Topo

Ela largou cargo na prefeitura, faz doces de leite e fatura R$ 2 milhões

Rosi decidiu vender doces de leite porque estava desmotivada com o curso de Direito - Divulgação
Rosi decidiu vender doces de leite porque estava desmotivada com o curso de Direito Imagem: Divulgação

Marcelo Testoni

Colaboração para Universa

14/05/2019 04h00

Antes de se tornar empresária, a mineira Rosi Barbosa, 35 anos, trabalhava na prefeitura de seu município, Pouso Alegre, no Sul de Minas Gerais, e ainda tinha um bico como vendedora de roupas, o que lhe garantia uma renda extra.

A ideia de produzir e vender doces de leite, ela conta que surgiu na faculdade, com sua desmotivação com o curso de Direito, e por influência de sua criação: "Nasci em uma família rural e cresci cercada de muito leite, que é a grande paixão do meu pai, e dos doces de leite que minha mãe fazia para nós".

Começo sem ter experiência

rosi - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Rosi explica que, na época, apesar da vontade de empreender, se achava muito jovem e seus planos acabaram não indo para frente. Ela só voltou a retomá-los anos mais tarde, quando, com seu então namorado, visitou um evento de empreendedorismo e decidiu que o momento era oportuno. "Eu tinha 29 anos e o Raphael, hoje meu marido, colocou minha ideia no papel, fez um mini projeto de negócio e, depois disso, fomos atrás do que precisava", diz Rosi.

Na sequência, ela revela que conseguiu com o sogro R$ 20 mil, que investiu na compra do primeiro maquinário para iniciar sua produção. Só que o começo não foi nada fácil. Além de não saber fazer doce e não ter nenhuma noção de indústria, Rosi ainda compartilhava seu local de trabalho com o que morava, uma pequena fábrica caseira.

"Ali, minha mãe fazia geleias com meu irmão, então meus doces eram feitos em dias alternados, quando os dois não estavam produzindo", relembra.

Para adquirir experiência na atividade, Rosi também procurou um instituto de laticínios perto de sua cidade, mas, mesmo assim, enfrentou um ano repleto de outros desafios.

"Além de ter problemas em acertar e chegar à receita que queria, no início eu ainda trabalhava de segunda à sexta no meu cargo municipal. Só tinha sábado e domingo disponíveis para produzir com o Raphael, que também trabalhava e só podia fazer doces às terças e quintas sozinho. Resumindo, quando podíamos, fazíamos de tudo, desde produção, vendas, entregas, recebimentos e compras", detalha Rosi.

Inovar para se destacar no mercado

rosi - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Os esforços recompensaram e, em 2014, surgiu a Rocca, empresa especializada em doce de leite mineiro. O nome do negócio, explica sua idealizadora, deriva de sua origem, a roça.

"Foi por meio do programa Origem Minas, desenvolvido pelo Sebrae, que conseguimos participar de diversos eventos e feiras de renome e obtivemos visibilidade como marca, o que fez com que conquistássemos muitos clientes importantes", explica Rosi, que hoje atende redes de supermercados, lojas especializadas em produtos premium, além de padarias, empórios e pontos turísticos.

De acordo com ela, para driblar a concorrência e conquistar clientes, seus produtos passam por testes frequentes, são melhorados com base em teses e pesquisas acadêmicas sobre laticínios e, por essência, são puros, pois não contêm aditivos e seguem receitas originais, de leite produzido na propriedade da família e açúcar. A identidade visual é outra preocupação sua e, para transmitir modernidade, seus produtos têm rótulos simples, porém objetivos e difíceis de serem confundidos com as embalagens tradicionais de vaquinhas e fazendas.

Ela quer crescer mais

Hoje, a Rocca conta com 14 funcionários diretos e produz, mensalmente, sete toneladas de doce de leite, cujos sabores são tradicional, coco e café. A expectativa é que sua produção dobre para 14 toneladas ainda este mês. Segundo Rosi, que atualmente encabeça a área comercial e de marketing da empresa, no último ano o faturamento chegou a R$ 2 milhões e a meta para este ano é que atinja R$ 4 milhões.

"Hoje nosso principal mercado é Minas, devido ao nosso selo de inspeção ainda ser estadual, mas acredito que dentro de três meses já estaremos com o selo federal. Também tivemos três anos de reformas na fábrica, entre ampliação e compra de novos equipamentos. Iniciamos, recentemente, um projeto no Uruguai, em parceria com uma indústria de insumos, importação e exportação por meio de uma joint venture (expressão para empreendimento conjunto). Nesse projeto produziremos nossa receita no Uruguai, terceirizando a produção, e importaremos para distribuição no Brasil. Dentro de 15 dias chegará a primeira remessa para pré-venda. Temos como mercado foco confeitarias, sorveterias e restaurantes", conclui Rosi.