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PF resgata 38 mulheres cis e transgênero vítimas de exploração sexual em SP

Vítimas foram encontradas em 18 diferentes da cidade de Ribeirão Preto, no interior paulista - iStock
Vítimas foram encontradas em 18 diferentes da cidade de Ribeirão Preto, no interior paulista Imagem: iStock

Mariana Gonzalez*

Da Universa, em São Paulo

14/03/2019 13h03

Depois de deflagrada na quarta-feira (13) a Operação Cinderela, para apurar exploração sexual e trabalho escravo, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e O Ministério Público do Trabalho resgataram 38 mulheres, algumas transexuais e outras cisgênero, que eram obrigadas a trabalhar como prostitutas.

A Operação cumpriu 18 mandados de busca e apreensão em diferentes endereços da cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e prendeu seis pessoas -- outras quatro continuam foragidas.

À Universa, a delegada da PF responsável pela Operação, Luciana Maibashi Gebrim, relatou que as mulheres estavam psicologicamente abaladas e, algumas delas apresentavam hematomas pelo corpo. Duas delas eram menores de idade.

"Foi oferecida assistência social, médica e psicológica, além de abrigo no alojamento de uma ONG que trabalha em parceria com o Ministério Público do Trabalho. Lá, elas terão oficinas e serão reinseridas no mercado formal de trabalho", disse a delegada.

Dívidas, castigos e mortes

Segundo depoimentos, as jovens transexuais eram trazidas de outros estados, principalmente do Norte e Nordeste, para se prostituir na região -- por isso, já chegavam endividadas em razão das passagens e despesas de viagem, além de alimentação e moradia.

Durante o trabalho, eram submetidas ao consumo de drogas e castigos físicos. Segundo Luciana, quando não conseguiam pagar as supostas dívidas, recebiam multas ou tinham itens pessoais subtraídos.

De acordo com a Agência Brasil, algumas vítimas relataram mortes de colegas durante o tempo em que ficaram confinadas -- uma delas, por não pagamento de dívidas.

"Casos de suicídio, que também foram relatados pelas vítimas, estão sendo investigados pela Polícia Civil. Algumas disseram que houve suicídios simulados e isso também está sendo apurado", disse a delegada.

As vítimas foram mantidas nos locais, conhecidos como "castelos das trans", de seis meses a um ano, segundo Luciana Maibashi Gebrim. "A rotatividade é muito alta entre esses endereços, mas há indícios que esta quadrilha atua pelo menos desde 2013", completou.

A Operação Cinderela continua investigando o caso, já que ainda há foragidos e que novas vítimas continuam aparecendo -- algumas estavam fora quando a PF chegou ao local.

Os denunciados poderão responder pelos crimes de tráfico de pessoas, redução à condição análoga à de escravo, rufianismo e organização criminosa.

Um dos investigados cuja prisão preventiva foi determinada pela Justiça Federal já estava detido em razão de outro processo criminal e é investigado sobre dois homicídios e o desaparecimento de três transexuais, uma delas, adolescente.

*Com informações da Agência Brasil