7 coisas que as pessoas aceitam nos homens e não toleram nas mulheres

Há certas situações cotidianas que não só revelam como a sociedade trata os homens de maneira diferente e privilegiada, como rechaçam as mulheres que têm a mesma atitude em circunstâncias idênticas, simplesmente porque são mulheres. Eis alguns exemplos:

Esparramar-se no assento no transporte público

É uma mania tão arraigada entre o sexo masculino que até ganhou um nome de "macho": manspreading. Qual mulher nunca se sentiu incomodada no transporte público por causa de homens espaçosos, que sentam de pernas abertas e obrigam a companheira de assento a se espremer? Culturalmente, o homem é cobrado por sua virilidade. Sentar de pernas abertas pode parecer um "convite à experimentação", mesmo que inconsciente. O hábito também é resquício de antigas condutas de gerações anteriores, marcadas pelo patriarcado, que ainda hoje repercurtem. Sentar-se de pernas abertas pode significar "eu mando aqui e faço o que eu quero".

Quando uma mulher se senta de pernas abertas, é vista como relaxada ou vagabunda.

Ocupar cargos de chefia

Não, não é uma missão impossível, embora a maioria dos ambientes de trabalho ainda seja bem machista. Só que quando uma mulher alça voos mais altos, elas têm que se esforçar duas vezes mais para serem respeitadas pelos colegas de trabalho e funcionários. Em muitos casos, ainda precisa provar aos outros que merece o cargo e que a promoção não foi fruto de envolvimento com alguém, de puxa-saquismo ou porque é bonita (justificativas que ninguém nem se lembra quando se trata de um cara).

Ser firme no trabalho

Quando um homem é durão ou até meio grosso com os colegas, é tido como durão ou exigente - características importantes para desempenhar as tarefas e obter bons resultados. Quando uma mulher tem uma postura mais firme porém, as pessoas não só a veem como uma ditadora mandona, como ainda justificam sua atitude como resultado de questões pessoais ou "tipicamente femininas": está na TPM, é mal comida, o marido não compareceu na noite anterior e por aí vai.

Sair para o happy hour e deixar o filho com o marido ou algum cuidador

Pode apostar que, ao chegar no bar, a mulher sempre escuta algo como "Com quem você deixou seus filhos?". Frase que raramente é dita a algum homem, porque as pessoas já pressupõem que os pimpolhos estão sob os cuidados da mãe em casa. Mulheres casadas - e, escândalo dos escândalos - com filhos - costumam ser alvo de críticas e julgamento quando saem sozinhas com o único objetivo de se divertir, pois a sociedade, mesmo que isso não seja dito de forma explícita, espera que ela abandone a própria individualidade depois que se torna esposa e/ou mãe. Há quem diga, sem ironia, que o happy hour dos homens é networking.

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Ter ambição

Uma outra coisa chocante quando falamos da percepção diferente das pessoas sobre homens e mulheres é o fato de que ter ambição e sucesso profissional são objetivos sempre relacionados ao masculino. Se uma mulher souber o que ela quer e for atrás, corre o risco de ser vista como arrogante, egoísta, gananciosa e materialista. Afinal, ela quebra a regra fundamental do machismo que é se contentar em assumir um papel de servidão e de cuidados - com a casa, o marido, os filhos... Quando um homem é ambicioso, é tido como um cara incrível, um exemplo a seguir.

Não cuidar da casa

Por mais que a sociedade tenha evoluído, as tarefas domésticas ainda são tidas como uma atribuição (ou seria obrigação?) feminina. Uma mulher que não saiba cozinhar ou não dê muita bola para tapetes ou toalhas de mesa, por exemplo, costuma ser alvo de olhares tortos e comentários negativos. Mesmo que ela tenha MBA em Harvard, pague a maior parte das contas e trabalhe o dia inteiro, deveria chegar em casa e preparar o jantar para o marido, coitado, que deu duro o dia inteiro. O pior é que as próprias mulheres perpetuam esse machismo, tratando o parceiro como um herói, um guerreiro, quando ele tira o próprio prato da mesa depois da refeição e lava o copo em que bebeu.

Beber

Mulher beber ainda é algo feio e reprovável para muita gente. Homem pode, pois é "normal" - ou seja, fez parte da construção social atribuída ao gênero masculino. Gostar ou não de uma cerveja, vinho, cachaça ou de qualquer outra bebida alcóolica é uma questão de gosto e afinidade, não de gênero.

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Fontes: Izabel Failde, psicóloga, palestrante e consultora de desenvolvimento pessoal e autoliderança, de São Paulo (SP); Lívia Marques, coach e psicóloga organizacional do Rio de Janeiro (RJ); Mônica Bayeh, psicóloga clínica e psicoterapeuta, do Rio de Janeiro (RJ).

*Com matéria de maio de 2018

38 comentários

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Marco Aurélio Teixeira

Esse artigo parece ter sido escrito há 30 anos.  Muitas coisas mudaram, outras ainda não e outras não vão mudar e nem devem, (por opção das próprias mulheres). Uma mulher com uma saia curta, num banco de transporte público, mantem as pernas coladas (não esparramadas) pois ela mesma não quer abrir as pernas ou se esparramar no banco. Muitas mulheres, hoje, ocupam cargos de chefia sem problemas. Mercado quer saber de eficiência. Só não pode ser incompetente e vir com vitimismo por ser mulher. E se é eficiente tem de ser firme no trabalho, o que não significa ser alterada e descompensada. Cuidar da casa é tarefa de homem e mulher. Devemos criticar homem desleixado que não ajuda nas tarefas domésticas meio a meio, assim como uma mulher desleixada. Ter ambição é necessário para quem quer progredir. Mulheres não são criticadas por isso. As mulheres hoje bebem muito,  como os homens, e exagerar na bebida é criticável em ambos os sexos. 

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Marcelo Florencio Mendonca

Vamos lá: mulheres não sentam esparramadas, mas colocam a bolsa no assento ao lado, para ninguém sentar no lugar; quando ocupam cargos de chefia tem comportamento igual ao dos homens, inclusive com outras mulheres; quando conveniente, sempre usam o argumento da TPM para justificar várias atitudes, mas quando é o homem que fala, rotulam de machismo; quando sabem que o homem cuida da casa e têm preocupações com a decoração, são as primeiras a rotular o cara como veado; utilizam os filhos como escudos para várias situações, mas quando são cobradas, veem machismo na cobrança. Mas, claro, são narrativas que não interessam as feministas.

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Antonino Caroccia

1- Esparramar-se: Não é absolutamente nada cultural. Que viagem é essa?! É uma questão fisiológica simples. Se ela tivesse testículos entenderia. 2- Desde quando a sociedade não aceita mulheres em cargo de chefia? Bem, o que é preciso é mulheres mostrarem resultados. Só isso conta no mercado corporativo. 3- Mercado não tolera falta de educação. Mulheres tem tipicamente extrema dificuldade em se impor com educação em situações que assim o exigem. 4- Por questões biológicas filhos dependem desde o nascimento muito mais da mãe do que do pai. Toda a estrutura da humanidade desde que se existe estabeleceu o homem como provedor e a mulher como cuidadora. Nada contra mulheres priorizarem carreira, mas é incompatível com filhos. E não haverá uma inversão de valores nesse ponto nunca. 5- Hoje já tem mulheres que impõe tarefas aos homens em vez de dividir. 6- É exatamente o contrário, hoje a sociedade tolera bem mais a mulher com alcool do que o homem.

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