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Ex de filho de Bolsonaro: "Nojinho de vagina" e "compensa com foto de arma"

Patrícia Lélis publica montagem com Eduardo Bolsonaro sobre obra de Michelangelo  - Reprodução/Twitter
Patrícia Lélis publica montagem com Eduardo Bolsonaro sobre obra de Michelangelo Imagem: Reprodução/Twitter

Luiza Souto

Da Universa

08/01/2019 04h00

A jornalista Patrícia Lélis acusa o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP-PSL) de ameaça. Ela diz que em 2017, quando, segundo ela, eles haviam acabado de terminar um namoro, os dois brigaram feio por meio de mensagens de celular. Em algumas delas, o filho do agora presidente Jair Bolsonaro teria a chamado de "otária" e "vagabunda", entre outras ofensas. A acusação de Patrícia está sendo analisada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), já que Eduardo é um parlamentar. Ele sempre negou que tenha se relacionado com ela. 

A briga entre os dois seguia de maneira mais ou menos silenciosa no STF, até que no domingo passado (dia 6), Patrícia passou a atacar Eduardo pelo Twitter. Desde que terminou o suposto namoro, a jornalista passou por algumas transformações. Entre elas, a de se autodefinir como ativista feminista -- anteriormente, ela foi assessora e líder do núcleo jovem do PSC, antigo partido da família Bolsonaro. 

patrícia lélis - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Patrícia Lélis joga indireta para Eduardo Bolsonaro em sua conta no Twitter
Imagem: Reprodução/Twitter

Nesta condição, a de feminista, Patrícia tuitou: "estudem o feminismo para não acabarem com macho de direita que não faz sexo oral porque tem nojinho de vaginas mas acha que compensa isso postando foto segurando arma." Nesta postagem, Patrícia não cita o nome do deputado. Numa próxima, no entanto, respondendo a um tuíte com uma montagem do rosto de Eduardo numa escultura de Davi, feita pelo renascentista Michelangelo, ela escreve: "eu sou o pinto pequeno do filho do Bolsonaro".

Universa entrevistou Patrícia. E também procurou os advogados de Eduardo Bolsonaro. Segue no aguardo do retorno de algum deles.

Expor a intimidade física e sexual de alguém não é errado?
Eu concordo em partes com isso, mas, infelizmente, existem homens que, se você não souber se impor, eles não vão te respeitar. Esse é o caso de toda a família Bolsonaro. Durante anos fiquei calada, enquanto era exposta, me faltavam com respeito ou me ameaçavam de morte. Eu resolvia sempre na Justiça. Não mais. Infelizmente, às vezes, é preciso descer o nível para que esse tipo de gente entenda que não vamos nos calar.

Num de seus posts, você usa o feminismo para justificar os ataques. Feminismo, na base, não trata de exigir direitos iguais para mulheres e homens?
Feminismo não é sobre isso (ataques), mas sobre liberdade, igualdade. Eu não acho que o barraco seja necessário. O feminismo traz consigo a liberdade, e usarei dessa liberdade para jamais ficar calada diante dos absurdos desses homens. 

Se fosse o contrário, ele não seria acusado de machismo? 
Concordo. Mas falar sobre a sexualidade de homens machistas é algo que ofende ao ponto de prestarem atenção às suas ações. Para quem tem no governo um homem sem capacidade de liderança alguma e que trouxe consigo seus filhos mimados, que não tenhamos papas na língua para colocá-los em seus devidos lugares. 

Seria essa a melhor arma para se lutar contra o machismo?
Todas as formas de luta contra o machismo podem ser válidas. Eu sou sempre a favor do diálogo com respeito. Porém, se a outra parte não consegue manter o respeito, o feminismo nos deu a liberdade de não sermos obrigadas a aturar o desrespeito de ninguém. 

Ele falou coisas horríveis de você também. Seus tuítes não o igualam a ele? 
Eu sempre tento ser educada com todos, ainda mais no âmbito da internet, mas se temos no governo representantes que fazem do Twitter uma forma de comunicação oficial de uma presidência totalmente pautado na baixaria, que eles tenham em mente que, do outro lado da tela, eu e milhões de pessoas temos o direito de respondê-los na mesma altura. 

Se arrepende desses tuítes?
Em momento algum. E se eles falarem algo a mais, saibam que reposta não lhe faltará. 

patrícia lélis - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Carlos Bolsonaro ofende amigo de Patrícia no Twitter e ela resolve falar do irmão dele
Imagem: Reprodução/Twitter

Por que que você resolveu comprar essa briga no Twitter?
Porque o (youtuber) PC Siqueira, que é meu amigo, me avisou sobre um tuíte do (vereador) Carlos Bolsonaro, feito no domingo, me envolvendo, e eu achei que era a hora de me pronunciar. (PC Siqueira publicou o print de um post atribuído a Eduardo, de 2017, em que ele fala que feminismo é doença e cita uma ex-namorada "rebolando até o chão". Na época, Patrícia respondeu a essa mensagem, assumindo que ela seria sua ex. No domingo, PC Siqueira trouxe a confusão de novo à baila, publicando o print antigo de Eduardo. Carlos, seu irmão, então, chamou o youtuber de "corno" e o acusou de espalhar fake news).

patrícia lélis - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Patrícia Lélis afirma ter namorado Eduardo Bolsonaro por três anos. Ele nega
Imagem: Reprodução/Instagram

Também nessa rede social, escreveram que você "está com dor de cotovelo" por Eduardo ter acabado de ficar noivo de outra mulher. Procede?
Nem sabia que ele estava noivo. Mas não. E isso é tão machista. Por que sempre nós, mulheres, ao resolver terminar com um homem, somos acusadas de "dor de cotovelo"?! E, sinceramente, eu não sentiria isso de um homem machista, opressor. Estou casada com um advogado americano incrível e que entende que ninguém é propriedade de ninguém. Moramos em Washington (EUA).