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9 autossabotagens que impedem muitas mulheres de subir na carreira

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Heloísa Noronha

Colaboração com Universa

17/01/2019 04h00

A disparidade salarial entre os gêneros é uma realidade cruel, assim como as diferenças entre as boas oportunidades oferecidas para homens e mulheres. Assim, na ânsia de ocuparem espaços profissionais e se destacarem na carreira, muitas mulheres acabam cometendo atitudes equivocadas, mesmo que as intenções sejam as melhores, o que só piora a situação. Listamos alguns comportamentos sabotadores que podem estar prejudicando a sua trajetória:

Parar com a mania de não se sentir boa o suficiente

A chamada "síndrome da impostora" é uma armadilha e tanto para paralisar carreiras promissoras. Em geral, os fatores por trás desse mecanismo surgem na infância. Porém, como diz a coach norte-americana Andrea Owen, autora de "Como Parar de se Sentir uma M*rda" (Ed. Best Seller), atuar em áreas profissionais extremamente exigentes ou cercada de homens podem fazer aflorar dúvidas e inseguranças. Para lidar com elas, invista em exercícios de autoconhecimento, fazendo a si mesma perguntas como "Como posso reconhecer minhas conquistas?", "Estou definindo expectativas muito altas para mim mesma?" e, principalmente, "Quais são os meus pontos fortes e meus diferenciais?".

Esperar que reconheçam seu valor

Segundo Ellen Moraes Senra, psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental, do Rio de Janeiro (RJ), é importante ter em mente que a noção de valor é variável. "Você pode acreditar que o que faz está sendo o suficiente para ser notada, mas isso não significa que o outro irá validar esse conceito", explica. Portanto, é preciso aprender a reconhecer o próprio valor para que não haja a necessidade de reconhecimento por parte de terceiros. Na opinião de Paula Boarin, coach e trainer da empresa 4DH, de Curitiba (PR), a maioria das mulheres foi criada para ser a "princesinha" da casa. "Na infância, ao tirar uma nota boa, muitas corriam para mostrar para o pai ou a mãe para ganhar um reforço positivo. Esse estilo de criação faz o reconhecimento da mulher passar pelo outro", explica. Já Silvia Donati, coach pessoal e profissional de São Paulo (SP), sugere o autoquestionamento: que espécie de reconhecimento eu espero? "Se a resposta for agradecimento em público ou algo parecido, na verdade, você precisa que reconheçam o seu valor porque você sozinha não faz isso. Quem não reconhece seu próprio valor, se submete a esse tipo de situação", diz.

Deixar que o machismo do ambiente "engula" você

Evite sucumbir a provocações como "você não tem cara de engenheira", "só pode ser TPM" ou "você devia sorrir mais". Prove, com seu trabalho, que competência independe de gênero. "Lembre-se: se você ocupa um determinado lugar, provavelmente fez por merecer estar ali. Provocações de qualquer cunho podem existir, mas o importante é que você saiba que o lugar é seu e, não importa o que falem, continuará sendo seu", fala Ellen.

Achar que um fracasso a transforma numa fraude

O perfeccionismo é a personificação mais cruel da autossabotagem. "Ele nos ilude a ponto de acreditarmos que somos perfeitas ou que nunca iremos errar. Daí, quando cometemos um equívoco, parece que é o fim da linha. Aceitar que somos seres humanos falíveis ajuda na desculpa dos próprios erros e ameniza a sensação de fracasso", observa Silvia. E mais: em algumas circunstâncias, o sucesso só é possível porque os erros apontaram o que precisava ser corrigido ou modificado. Um erro, por pior que seja, não é capaz de definir uma carreira.

Se comparar com as outras mulheres

"Quando você se compara com alguém, já sai perdendo porque está deixando passar a oportunidade de dar a devida dimensão às próprias conquistas. Essa é uma autossabotagem típica feminina, pois desde crianças fomos estimuladas a competir e a comparar", comenta Paula.

Querer ser boazinha e assertiva na maior parte do tempo

Ninguém consegue agir assim por muito tempo. Por mais que tente se controlar, algumas situações podem tirá-la do sério e fazer com que reaja antes de pensar. E não há nada de errado com isso desde que, na sequência, haja uma reflexão e, se necessário, a correção da atitude inicial não assertiva. Ser boazinha, segundo Paula, não ajuda o mundo a melhorar. Procure ser justa com você e com os demais. "Bancar o bonzinho geralmente é uma forma cara de ganhar afeto e atenção. Esteja atenta", fala a coach.

Ficar sobrecarregada achando que se vai se dar bem

Não saber dizer "não" costuma acarretar grandes problemas. "Na vida profissional acaba sobrecarregando o desenvolvimento da carreira, pois literalmente pesa na caminhada do dia a dia. A carreira não deslancha", explica Silvia. A falta de percepção de si mesma, o medo de ser excluída e a ilusão de que sendo perfeita atingirá o reconhecimento ou uma promoção são os fatores principais que levam ao acúmulo de tarefas, atitude que fatalmente levará à fadiga e ao estresse. "Assumir mais responsabilidades do que consegue dar conta pode ter o efeito oposto, fazendo com que não só você cometa erros, como também apague seus acertos. Se o importante é se dar bem, procure abraçar somente o que consegue, mas apresente excelência no que faz", alerta Ellen.

Falar o que quer cheia de rodeios

De acordo com Jessica Bennet, autora de "Clube da Luta Feminista - Um Manual de Sobrevivência (Para um Ambiente de Trabalho Machista)" (Ed. Fábrica 231), não são poucas as mulheres, independentemente da profissão, que adotam "palavras-rodeio" como forma de aplacar o receio de errar ou até mesmo de se comunicar. Exemplos: "Não sei isso está certo, mas...", "Na realidade, isso não é bem assim..." ou "Faz sentido isso?". São muletas que muitas mulheres usam para soar mais suaves, menos agressivas e menos exigentes. Ou seja, um jeito de pedir licença para falar e pedir algo que nem sempre surte o efeito desejado. Descarte-o e seja autêntica.

Baixar a própria bola para não parecer arrogante

Essa conduta é uma herança cultural de crenças antiquadas que valorizam características aventureiras nos homens, e a modéstia como algo inerente às mulheres. É hora de parar de se nivelar por baixo na tentativa de parecer menos arrogante. "Se você é boa, é boa e ponto final. Sim, a nossa sociedade não está acostumada com pessoas, em especial mulheres, de autoestima elevada, o que faz com que o reconhecimento próprio seja interpretado como arrogância e não como simples expressão da realidade. Já passamos do momento de transformar esse cenário", pondera Ellen.