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Sexo com mulher bêbada, além de desrespeito é crime. Veja histórias bacanas

Talyta Vespa

Da Universa

29/11/2018 04h00

Transar com uma mulher bêbada pode ser considerado estupro de vulnerável e resultar em um processo jurídico. Segundo o advogado criminal especializado em direito da mulher, Angelo Carbone, se a mulher estiver alterada a ponto de não conseguir decidir se quer ou não ter a relação sexual, o ato torna-se não consensual; portanto, criminoso. “Vivemos em uma sociedade machista que legitima esse tipo de situação. Se a mulher estiver embriagada, a obrigação do sujeito é não fazer nada. Se fizer, é crime”.

Para denunciar um sexo não consensual, a mulher deve ir até uma delegacia especializada logo após o ato; pedir exame de sangue para comprovar que estava alcoolizada e fazer corpo de delito. 

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“Se a mulher engravidar nesse tipo de situação, o agressor responde pelos direitos e obrigações do bebê até os 24 anos. Se a mãe optar por interromper a gravidez, ele banca os custos do procedimento e as despesas judiciais para que ela consiga liminar. Por isso, é muito importante que ela siga com a denúncia até o fim e não desista no meio do caminho”. 

Eles não fizeram mais que a obrigação, mas elas elogiam

mariana durante - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

A internacionalista Mariana Durante, 28, relembra quando bebeu bastante em um happy hour da empresa. A ideia, depois da festa, era ficar com um colega de trabalho, com quem já tinha trocado uns beijinhos.

“Meu colega se ofereceu para me levar para casa. Entrei no carro dele e já tirei toda a roupa. Ele olhou pra mim e disse: ‘Se veste, você está bêbada. Vou te levar para casa e não vai rolar nada’. Aquilo foi inesperado para mim, eu era nova, nunca tinha acontecido. Na hora, me senti insegura e frustrada. Depois, vi que ele me respeitou. Transamos em outro momento, quando fiquei sóbria, e foi ótimo”.

“Vomitei e ele só dormiu de conchinha comigo”

thayane - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Foi com um susto que a técnica em análises clínicas Thayane Campos, 20, acordou com um homem do lado dela. No dia anterior, eles se conheceram e, por causa da expectativa alta, ela conta, tomou muito vinho.

“A gente idealizou aquele encontro, eu estava muito animada e ansiosa. Por isso, enchi a cara quando ele chegou na minha casa. Começamos a nos beijar e fomos para o banho, e eu estava tão mal, que vomitei. Ele me deitou na cama, eu estava nua, me cobriu e me abraçou em uma conchinha”, conta. "Não rolou nada e eu me senti muito respeitada".

“Queria me divertir, mas exagerei”

nara zucato - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

A vontade de curtir a vida depois de uma separação fez com que a veterinária Nara Gomes, 39, ganhasse um melhor amigo.

“Tinha acabado de terminar um casamento de dez anos. Queria despirocar, estava a fim de bagunça. Combinei de ir até a casa de um amigo. Levei vinho, a gente bateu papo e bebeu além da conta. Fiquei loucona. Ele cuidou de mim, me deu banho e eu dormi na cama com ele de calcinha e com uma camiseta que ele me emprestou. Eu o abracei, mas ele ficou estático. Não fez nada. É meu melhor amigo até hoje”.

“Nada de motel, o táxi vai para casa”

anna - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

A bodypiercer Anna, 30, dormiu no táxi a caminho do motel, ao lado de um amigo com quem estava planejando transar pela primeira vez.

“A gente se encontrou, bebeu bastante e começou a rolar um flerte. Como estávamos sem carro, pedimos um táxi e partimos para um motel próximo. Dormi durante o percurso e, quando chegamos, eu disse que estava estragada. Então, ele me levou para a casa dele, arrumou uma cama para mim e dormiu em outra, sem nenhum contato. No dia seguinte, me deu café da manhã e me levou no metrô”.

“Estava de fio dental no quarto dele quando disse que não estava confortável”

Em uma famosa balada paulistana, a relações públicas Luiza*, 26, conheceu um inglês que estava no Brasil de passagem. A noite foi longa, à base de álcool e drogas, mas acabou quando ela disse que estava desconfortável.

“A gente bebeu muito, ele tomou LSD, passamos a noite juntos nos divertindo. De manhã, voltamos para o hotel onde ele estava hospedado. Começamos a nos beijar, a coisa foi esquentando. Eu estava só de fio dental e percebi que não estava me sentindo bem. Abri o jogo e a pegação acabou na hora. Ele sentou na cama e a gente começou a bater papo sobre a vida, não falamos sobre sexo e ele nem chegou perto de mim. Me deu o espaço que eu precisava. Dormimos juntos, eu tentei uma conchinha em alguns momentos, mas evitou, só me abraçou”, explica.

“Trocamos contatos das redes sociais quando acordamos e eu fui embora. Depois, conversei com ele e ouvi: ‘Não fiz mais que a minha obrigação’. É verdade, mas a gente ainda se surpreende”. 

O que é consenso?

Fazer sexo com uma mulher embriagada não é só um ato de descaso, segundo o psiquiatra e especialista em psicologia social Sergio Lima, mas também um tipo de perversão. 

“Homens que se aproveitam de uma situação de vulnerabilidade para consumar o ato sexual têm uma noção deturpada sobre relacionamento. São pessoas que, normalmente, precisam de um tipo de dominação e se excitam com a ideia da submissão. É um desvio para obter prazer que pode acabar em processo e causar consequências psicológicas à vítima, como sensação de impotência e insegurança”, afirma.

Sergio explica que ir até o motel não significa consenso na hora de transar. “Tem quem alegue que a mulher estava a fim do sexo, já que acompanhou o homem até um lugar mais íntimo. Não importa. Ela precisa estar acordada e consciente para que o ato seja consensual”. Ele é claro: “Se a mulher estiver bêbada, é só não transar. Não faz mais que a obrigação”.

*Nome trocado a pedido da entrevistada