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"Engravidei aos 59 para realizar sonho do meu marido 22 anos mais jovem"

Ela e o marido fizeram uma fertilização in vitro e deram à luz Maria Teresa - Arquivo Pessoal
Ela e o marido fizeram uma fertilização in vitro e deram à luz Maria Teresa Imagem: Arquivo Pessoal

Bárbara Therrie

Colaboração para Universa

23/05/2019 04h00

A assistente social Hildeneide Lima, 61, já tinha três filhas adultas quando resolveu engravidar aos 59 anos de idade para realizar o sonho do marido, Eduardo Arruda, 38, de ser pai. "Nós tínhamos um relacionamento de confiança e respeito. Eu o amava demais e queria dar um filho a ele". Eles fizeram uma fertilização in vitro, e ela deu à luz Maria Teresa. Conheça a história do casal:

"Eu já estava separada havia dez anos e já tinha três filhas, uma de 27, outra de 25 e a caçula de 22, quando conheci o meu atual marido, o Eduardo. Nosso primeiro contato foi em 2006, no Detran, nossos olhares se cruzaram, conversamos um pouco e ele pediu o meu telefone. No dia seguinte, 8 de março, ele me ligou para me parabenizar pelo Dia Internacional da Mulher, marcamos um encontro e, desde então, entre idas e vindas, estamos juntos há 13 anos --e casados desde 2013.

Na época, eu tinha 48 anos e ele 26. No início, fiquei com receio de me envolver pela diferença de idade, que é de 22 anos, e pelo preconceito. Alguns amigos dele comentaram que eu era bem mais velha e não poderia dar um filho a ele. Era a primeira vez que eu namorava um homem mais jovem.

Apesar da desconfiança de algumas pessoas, eu sempre tive a intuição de que teríamos um filho juntos. Eu notava que ele era apegado a crianças, gostava de brincar com as minhas netas. Nós conversávamos sobre o assunto, eu perguntava o que ele achava de ter um bebê. Os olhos dele brilhavam. Ele dizia que o sonho dele era ser pai e que seria bom, mas ele achava que não daria certo por causa da minha idade. Ele tinha medo de eu ter alguma complicação na saúde. Ele falava que, depois de nos curtirmos bastante, nós poderíamos adotar.

gravidez - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Eu me sentia fisicamente capaz de gestar um bebê

Eu me sentia realizada como mãe com as minhas três filhas, mas também tinha o desejo de ficar grávida dele e completar a nossa família. Nós tínhamos um relacionamento de confiança e respeito. Eu o amava demais e queria dar um filho a ele. Tomei a decisão de que tentaria engravidar para realizar o sonho dele de ser pai. Eu manifestei a minha vontade à minha ginecologista e ela me orientou a procurar um especialista em reprodução humana.

Passei em uma consulta com o médico acompanhada da minha filha do meio, a Lorenna, e não falei nada para o Eduardo. Relatei a minha história ao médico e perguntei se seria possível engravidar aos 59 anos. Eu disse que me sentia fisicamente capaz de gestar um bebê.

Tinha uma vida ativa, trabalhava, praticava corrida, musculação e me alimentava de forma saudável. Ele me pediu uma bateria de exames e, após o resultado, me liberou para fazer o tratamento. Comecei a tomar hormônio e voltei a menstruar.

Contei a novidade ao meu marido, ele ficou feliz, mas foi cauteloso. Disse que faríamos essa tentativa, mas, que se não desse certo, não queria que sofrêssemos. Já tínhamos visto muitos casais que tentaram por anos, não conseguiram e isso gerou um desgaste no casamento.

No final de agosto de 2017, fizemos a fertilização in vitro com a implantação de dois embriões. Duas semanas depois, recebemos a confirmação de que eu estava grávida de gêmeos, mas, no segundo mês, um dos embriões não se desenvolveu e eu perdi um dos bebês.

Eu e minha filha mais nova ficamos grávidas na mesma época

ela e a filha - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Hildeneide e Natasha com as filhas
Imagem: Arquivo Pessoal

Nessa mesma época, a minha filha mais nova, a Natasha, que é pediatra, descobriu que estava grávida. Eu tinha 59 e ela 34. A gente trocava bastante informação, eu compartilhava a minha experiência de mãe com ela, e ela me dava dicas de saúde como médica.

Para assegurar uma gestação tranquila, fiz acompanhamento com uma equipe multidisciplinar com cardiologista --por causa da pressão alta--, endocrinologista, nutricionista e fisioterapeuta. A Maria Teresa nasceu de 35 semanas, no dia 26 de abril de 2018, com 49 cm e 2,7 kg. O Eduardo passou mal de tanta emoção, chorava, me beijava e dizia que era muito grato por eu ter dado uma filha a ele e por proporcioná-lo sentir esse amor de pai e filha que ele nunca tinha sentido na vida.

Ser mãe aos 60 anos é um presente de Deus. A Maria Teresa me rejuvenesce, cada dia ao lado dela é um aprendizado e uma novidade. Hoje sou bem mais experiente, madura e paciente do que na época em que tive a minha primeira filha, a Renatta, com 18 anos. Deus me permitiu conceber a Maria Teresa com essa idade por um propósito. Tenho certeza de que vou viver muitos anos para poder criá-la e acompanhar cada etapa da vida dela, vê-la formada na faculdade, casando e me dando um neto.

"Ser mãe é incansável independentemente da idade"

Hoje ela está com um aninho e exige bastante da nossa atenção e energia. Meu marido diz que eu nunca canso. Eu digo a ele que ser mãe é incansável independentemente da idade. Às mulheres que sonham com a maternidade, mas se acham velhas demais para isso, a mensagem que deixo é: acredite na sua capacidade, confie na medicina e tenha fé em Deus".