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Camila Pitanga: "No país, todo jovem negro parece ter um alvo na testa"

Camila Pitanga para a "Cosmopolitan Brasil" - Flora Negri/Divulgação Cosmopolitan
Camila Pitanga para a "Cosmopolitan Brasil" Imagem: Flora Negri/Divulgação Cosmopolitan

da Universa, em São Paulo

18/04/2018 11h37

Diretora do Movimento Humanos Direitos e Embaixadora Nacional da ONU Mulheres, a atriz Camila Pitanga tem exercido um dos mais importantes papéis de sua vida na luta pelos direitos da mulher e da população negra.

Sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, que completou um mês no último dia 14 e continua, por enquanto, sem respostas, Camila escreveu para a revista "Cosmopolitan Brasil" de abril.

"Marielle Franco alertou, foi ouvida e, por ser tão ouvida, foi morta; mas jamais silenciada. Marielle, presente. Camila, presente. Todas as vidas negras, presentes", pontuou.

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Para Camila, o assassinato da vereadora tem ligação direta com as bandeiras que defendia e, portanto, com seu forte combate ao racismo que não só exclui, mas acaba vitimando jovens.

"Negros excluídos em lugares sem o básico para sobreviver. A única mão que o Estado brasileiro estendeu à população negra, até o momento, é a que nos açoita. No meu país a cor da pele determina quem tem três vezes mais chance de ser assassinado. Que igualdade é essa?", questiona. 

Ela ainda afirma que é importante que brasileiros, de quaisquer tons de pele, se unam frente a esta violência. "Quando eu digo que a vida negra importa, não relativizo a vida dos brancos. Pelo contrário, estou convocando você à luta. Lembrando a você, irmão e irmã, o óbvio: que a vida do negro também importa e que estamos abandonados", diz.

"Estou gritando por uma união que representa “socorro” em um país onde todo jovem negro parece ter um alvo na testa. E se continuarmos nos calando, se não gritarmos que essas vidas importam, seguiremos enterrando nossos filhos". 

Ela ainda conclui: "Ser brasileiro é exaustivo para todos nós. Ser brasileiro e negro é quase insustentável!”