso. É um conjunto de fatores que faz uma pessoa crescer nas redes sociais. A proposta ser "coma assim, fale assado, vista isso" já mostra que é uma tentativa de montar essa pessoa. E, quando não é natural, uma hora cai, como o caso da instagramer vegana que apareceu comendo peixe e foi desmascarada, o que gerou muita revolta na internet", explica a professora.

Seguidor não enche barriga

A especialista explica que a lógica do Instagram vai além do que apenas os números de seguidores e as visualizações de stories. Mais do que números absolutos, há marcas que estudam também o engajamento, ou seja, a interação, o quanto as pessoas curtem, compartilham e são, de fato, influenciadas (levadas a comprar ou consumir) por aquele conteúdo.

Kim, a dona do pedaço - Divulgação/ TV Globo/ João Cotta - Divulgação/ TV Globo/ João Cotta
Kim ajuda mulheres a se tornarem influencers
Imagem: Divulgação/ TV Globo/ João Cotta

"Até porque é possível comprar seguidor e até visualização nos stories. Existem milhões de tipos de influenciadores. Ultimamente, tenho visto muito a questão dos nicho-influenciadores, que falam para um determinado grupo sobre um assunto específico (seja sobre gastronomia, decoração, moda, maquiagem, carro, autoestima, humor e outros).

Essas abordam uma determinada temática ou são conhecidas pela personalidade, e, quando você vai ver, elas tem um engajamento muito maior e influenciam muito mais seguidores do que esses perfis de milhares e milhões. Então, é muito complexo. Acho que, hoje em dia, os perfis de nicho têm muito mais chance de crescer do que essa coisa padronizada, como é o trabalho oferecido para a personagem", aposta a especialista.

Como se diz nas redes, #ficaadica para a Jo da novela e as da vida real.