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Conheça 7 verdades sobre a famosa crise dos 7 anos na relação

O período de 7 anos é mesmo um marco na vida de um casal - Getty Images
O período de 7 anos é mesmo um marco na vida de um casal Imagem: Getty Images

Heloísa Noronha

Colaboração para Universa

27/10/2018 04h00

Você, com certeza, já deve ter visto a cena icônica de Marilyn Monroe se divertindo a bordo de um lindo vestido cor de marfim enquanto a saída de ar do metrô insiste em "levantá-lo" --tudo isso diante de um embasbacado Richard Sherman (Tom Ewell). A sequência do clássico "O pecado mora ao lado" (1955) é a personificação cinematográfica da famosa crise dos 7 anos. No filme, a mulher de Richard está viajando. Ele, então, alterna as fantasias com a vizinha loira e sexy com a leitura de "A Coceira do Sétimo Ano" (tradução do nome em inglês da produção), que discorre sobre a tendência masculina à traição após os 7 anos de casamento.

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Hoje, naturalmente, desejos, tentações e insatisfações no relacionamento não são privilégio apenas dos homens. Embora um pouquinho datado, mas sempre delicioso de assistir, o filme ajudou a cunhar o nome de um possível período tenso na relação amorosa que paira como uma sombra maligna acima de todos os casais. Mas será que ela é uma ameaça mesmo? Vamos às conjecturas:

1) O período de 7 anos é mesmo um marco na vida de um casal

Afinal de contas, os dois já viveram muitas coisas juntas. "Após 7 anos de convivência, um conhece bem as manias, os humores e as peculiaridades do outro, ou seja, não existem mais as surpresas dos primeiros anos e a rotina já se estabeleceu", diz Sandra Monice, psicóloga de Santo André (SP). Isso mesmo: o peso da rotina já se manifestou. "Também houve tempo suficiente para enfrentar dificuldades financeiras, doenças, estabilizar as contas, ter filhos, adotar um bicho de estimação, organizar os problemas individuais e diminuir as inseguranças típicas de casais menos experientes. Tudo contribuiu para criar um clima de companheirismo e confiança, mas também para esfriar o romance, a sedução e o sexo", afirma a especialista. Na opinião da psicóloga clínica Joselene L. Alvim, de Presidente Prudente (SP), há o risco de se darem conta de que olham-se como um casal --e de fato são--, mas pouco têm se olhado como seres individuais.

2) Se ela surgir, não deve ser subestimada

É válido lembrar que, seja qual for o tempo de relação do casal, crises podem ocorrer --e devem ser olhadas com atenção, nunca banalizadas ou varridas para baixo do tapete. Para a psicóloga Lidiane Calil, do Rio de Janeiro (RJ), a partir de 7 anos de relacionamento, é provável que o casal tenha uma estabilidade e um provável desgaste na relação. "A rotina, a monotonia e a convivência podem fazer com que a relação seja abalada, mas isso pode acontecer em mais ou menos tempo de relacionamento. Não podemos deixar de considerar que, como existe uma crença sobre essa fase, muitos casais acabam enraizando essa informação, fazendo com que uma briga se transforme em uma crise", explica. "O problema é que quando ela surge há casais que podem encará-la como algo comum e não fazerem nada a respeito, correndo o risco de piorar a situação", observa Joselene. E, sim, a maioria dos relacionamentos passa por crises, independentemente do tempo de relação.

3) Antes dela, o casal já enfrentou outras crises

De acordo com Raquel Fernandes Marques, psicóloga da Clínica Anime, de São Paulo (SP), a primeira fase de crise é o chamado “estágio da percepção” e geralmente acontece entre 6 meses e 1 ano após o casamento. "O charme da paixão desaparece e a pessoa começa a ver a outra como ela realmente é", define. Para Joselene, é uma fase crucial e de adaptação: por mais que os dois se conheçam, morar junto implica na alteração dessa dinâmica por causa de fatores como divisão de tarefas, contas a pagar, hábitos diferentes etc. "A visão de mundo encantado vai cedendo lugar à realidade que não tem nada a ver com conto de fadas, mas que também pode ser muito boa. Daí a necessidade de ajustes", diz.

A segunda fase é a da “zona de conforto”. "Ela ocorre entre 3 e 4 anos de casamento. O casal prefere dormir a transar, para de dizer 'eu te amo' com frequência e se acomoda. Se por um lado esse sentimento de segurança e estabilidade é ótimo, por outro algumas coisas desagradáveis se tornam normais na vida a dois e isso vai desgastando a relação", avisa Raquel.

