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De quarto de tortura a prostituta robô: 15 fatos curiosos dos bordéis

O distrito "Red Light" em Amsterdam, na Holanda, conhecido pelas casas de prostituição - Getty Images
O distrito 'Red Light' em Amsterdam, na Holanda, conhecido pelas casas de prostituição Imagem: Getty Images

Heloísa Noronha

Colaboração para Universa

17/01/2019 04h00

Se a prostituição é considerada a profissão mais antiga da história da humanidade, então os bordéis --também chamados de prostíbulos, puteiros e casas da luz vermelha, entre outros nomes-- podem ser declarados como empresas ancestrais, certo? Espalhados pelos quatro cantos do planeta desde que o mundo é mundo, eles são o centro de vários episódios curiosos.

1. Na Antiguidade romana, as casas de prostituição eram chamadas de lupanares ou "covil de lobos". Isso porque as profissionais costumavam uivar para atrair a atenção dos clientes. O caminho para o lupanar era indica por imagens pornográficas e de desenhos de pênis na calçada. A prostituta atendia o freguês deitada num banco de pedra, num claustro estreito. 

2. Na Itália medieval, as prostitutas ocupavam um lugar determinado das cidades. Em geral, as ruas que incluíam a palavra "rosa" em seu nome eram destinadas a elas. A expressão "colher uma rosa" significava, na época, contratar o amor de aluguel.

3. Os relacionamentos homoafetivos e a sodomia eram considerados crimes puníveis com a morte na forca na Inglaterra da Renascença. Para driblar a lei, havia um tipo especial de taverna --as Molly Houses-- onde gays, travestis e transgêneros se encontravam em busca de sexo. Na maioria das vezes os "mollies", como eram chamados os donos desses estabelecimentos, se vestiam de mulher e adotavam trejeitos femininos. A exploração de menores presente em algumas casas desse tipo na Nova York do século 19 faz parte da série "The Alienist", disponível na Netflix.

4. Nas duas primeiras décadas do século 20, o Rio de Janeiro transpirava sexo pago. As cortesãs vinham das mais diversas partes do país e da Europa --as francesas faziam enorme sucesso.

5. Havia bordéis para todos os tipos de bolsos: os menos abastados frequentavam os sobradinhos das ruas centrais, enquanto os que podiam esbanjar iam até as "pensões de artistas", apelidadas assim porque pertenciam a atrizes do teatro de revista, como Susana Castera. Nos anos 1920, o glamour se foi e as moças tiveram de se mudar para a zona de meretrício do Mangue. 

6. Durante a dinastia Ming (1368-1644), os soldados chineses que vigiavam a Grande Muralha tinham um bordel à sua disposição. Além de prestar serviços sexuais, as prostitutas eram treinadas para lutar, no caso de um ataque do exército mongol. Em toda a China, os bordéis eram conhecidos como "aposentos verdes".

7. No século 19, na Inglaterra, o bordel da Madame Berkley era concorridíssimo e fez história. A razão? Por uma boa soma em dinheiro, os fregueses podiam ser chicoteados, açoitados, picados com agulhas, feridos com urtigas, quase enforcados e machucados até sangrarem.

8. Na mesma época, as luxuosas casas de prostituição de Paris passaram a ser equipadas com "quartos de tortura" para satisfazer os clientes de gostos peculiares.

9. No fim do século 19, o tipo mais barato de bordel na capital francesa eram os chamados "tôles d'abbatage" (mesas de abate, em tradução livre). É que, em vez de camas, as pessoas usavam mesas para transar.

10. No final do século 17, na Europa e nos Estados Unidos, quem não tinha dinheiro suficiente para os serviços de uma bela dama podia se contentar em pagar uma módica quantia para espiar os casais em plena atividade através de pequenos buracos na parede.

11. No Brasil colonial, não havia bordéis. O sexo pago era praticado nas chamadas "casas de alcouce", vendas ou tabernas cujos donos assumiam a função de alcoviteiros ou cafetões.

12. A origem do termo "casa da luz vermelha" é incerta. A versão mais disseminada é a de que nos Estados Unidos e na Europa, antigamente, os guardas ferroviários usavam uma lanterna com luz vermelha para se comunicarem com o maquinista e com os passageiros. Quando iam aos bordéis, deixavam a lanterna acesa na porta para sinalizar que estavam por ali.

13. La Fleur Blanche era o bordel parisiense preferido do pintor Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901). Ele registrou o dia a dia da casa em obras como "Salon de la Rue des Moulins" e "Le Sofa", ambas de 1894, e causou mal-estar e escândalo por retratar as prostitutas em cenas que expressavam não só diversão, mas cansaço e exaustão.

14. Na Europa e nos Estados Unidos já é possível encontrar bordéis especializados em...Robôs. As "funcionárias" são bonecas hiper-realistas que têm sido alvo de muitas críticas por parte das prostitutas locais de carne e osso. Segundo elas, as bonecas incentivam o desrespeito às mulheres ao colocá-las como objeto, não oferecem intimidade autêntica e ainda encorajam fantasias perigosas envolvendo estupro. A LumiDolls, empresa líder do mercado, afirma que suas bonecas são resistentes à água, têm pele quente, movimentos mecânicos e inteligência artificial. O anonimato dos clientes é garantido.

15. Bauru, no interior paulista, foi o cenário de um dos maiores --em tamanho e em luxo-- bordéis já vistos no Brasil. A Casa de Eny pertencia a Eny Cezarino (1916-1997) e marcou época entre os anos 1960 e 1980. Desativado em 1983, o local tinha 5.000 m² de área construída, distribuídos em 12 conjuntos, 7.000 m² de jardins e alamedas floridas, a maior piscina particular da cidade, sauna, restaurante e lanchonete, além de 40 quartos e uma suíte presidencial com entrada privativa.

16. Escrito por Bruna Surfistinha (pseudônimo de Raquel Pacheco) e publicado em 2005, o livro "O Doce Veneno do Escorpião" despertou grande curiosidade pelos prostíbulos do tipo "vintão", em que os clientes pagavam R$ 20 reais pelo programa. Antes de atender uma clientela mais abastada, Bruna trabalhava em um "vintão".

Livros consultados: "Histórias Íntimas - Sexualidade e Erotismo na história do Brasil" (Ed. Planeta), de Mary del Priore; "O guia dos curiosos - Sexo" (Panda Books), de Marcelo Duarte e Jairo Bouer; "Uma Breve História do Sexo" (Ed. Gaia), de Claudio Blanc.