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Pílula do dia seguinte: saiba o que é mito e o que é verdade

Heloísa Noronha

Colaboração com Universa

30/08/2018 04h00

Composta por substâncias como levonorgestrel ou acetato de ulipristal, que atrasam ou inibem a ovulação, a pílula do dia seguinte é um recurso efetivo para as mulheres que desejam evitar a gravidez. No entanto, seu uso ainda é alvo de muitas dúvidas, crenças fantasiosas e falta de informação. Para elucidar o assunto, selecionamos alguns mitos e verdades mais recorrentes sobre ela.

A pílula do dia seguinte é um medicamento abortivo

MITO. Trata-se de uma crença comum que não corresponde à realidade. A pílula do dia seguinte age antes da ocorrência da gravidez, portanto, não aborta.

"Se a fecundação ainda não aconteceu, o medicamento vai dificultar o encontro do espermatozoide com o óvulo ou postergar a ovulação, caso esta ainda não tenha ocorrido", diz Renato de Oliveira, ginecologista especialista em reprodução humana da Clínica Criogênesis, de São Paulo (SP). "E, caso ocorra a gestação, sua ingestão não causará danos para o embrião", completa.

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Ela só pode ser tomada, literalmente, no dia seguinte à relação sexual.

MITO. De acordo com Caroline Alexandra Pereira, ginecologista e obstetra da Clínica Viváter, de São Paulo (SP), o ideal é ingeri-la em até 72 horas (três dias) após a relação. Dependendo do componente, pode ser tomada até cinco dias depois. No entanto, quanto antes a pílula for tomada, maior a chance de sucesso. Estudos relatam que nas primeiras 24 horas, por exemplo, a eficácia da pílula gira em torno de 90%.

"A cada dia que passa, a eficácia contraceptiva do esquema se reduz. Por isso, recomendo a todas mulheres de vida sexual ativa que não planejam ter filhos a curto prazo ter pelo menos uma caixa do medicamento à mão para uso rápido, em caso de emergência", informa a médica.

Todas as mulheres podem tomar.

MITO. Em princípio, seu uso é contraindicado para mulheres com hipertensão descontrolada, problemas vasculares, distúrbios metabólicos (como insuficiência hepática, em especial), doenças do sangue e obesidade mórbida. É válido destacar que são contraindicações relativas, que aumentam o risco de insucesso ou outros problemas e dependem de avaliação individual.

Seu nível de eficácia é alto.

VERDADE. Em geral, os métodos que utilizam hormônios para impedir a ovulação –e, por consequência, a gravidez– são considerados os mais confiáveis. A pílula anticoncepcional, por exemplo, tem eficácia superior a 99%, quando tomada corretamente.

Ela tem vários efeitos colaterais

VERDADE. Os mais comuns são diarreia, vômito, náuseas, dores de cabeça e no corpo, cansaço excessivo, incômodo abdominal, retenção de líquido e sensibilidade nos seios. Além disso, podem ocorrer alterações na menstruação, podendo adiantar ou atrasar o sangramento.

Trata-se de um remédio que não deve ser usado como método anticoncepcional.

VERDADE. A pílula do dia seguinte deve ser ingerida apenas em situações de risco, como o estouro da camisinha ou em episódios de violência sexual, por exemplo. "A informação e a prevenção ainda são as melhores maneiras de se evitar uma gravidez indesejada”, afirma Renato.

A pílula do dia seguinte deve ser usada com parcimônia.

VERDADE. A repetição diminui praticamente pela metade a eficácia do método; portanto, ela deve ser usada em situações de emergência, nunca de rotina. Sua dose hormonal é muito alta --há médicos que aconselham o uso apenas uma vez por ano.

Ela pode alterar o ciclo menstrual --um perigo e tanto para quem deseja evitar a gravidez-- e a mulher passa a não reconhecer o funcionamento do próprio corpo. Adotada com frequência, aumenta o risco de doenças como câncer de mama e de útero, trombose e embolia pulmonar, entre outros problemas.

É preciso tomar cuidado se a mulher usa pílula anticoncepcional.

VERDADE. Utilizar dois métodos contraceptivos ao mesmo tempo não é recomendado pelos ginecologistas por conta da alta dose de hormônios, que potencializam possíveis efeitos colaterais. Quem faz o uso correto da pílula tradicional, tomando-a da forma como foi prescrita pelo médico, está protegida da gravidez.

Porém, se a mulher precisa da pílula do dia seguinte por ter esquecido de tomá-la, deve reiniciar a pílula convencional no mesmo dia. "Nesse caso, porém, como é um retorno à pílula, nos primeiros sete dias, a mulher não estará totalmente protegida, devendo fazer uso adicional de algum outro tipo de contracepção, como a camisinha", informa Carolina.

O uso não requer orientação médica

MITO. Embora nos postos de saúde e nas farmácias a receita não seja exigida, isso não dispensa a orientação de um especialista. Ter auxílio de um ginecologista é fundamental, pois só ele pode responder as dúvidas e ensinar como o uso correto deve ser feito.

A pílula do dia seguinte causa infertilidade

MITO. Não existe nenhuma comprovação científica de que o uso esporádico dessa pílula possa causar infertilidade. Também não há estudos que associem seu uso à má formação do feto ou à gravidez ectópica (fora do útero).