A chegada dos filhos é outro momento turbulento. Nem sempre o casal está preparado para tal alteração de responsabilidade, gerando culpabilizações e mágoas mútuas. Todas as crises, portanto, merecem cuidado e atenção, pois são resultado de alterações comportamentais e psicológicas na interação do casal.

4) A crise dos 7 anos pode sinalizar o amadurecimento do casal

"Quando existe o diálogo e a transparência nas relações, sempre ocorre a possibilidade de crescimento individual e conjunto", destaca Sandra. Já Raquel diz que a crise dos 7 anos pode mostrar que a paixão ardente do início já declinou, mas isso não quer dizer que o amor terminou. "O amor muda ao longo dos anos. Depois de um tempo, tudo se torna mais real, o que é muito positivo para a relação, que se torna clara e honesta. Portanto, a chamada crise dos 7 anos pode ser valiosa, uma vez que significa um ponto de reflexão, um aviso para o casal estar atento e não negligenciarem um ao outro. Trata-se de uma oportunidade para melhorar os aspectos que não funcionam e fortalecer o relacionamento", declara. "Os parceiros começam a repensar nas ideias iniciais do casamento e, com isso, novos sonhos surgem e alguns planos para a relação podem mudar. Isso faz parte do amadurecimento", diz Lidiane.

5) Os casais não costumam se separar depois dessa crise

Assim como algumas crises podem provocar divórcios, outras podem ser revertidas para uma relação mais saudável. Não existe uma regra. Tudo depende da maturidade, da confiança e do grau de investimento conjunto que o casal faz na solução das pequenas e grandes questões cotidianas. "E, também, da forma de enfrentamento, da maturidade emocional do casal, e, fundamentalmente, do amor que um sente pelo outro", aponta Joselene.

Diante de uma crise, homens e mulheres precisam trabalhar intensamente e constantemente para reinventar a paixão e fortalecer o vínculo. "A relação precisa ser fortalecida porque novas crises devem acontecer e, caso os dois estejam estremecidos, o casamento não irá sobreviver", fala Raquel.

6) Se o casal conseguir atravessá-la numa boa, não significa que viverão bem para sempre

É uma prova de fogo, né? Muitos casais tiram algo positivo da crise, que é justamente parar e refletir o que há de errado e negligenciado dentro da relação. Outro ponto positivo é o ganho de experiência na resolução de problemas. Porém, como conflitos são algo inerente à condição humana e à convivência a dois, não há garantia de nada. "No entanto, se o casal consegue passar por essa crise unidos, sem feridas, com certeza isso fortalecerá cada vez mais a relação e a tendência é que conseguirão manter a relação por mais tempo. Também poderão perceber o que a causou e agir de uma forma preventiva para que esse não seja o motivo de uma próxima crise. Porém, ninguém pode dizer que será para sempre", avisa Lidiane.

7) Quais outras crises estão por vir?

De acordo com a psicóloga Raquel Mello, do Rio de Janeiro (RJ), o aniversário de 10 anos de casamento também é um estágio difícil, com aumento de responsabilidades financeiras, sociais e familiares para o casal. "O tempo fica cada vez mais escasso e o estresse cada vez maior. Isso faz com que o relacionamento empobreça e cada um começa a cuidar de suas responsabilidades, tendo um afastamento do casal, inclusive sexual", fala.

Quando se acredita que está tudo ótimo, que as fases difíceis já passaram e que o casamento segue maduro e estável, vem a crise da meia-idade. E, depois, surge a síndrome do ninho vazio, quando os filhos crescem e saem de casa. "A falta de propósito no casamento, o envelhecimento do corpo, o declínio da saúde física e muita vezes da emocional produzem novas crises", fiz Raquel, que afirma não existir uma fórmula mágica de superação e que o casamento deve ser cuidado sempre.

"O casal começa a ficar junto por um motivo e essa razão não pode se perder em meio ao tempo. Manter o casamento é diferente de estar feliz no casamento. Estar feliz no casamento não tem idade nem fase, pois os motivos que o levaram a acontecer devem ficar vivos e ativados durante a vida juntos. Somente dessa forma todas as crises serão superadas e o par será realmente um casal feliz", salienta.