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Travessa em Madureira é reconhecida como ponto turístico LGBTI

Milhares de pessoas participam da 21ª Parada do Orgulho LGBT do Rio de Janeiro, na orla de Copacabana - Luiz Gomes/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Milhares de pessoas participam da 21ª Parada do Orgulho LGBT do Rio de Janeiro, na orla de Copacabana Imagem: Luiz Gomes/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Vinícius Lisboa

Da Agência Brasil

28/06/2018 12h42

Espaço de encontros e atividades culturais da população LGBTI na zona norte do Rio de Janeiro, a Travessa Almerinda Freitas, em Madureira, foi reconhecida pela Prefeitura do Rio de janeiro como ponto turístico LGBTI.

A nomeação será comemorada nesta quinta-feira (28), às 14h, na travessa que virou sinônimo de resistência para gerações de LGBTIs da zona norte. Essa história foi vivida intensamente por Lorem Alesxander que, desde 1995, lidera o Movimento de Gays, Travestis e Transformistas do Rio de Janeiro.

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Um assalto em Copacabana fez Lorem mudar para a casa da mãe, em Madureira. A década era 1980, e a transexual foi à farmácia com o shortinho que costumava vestir no bairro da zona sul. Mas o calçadão era outro.

Quando pisou no centro de comércio popular do bairro da zona norte, Lorem foi alvo de garrafadas, xingamentos e outras agressões. "Foi aí que eu vi que faltava alguma coisa nesse bairro", conta ela.

Cabeleireira e transformista, ela viveu e liderou o início da organização do movimento LGBTI em Madureira, que migrou de rua em rua conforme as agressões se acirravam. Beijar em público, nem pensar. Rebolar? Só dentro das boates.

"Os bofes jogavam pedra, batiam e jogavam a gente no chafariz", conta ela. Mas os LGBTs voltavam ou se agrupavam em outros pontos do bairro. Quando o primeiro shopping foi construído em Madureira, ir ao banheiro era caso de polícia: "chamavam a polícia para bater na gente".

Foi nessa peregrinação que eles encontraram a boate Papa Leone, na Travessa Almerinda Freitas, que se transformou em um ponto de resistência e celebração da diversidade quando a festa passou a não caber na pista de dança e ocupou a rua.

No lugar da Papa Leone, hoje está a boate Papa G, uma das mais conhecidas da cidade, e o movimento organizado de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais deu origem à Parada LGBT de Madureira, que ocorre no próximo domingo (1).

"Hoje, aqueles ambulantes que me deram coió no calçadão, estão comigo na parada", conta Lorem, que é a organizadora do evento.

O coordenador de diversidade sexual da prefeitura do Rio de Janeiro, Nélio Giorgini, torce para que o status chame mais turistas para Madureira, bairro que já tem atrações como o Baile Charme, a Portela, o Império Serrano e o Mercadão.

Documentários no Museu do Amanhã

A programação do Dia do Orgulho LGBT no Rio de Janeiro inclui ainda a exibição de documentários sobre outras personalidades LGBT do Rio de Janeiro, no Museu do Amanhã. Os filmes "Lorna Washington - Sobrevivendo a Supostas Perdas" e "Luana Muniz - Filha da Lua" serão exibidos e a classificação é 16 anos.

A transformista Lorna Washington também fará uma apresentação ao vivo, às 16h. Para participar, é preciso se inscrever pelo site da mostra Cine Olhares Diversos.

Celebração pública na Alerj

O Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), receberá uma celebração pública do Dia do Orgulho LGBT, às 17h30. O evento foi organizado pelo deputado estadual Carlos Minc (PSB), presidente da Comissão de Combate às Discriminações.