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Mulher trans tem atendimento negado em clínica de bronzeamento no Rio

Pamela Belli teve bronzeamento negado no Rio de Janeiro - Arquivo Pessoal
Pamela Belli teve bronzeamento negado no Rio de Janeiro Imagem: Arquivo Pessoal

Laura Reif

Colaboração para a Universa

30/11/2018 04h00

"Só faço mulheres, mas posso indicar alguém", foi a resposta recebida pela MC carioca Pamela Belli, 24, ao tentar agendar um horário em uma clínica de bronzeamento com fita isolante no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Pamela é transexual e perguntou à proprietária do lugar, via WhatsApp, se haveria algum problema em passar pelo procedimento. Foi quando teve o atendimento recusado.

Pamela, que também é modelo e DJ, tem mais de 50 mil seguidores nas redes sociais e publicou os prints da conversa, ocorrida na sexta-feira (23), em sua página pessoal no Facebook.

"Tenho dois trabalhos para o final de semana e estava muito a fim de ficar bronzeada. Então entrei em contato para ver se tinha horário. Do nada, resolvi falar da minha situação [ser trans], por questão de não ser tratada diferente. Porque tenho certa passibilidade, já fiz minha transição completa. Ela negou atendimento apenas com a justificativa que só faz em mulheres", contou à Universa.

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Após a repercussão, ela fez uma nova postagem, desta vez com imagens da resposta da dona do estabelecimento, também em uma conversa pelo mesmo aplicativo. Até esta quinta (29), a postagem tinha mais de 200 compartilhamentos. Nas imagens, a pessoa identificada como dona do estabelecimento afirmava que poderia recusar atendimento a quem quisesse e chamou Pamela de "falsa" e "dissimulada" por relatar o ocorrido. A proprietária diz que somente o advogado irá se pronunciar. 

Por ter recusado atendimento à cliente por conta da transexualidade, Pamela divulgou o ocorrido como ato discriminatório. "Que ela me falasse que não tinha experiência, que me perguntasse o que tenho no meio das pernas antes de negar atendimento. Seria mais aceitável. Não é o ideal, né? Até porque não sou mais mulher do que as outras que não fizeram a cirurgia [de redesignação sexual]", contou.

Pamela disse que não é a primeira vez que sofreu preconceito. Ela relatou que constantemente não consegue marcar horário em manicures por conta de as atendentes não estarem preparadas para atender o público LGBT+ e terem "medo de infectar o material".

Em março deste ano, em decisão histórica, o Supremo Tribunal Federal permitiu que pessoas trans mudassem o nome e gênero diretamente nos cartórios, reafirmando a necessidade de a identidade de gênero das pessoas trans ser respeitada independentemente de terem passador por cirurgia de redesignação sexual.

Outro lado

A Universa entrou em contato com a proprietária da clínica, mas até o fechamento da matéria não obteve uma resposta oficial. Ela disse que só irá se pronunciar após receber uma resposta de seu advogado, que, de acordo com ela, é quem está cuidando do caso, mas se negou a passar os contatos dele. A reportagem se colocou à disposição da dona do estabelecimento para que ela pudesse relatar a sua versão dos fatos.