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Thalita Rebouças: "Tento não ser a tiazona chata"

Rodrigo Lopes/Arte UOL
Imagem: Rodrigo Lopes/Arte UOL

Talyta Vespa

Da Universa

16/07/2018 04h00

Thalita Rebouças é motivo de filas gigantescas em bienais de livro. Filas com adolescentes ansiosos por uma selfie e pais, loucos para perguntar quando acaba a adolescência. A escritora, que já vendeu 2,2 milhões de livros, agora faz sucesso também nas duas gigantes da TV brasileira: compôs as músicas da novela juvenil “As Aventuras de Poliana”, do SBT, e será novamente a repórter de “The Voice Kids”, da Globo, no ano que vem.

Da vasta experiência com os jovens, Thalita conta que eles perguntam para ela como se beija, que se atualiza das gírias da molecada com seus seguidores na internet e manda um recado aos pais aflitos: “adolescentes não gastam sorriso à toa. Se riem, é porque realmente estão a fim; se te abraçam, a mesma coisa. Às vezes, os pais deixam esse lado legal passar despercebido”.

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O que você acha mais chato nos adolescentes?
Quando você é pai ou mãe, o dia a dia dá um desespero. De uma hora para a outra, os filhos começam a tratá-los como estranhos e dá aquela sensação: “Até pouco tempo, essa pessoinha dependia totalmente de mim e agora, finge que não existo.

E o que eles têm de legal que quase ninguém saca?
Adolescentes não gastam sorriso à toa. Se riem, é porque realmente estão a fim; se te abraçam, a mesma coisa. Às vezes, os pais deixam esse lado legal passar despercebido.

Escolhi Direito e odiei. Depois fui para o Jornalismo. Só depois que descobri que o que eu queria mesmo era viver de livro.

Thalita Rebouças 1 - Rodrigo Lopes - Rodrigo Lopes
Imagem: Rodrigo Lopes

Quais são as duas coisas que os adolescentes sempre te perguntam?
“Como é que eu beijo?” e “como conto aos meus pais que não sou mais virgem?”. As perguntas sempre chegam por email ou mensagem. Como são íntimas e não conheço as pessoas, aconselho que elas façam a pergunta para um amigo de confiança.

E quais são as duas coisas que os pais mais te perguntam?
Em que momento a fase adolescente vai acabar, e sempre em tom de desespero. Eles ficam chateados com os filhos revirarem os olhos pra tudo; sentem que estão sendo tratados feito lixo. Eu digo que vai demorar. A outra pergunta é “Como consegue entrar na cabeça deles?”. Eu respondo: “Não sei, cara, fui ao show do Phill  Collins, sou tiazona. Até conheço Britney Spears, mas não sei quem é Dua Lipa”.

Você não tem jeito nenhum de ter sido uma adolescente despirocada. Confere?
Eu era santinha, boa aluna, não bebia. A coisa mais perigosa que eu fazia era andar de mobilete. E o único momento em que fiz algo mais errado foi na hora de prestar vestibular. Meus pais disseram que não teria problema se eu escolhesse o curso errado. Dito e feito. Escolhi Direito e odiei. Depois fui para o Jornalismo. Só depois que descobri que o que eu queria mesmo era viver de livro.

Qual a fórmula para vender tanto livro para adolescente e criança?
Tento não ser a tiazona chata. Eles me veem como uma amiga, que se insere no universo deles. Não sei se é a fórmula, mas tem funcionado. Quando vou escrever, lembro da minha adolescência. Na hora de editar, viro a mulher de 43 anos, que sou. E rola um trabalho de pesquisa. Converso com terapeutas, amigos e seguidores adolescentes nas redes sociais; esses, em especial, me falam das gírias novas.

Me perguntam: “Como consegue entrar na cabeça deles?”. Eu respondo: “Não sei, cara, fui ao show do Phill Collins, sou tiazona. Até conheço Britney Spears, mas não sei quem é Dua Lipa”

Já descobriu também o segredo para fazer música de novela?
Não, mas sentei com meu namorido, e em duas horas, a primeira música da novela estava pronta. Eles gostaram e pediram a segunda, que virou tema da personagem principal da novela. Viciei nesse troço. Antes de dar “bom dia” pro gato, já digo: “Vamos fazer música?”. Ele não aguenta mais, por isso, está me ensinando a tocar violão.

Uma das músicas diz: “Pode me chamar de Poliana/Por achar a vida tão bacana”. Poliana era meio chatinha, sempre vendo o lado bom das coisas. Você também é assim?
Sou totalmente Poliana. Sou daquelas alegres que irritam; das que chegam ao escritório às oito, na segunda-feira, saltitante.

E quando bate a bad?
Choro e como chocolate.

No “The Voice Kids”, você fica com os pais, nos bastidores. Alguma previsão de menos choro na próxima temporada?
Acho que não. Sou mega zoada; viro meme direto porque tenho fama de chorar mais que eles.