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4 motivos errados que levam as pessoas a abrirem o relacionamento

Um relacionamento aberto não é garantia de diversão e falta de ciúmes - Getty Images
Um relacionamento aberto não é garantia de diversão e falta de ciúmes Imagem: Getty Images

Natália Eiras

Da Universa

16/04/2019 04h00

Ter um colo para se aconchegar, um companheiro para as horas difíceis e poder transar com qualquer pessoa por quem você se interessar. Lendo assim, até parece que o relacionamento aberto é muito fácil. Perfeita ou não, uma relação não-monogâmica pede um certo cuidado com a dinâmica --e não é a saída mais fácil para quem quer resolver problemas da relação ou dar um jeito na monotonia.

A Universa conversou com adeptos de relações abertas e com quem já tentou, mas teve experiências que não deram certos, para dizer quais são os motivos errados pelos quais as pessoas optam pela não-monogamia:


1. Para salvar o relacionamento

O relacionamento aberto está longe de ser uma terceira via para resolver eventuais problemas do casal. Em uma relação não-monogâmica há um ano, a profissional de marketing digital Shirley Anizio, 30, de São Paulo (SP), diz que tomar o passo com esse objetivo é dar "corda para se enforcar". "Se tem coisas a se resolver em uma relação, não é abrindo-a que vai resolver. Este tipo de acordo nos faz lidar com várias situações novas que podem desgastar uma relação que já está enfraquecida", afirma.

A estudante Silvana Albertini, 22, de Franca (SP), não estava entendendo o que tinha de errado com o seu namoro que já durava um ano e sete meses. "Ele era emocionalmente muito ausente. Parecia que não estava comigo, mesmo nas relações sexuais, de corpo e alma", diz. Como os dois já tinham passado por um período com o relacionamento aberto, decidiram voltar ao acordo mais liberal. "Era só para beijar, mas ele transou com outra pessoa. Isso já foi uma traição porque não estava dentro do que tínhamos combinado", fala Silvana.

Como o parceiro continuava ausente, ela se tornou ainda mais infeliz, mas estava decidida a fazer a relação dar certo e, para isso, queria entender o que tinha errado com ela. "Foi quando eu pedi para transarmos com outras pessoas porque queria compreender a minha sexualidade". O ponto final veio quando ele, mais uma vez, ultrapassou os limites que tinham combinado. "Eu o flagrei transando na minha casa, durante uma festa, com o meu colega de apartamento". Ela considerou a situação uma grande falta de respeito e uma amostra de que o ex-namorado não estava muito preocupado com o que ela poderia sentir, o tipo de questão que deve estar sempre presente na mente dos envolvidos em um relacionamento aberto. "Percebi que, mesmo que a nossa relação fosse monogâmica, ele não era um cara legal."

2. Para curar ciúme

Ter um acordo em que ambos podem se relacionar com outras pessoas não cura ninguém de ciúme. Inclusive, se você não trabalhar bem o sentimento, ele pode ser o principal obstáculo para que o casal curta um relacionamento aberto de forma saudável. "Mudar o 'rótulo' não vai adiantar, vai existir ciúme exatamente igual. Você só não vai poder reclamar", fala a auxiliar administrativo Mel Valim, 21, de São Paulo (SP).

Para adeptos do relacionamento aberto alertam que, apesar de muita gente acreditar que este tipo de acordo garante carta branca para fazer o que lhe der na telha, a realidade é muito diferente: vai ter mais "discussões de relação" do que em uma relação monogâmica. "Pessoas têm sentimentos, tanto as do casal quanto as que a gente se envolve no caminho", fala a profissional de marketing digital Shirley Anizio. "É preciso ter responsabilidade emocional sempre."

3. Para ter "o melhor dos dois mundos"

Abrir a relação não deve ser uma forma de apimentar a relação, porque pode criar mais mal-entendimentos do que prover ao casal o "melhor dos dois mundos": ter o aconchego e a segurança de um relacionamento sério, e a diversão da vida de solteiro.

A estudante Aline Rodrigues, 23, de São Paulo (SP), tentou manter o relacionamento mesmo querendo aproveitar coisas que não encontrava em seu namoro. "Estava há três anos com o meu primeiro namorado, com quem perdi a virgindade. Sempre fui curiosa sobre sexo, então decidimos fazer sexo a três, mas não deu certo. Ele me traiu e passamos por uma crise. O sexo continuava chato, então cogitei abrir o relacionamento", fala a jovem.

"Não pelo prazer de nós dois, mas do meu, porque queria viver outras coisas, com outras pessoas." No caso de Aline, a vontade de transar com outras pessoas se misturou com uma "vingança" por uma traição. "Não terminei porque não queria trocar o aparentemente certo pelo duvidoso. Então fiz ele concordar que só eu ficaria com outras pessoas e ele não, por conta da traição. Achava que era justo, mesmo não sendo. Depois de dois meses, ele terminou comigo."

4. Por pressão

Shirley Anizio pontua que para ter um relacionamento aberto e feliz é preciso que o acordo seja feito de forma consensual e sem pressão de nenhuma das partes. "Se um lado quer e o outro aceita só para não perder a pessoa, vai dar ruim. Muito ruim", diz a auxiliar administrativo. "O melhor momento para dar esse passo é quando os dois querem, conversaram muito sobre isso e estão em sintonia em querer quebrar a monogamia."