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Brasileira separada do filho de 9 anos nos EUA: "notícia depois de 14 dias"

Brasileiros enfrentam drama na fronteira do México com os EUA - Getty Images/iStockphoto
Brasileiros enfrentam drama na fronteira do México com os EUA Imagem: Getty Images/iStockphoto

Dinalva Fernandes

Colaboração para Universa

26/06/2018 04h00

Desde o início de maio, o governo dos Estados Unidos adotou oficialmente a política de "tolerância zero", promovida pelo presidente norte-americano Donald Trump para combater a imigração ilegal. As pessoas detidas nas fronteiras do país passaram a ser processadas legalmente e separadas de seus filhos. Um desses casos é o da brasileira Lorena*.

Lorena e o filho cruzaram a fronteira com o México e se entregaram às autoridades americanas de forma voluntária. Ficou 14 dias sem saber notícias do filho, que completou 9 anos na segunda-feira (dia 18), dentro de um abrigo em Chicago (Illinois). Ela relatou seu drama à Universa:

Veja também:

Ficamos dois dias dormindo no chão frio na imigração, quando me chamaram e disseram na frente do meu filho que eu iria ser presa e ele, levado para um abrigo. Meu filho começou a chorar. Ele ficaria no abrigo só por dias, mas não foi o que aconteceu

Como as crianças e adolescentes não podem ficar em cadeias federais, eles são encaminhados para abrigos. O filho de Lorena permanece no abrigo mesmo após a soltura da mãe. “Todos os dias estão sendo muito difíceis. Estou muito abalada. Só tive notícias do meu filho 14 dias depois que nos separamos, e falei com ele apenas duas vezes por telefone.”

Agora, a brasileira precisa provar às autoridades norte-americanas ser apta para cuidar do filho. Quando os dois estiverem juntos novamente, ela passará por um novo processo e pode ser deportada.

Críticas por todos os lados

Antes da mudança, a maioria dos detidos passavam por um processo de deportação e poderiam ser devolvidos a seus países de origem sem se afastarem de seus filhos. Até final de maio, mais duas mil famílias passaram nas fronteiras do país, segundo funcionários do governo. Destas, oito são brasileiras.

Após inúmeras críticas e pressão, inclusive da primeira-dama Melania, Trump assinou a ordem para impedir novas separações de famílias nas fronteiras, mas afirmou que continuará com a política de "tolerância zero", segundo informações de agências internacionais. Os familiares serão detidos juntos e nada muda para as famílias que já foram separadas.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que a “o governo brasileiro espera que a ordem executiva emitida pelo governo norte-americano implique a efetiva revogação da prática de separação entre os menores e seus pais ou responsáveis”.

*O nome foi mudado para preservar a identidade da entrevistada.