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Quem são as 9 mulheres que o Brasil reconhece como heroínas da pátria

A revolucionária Anita Garibaldi, que lutou na Guerra dos Farrapos em 1837, é considerada heroína do Brasil - Reprodução/Xapuri
A revolucionária Anita Garibaldi, que lutou na Guerra dos Farrapos em 1837, é considerada heroína do Brasil Imagem: Reprodução/Xapuri

Da Universa

20/12/2018 04h00

O "Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria" compila os nomes de brasileiros considerados fundamentais em episódios históricos do país. Das 52 inscrições, nove são mulheres.

Feita em folhas de aço e com dez páginas, a obra existe desde 1989 e é mantida no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, monumento localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Para que um nome entre na lista, o Senado e a Câmara dos Deputados precisam aprovar uma lei com o pedido de inclusão. O critério é que tenham se passado 10 anos da morte, ou da presunção da morte, da pessoa homenageada.

Conheça, abaixo, quem são as nove mulheres consideradas heroínas do Brasil:


1. Antônia "Jovita" Alves Feitosa (1848-1867)

Jovita Feitosa - Wikimedia Commons - Wikimedia Commons
Jovita Feitosa
Imagem: Wikimedia Commons

Cearense, Antônia, cujo apelido era Jovita, queria se alistar no exército brasileiro e lutar na Guerra do Paraguai. Não podia, porque era mulher e, então, cortou os cabelos e se vestiu de homem.

Em 1865, foi aceita, mas logo sua identidade foi descoberta e Antônia, afastada da instituição.


2. Anna Nery (1814-1880)

Anna Nery, a enfermeira que participou da Guerra do Paraguai - Wikimedia Commons - Wikimedia Commons
Imagem: Wikimedia Commons

Considerada a primeira enfermeira do Brasil, a baiana coordenou serviços hospitalares de emergência que atendiam soldados durante toda a Guerra do Paraguai, de 1864 a 1870. Mapeou quais doenças tinham risco de se alastrar nas regiões de combate, como cólera, malária e varíola, e criou condições de higiene para tentar evitar contaminações.


3. Anita Garibaldi (1821-1849)

Anita Garibaldi - Reprodução/Xapuri - Reprodução/Xapuri
Anita Garibaldi, que lutou na Guerra dos Farrapos, no RS
Imagem: Reprodução/Xapuri

Lutou na Guerra dos Farrapos ao lado do marido, Giuseppe Garibaldi, em 1837, no conflito que também ficou conhecido como Revolução Farroupilha. O movimento, criado por fazendeiros gaúchos para pressionar o governo do Império a diminuir os impostos sobre a produção de charque, se uniu aos republicanos, entre eles Garibaldi e Anita, que pediam o fim da monarquia.

Perseguidos, se mudaram para a Itália, país de origem dele, onde lutaram pela unificação italiana. Por isso, é conhecida como "heroína dos dois mundos'.

4. Bárbara Pereira de Alencar (1760 - 1832)

Bárbara Pereira de Alencar - Wikimedia Commons - Wikimedia Commons
Bárbara de Alencar, importante nome da Revolução Pernambucana
Imagem: Wikimedia Commons

Bárbara é considerada a primeira presa política do Brasil. Em 1817, quando o país ainda era governado pela família real portuguesa, participou do movimento chamado Revolução Pernambucana, que pedia independência da Coroa. Ela esteve presente na proclamação da República do Crato, quando foi feito o anúncio da separação da região do império português, durante uma missa de domingo. Foi presa no mesmo ano, aos 57, e ficou detida até os 61. É avó do escritor José de Alencar.

5. Clara Camarão (século 17)

Nascida no Rio Grande do Norte, casou-se com o também indígena Antônio Felipe Camarão. Ambos foram catequizados e batizados por padres jesuítas. Clara acompanhava o marido nos combates contra os holandeses, no contexto das invasões da região Nordeste do Brasil no século 17. Afastou-se do trabalho doméstico e criou um pelotão de índias potiguares para participar das batalhas.

6. Maria Quitéria de Jesus Medeiros (1792 - 1853)

Maria Quitéria - Divulgação - Divulgação
A soldado Maria Quitéria de Jesus
Imagem: Divulgação

Maria Quitéria se vestiu de homem e usou o nome do cunhado para poder se alistar na artilharia brasileira e enfrentar os portugueses no período das lutas pela independência. Foi na Bahia, em 1822, quando uma junta provisória se instalou para acabar com o domínio português no território. Pelo seu trabalho, foi condecorada por D. Pedro I, e ficou conhecida como a primeira mulher a pertencer a uma unidade militar.

7. Maria Felipa de Oliveira (sem data - 1873)

Pescadora, negra, da Ilha de Itaparica, na Bahia, liderou um grupo de 40 mulheres que se organizaram para impedir as invasões portuguesas na região. Em 1823, ela e sua tropa deram uma surra em soldados portugueses que rondavam a área com uma planta urticante chamada de cansanção. Depois, atearam fogo nas embarcações. Maria Felipa é conhecida como heroína da Independência da Bahia, comemorada em 2 de julho de 1823. Esse dia marca a vitória do exército do estado sobre tropas locais fiéis ao governo português que não aceitava a independência do Brasil, proclamada em 1822.

8. Sóror Joana Angélica de Jesus (1761 - 1822)

Joana Angélica - Wikimedia Commons - Wikimedia Commons
Quadro retrata o momento da morte da sóror Joana Angélica de Jesus
Imagem: Wikimedia Commons

A religiosa fazia parte do Convento da Lapa, em Salvador, daí o termo pelo qual é chamada, "sóror", o mesmo que irmã dentro do catolicismo.

Em 1822, quando os exércitos portugueses tentavam barrar os movimentos pró-independência, Joana foi assassinada com uma baioneta, ao tentar impedir a entrada de soldados em seu convento.

9. Zuleika "Zuzu" Angel Jones (1921 - 1976)

Zuzu Angela - Instituto Zuzu Angel - Instituto Zuzu Angel
A estilista Zuzu Angel
Imagem: Instituto Zuzu Angel

A estilista mineira, um dos grandes nomes da moda brasileira das décadas de 1960 e 70, ficou conhecida por misturar em suas criações rendas, sedas e chitas com temas regionais e do folclore. Zuzu denunciou ativamente as arbitrariedades da ditadura militar depois que seu filho, Stuart Angel, membro do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) foi sequestrado e morto pelo regime, em 1971. A estilista pedia notícias sobre o filho e bradava a falta de informações à imprensa nacional e estrangeira. Em 1976, morreu em um acidente de carro. Há suspeitas de que militares causaram sua morte.


Fontes: "A Mulher Potiguar - Cinco Séculos de Presença" (Fundação José Augusto); "Dois de Julho - A Independência do Brasil na Bahia" (Câmara dos Deputados); "Histórias Não (ou Mal) Contadas - Revoltas, Golpes e Revoluções no Brasil", (ed. Harper Collins), de Rodrigo Trespach; Instituto Bárbara de Alencar; Instituto Zuzu Angel; "Mulheres do Brasil - A História Não Contada" (ed. LeYa), de Paulo Rezzutti; Projeto Heróis da Saúde na Bahia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.