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Segurança e economia: mulheres buscam cursos de manutenção residencial

Em suas aulas, Mariana ensina a teoria da manutenção residencial e também ajuda as mulheres a meterem a mão na massa - Arquivo pessoal
Em suas aulas, Mariana ensina a teoria da manutenção residencial e também ajuda as mulheres a meterem a mão na massa Imagem: Arquivo pessoal

Helena Bertho

da Universa

10/04/2018 04h00

Há alguns anos, a prestação de serviços de manutenção por mulheres, como elétrica e hidráulica, se popularizou como alternativa mais segura para aquelas que tinham medo de receber homens em suas casas. Agora, as mulheres estão indo além e fazendo cursos para aprenderem a resolver esses problemas por conta própria.

A engenheira Thais Nobre, 24, é responsável por um desses cursos, chamado "Se Vira, Mulher". A ideia das aulas surgiu ao notar a enorme procura por prestadoras de serviços em um grupo de mulheres no Facebook. "Alguém comentou que gostaria de saber fazer essas coisas e eu pensei: 'por que não ensinar?'", conta ela, que aprendeu em casa o básico de elétrica, hidráulica e marcenaria.

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Ela e uma amiga idealizaram o curso e divulgaram. Em 24 horas, mais de 2.000 mulheres manifestaram interesse pelas aulas.

Depois de um curso, Tauana cuidou sozinha de rebocar, lixar e pintar as paredes de seu novo apartamento - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

"Economizei R$ 5 mil fazendo eu mesma"

A gestora de projetos Tauana Costa, 34, fez um curso do tipo no final do ano passado. "Eu sempre chamava outras pessoas para fazer para mim e morria de medo", conta.

Depois de um dia de aulas, onde aprendeu a manusear ferramentas, o básico de elétrica, hidráulica, marcenaria e uso de furadeira, ela disse quem novo mundo se abriu. "Eu saí me sentindo muito mais segura".

Em um mês, ela iniciou uma reforma em seu apartamento e já de cara estava preparada para negociar com os profissionais contratados. "Eu entendia o que ele estava falando". Mas, mais do que isso, contratou profissionais somente para aquilo que exigia trabalho especializado. O resto fez ela mesma. "Reboquei parede, lixei e pintei. Com isso, economizei uns R$ 5 mil".

Medo vem da falta de informação

Economia, autonomia e segurança são os principais fatores que levam as mulheres aos cursos, segundo a engenheira Mariana Pavan, 35, fundadora da Agiliza Lab, que também oferece aulas de manutenção residencial para mulheres. " As mulheres estão tomando para si essa autonomia de poder dizer: 'é minha casa, quero saber consertar um perrengue quando acontece', diz ela.

Thais ensina mulheres a fazer pequenos reparos elétricos em casa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Thais ensina mulheres a fazer pequenos reparos elétricos em casa
Imagem: Arquivo pessoal
Tanto ela quando Taís, notam que a maioria das alunas chega com medo, porque nunca teve contato com aquilo.

"É uma insegurança que vem do machismo, que diz que a gente não é capaz de aprender esse tipo de coisa", afirma Thaís.

Mas o medo é superado rapidamente, com ensinamentos básicos. "Mostramos que, com um mínimo de informação e dicas de segurança, é possível resolver a maioria dos problemas que surge em casa", diz Mariana.

De elétrica a jardinagem

As aulas de manutenção residencial variam, podendo ser divididas em módulos ou concentrando tudo em um dia só. Mas, independentemente do formato, costumam trazer conteúdos básicos que possibilitam fazer trabalhos como a troca de uma resistência de chuveiro, arrumar um interruptor ou uma torneira quebrada, colocar prateleiras etc.

"Nós ensinamos como as coisas funcionam, assim a mulher também pode perceber quando é preciso chamar um profissional ou quando ela pode resolver sozinha", diz Thaís.

Os conteúdos passam pelas ferramentas básicas que é bom ter em casa, como usá-las, elétrica, hidráulica, furadeira, paredes e marcenaria. Alguns cursos ainda trazem jardinagem e pintura.