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De lados opostos: quem são as mulheres que protestam contra e pró Lula

Francine (à esquerda) e Carina  - Reprodução
Francine (à esquerda) e Carina Imagem: Reprodução

Marcela Paes e Natacha Cortêz

da Universa, em São Paulo

04/04/2018 04h00

Elas agitam as redes sociais, sobem em caminhão de som, fazem vídeos no YouTube e encantam fãs que amam e odeiam Lula. Quatro mulheres, duas que brigam para ver o ex-presidente livre, e outras duas, que o querem na prisão, são figuras fundamentais nos protestos dessa semana. 

Francine Galbier, uma paranaense de 25 anos, formada em teatro e ex-estudante de direito, é uma das principais lideranças femininas do Movimento Brasil Livre, o MBL, organização responsável, ao lado da colega Vem Pra Rua, pelos protestos que tomaram a Avenida Paulista ontem, pedindo a prisão de Lula.

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Francine organiza as redes sociais do MBL e ontem passou o dia online chamando gente para as ruas de São Paulo e de mais outras cem cidades. O poder de fogo de seu trabalho? Só no Facebook, o grupo tem 2,6 milhões de seguidores. No YouTube, vídeos protagonizados por Francine e seus colegas batem quase 30 milhões de visualizações. "Os protestos servem para prender o maior bandido do Brasil", clama. 

A beleza, a eloquência e o discurso inflamado são os principais temas dos comentários gerados pelos vídeos de Francine. “Que loira linda é essa? Por ela eu até viro petista (mentira)”, diz um de seus fãs. “Por favor, Francine, poste mais conteúdo. Cansei de olhar para cara feia do Kim”, fala outro, referindo-se às postagens de Kim Kataguiri, a grande figura masculina do MBL.

No extremo oposto de Francine está Carina Vitral, presidente nacional do movimento União da Juventude Socialista  e pré-candidata à deputada estadual pelo PCdoB em São Paulo. A santista de 29 anos é uma das principais articuladoras, ao lado das organizações Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, de uma manifestação "em defesa da inocência de Lula e pela democracia", que deve acontecer às 9 horas de hoje, no Sindicato dos Metalúrgicos, no ABC Paulista. "Decidimos que depois de lá, o protesto deve seguir para frente da casa de Lula", diz ela. 

Carina também é bastante atuante nas redes sociais. No Facebook, em que tem quase 90 mil seguidores, ela postou um vídeo, em tempo real, do ato em defesa de Lula, ocorrido segunda-feira, 2, no Circo Voador, e que contou com as presenças de Chico Buarque, Marcelo Freixo, Manuela D'Ávila, além do próprio Lula.

Para ela, que começou a carreira política como presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), e nas eleições de 2016 disputou a prefeitura de Santos pela chapa PT e PCdoB, sair em defesa do petista é mais do que olhar para o habeas corpus que será julgado pela Suprema Corte. "É um ato contra o fascismo”. 

“A condenação de Lula tem viés político muito forte”, acredita. “Essa foi a discussão em que a gente mais conseguiu dialogar com outros setores da esquerda, que também defendem a presunção de inocência e a prisão somente depois todo o rito processual”, continua.

franciele e adelaide - reprodução/marcella costa - reprodução/marcella costa
Francine e Adelaide
Imagem: reprodução/marcella costa

"No Vem Pra Rua, a meritocracia existe”, diz Adelaide Oliveira, de 57 anos, líder nacional do movimento, para explicar sua ascensão na organização. Corretora de imóveis em áreas nobres de São Paulo, Adelaide começou no VPR em 2014, fazendo cartazes que os companheiros de causa e de direita carregavam nos protestos.

Dessa época até os dias de hoje, muita coisa mudou. Com a saída de Rogério Chequer, que fundou o VPR, agora, é Adelaide quem faz discursos em cima de carros de som em quase todos os protestos do grupo. Ontem, bradava de um deles: "Amanhã decidirão se o crime no Brasil compensa ou não; e eu sei que você quer se manifestar!". 

60% dos seguidores do Vem Pra Rua são mulheres com idades entre 35 e 50 e poucos anos.

Hoje, as mulheres são maioria no Vem Pra Rua. Tanto entre as organizadoras, quanto nos mais de 1,7 milhão de fãs do grupo no Facebook. “Cerca de 60% dos seguidores são mulheres com idades entre 35 e 50 e poucos anos”, diz Adelaide. “Com esse tanto de mulheres juntas, imagina o tanto de palpite”, brinca.

erika kokay e carina vitral - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Erika e Carina
Imagem: Reprodução/Instagram

Segunda, terça e quarta serão dias de luta que vão valer por uma vida.

A deputada federal Erika Kokay, de 60 anos, filiada ao PT, é outra das grandes agitadoras das manifestações pró Lula. Presidente do partido no Distrito Federal, ela vem convocando a população a comparecer na frente do Teatro Nacional Cláudio Santoro, hoje, ao meio-dia, para defender o ex-presidente. Um vídeo postado por Erika no Facebook, em que ela faz o chamamento, foi assistido quase 40 mil vezes. Para aumentar o número de apoiadores, a deputada ainda escreveu uma carta e a enviou por e-mail para os 62 mil filiados do PT no DF. "Segunda, terça e quarta serão dias de luta que vão valer por uma vida", diz Erika.

“Dia 4 estaremos ao lado da democracia, da Constituição, da presunção de inocência e do Estado de Direito. Não vamos compactuar com uma condenação política, fraudulenta e sem provas. É por Justiça que sairemos às ruas! #Lulalivre”, postou a deputada, que desde domingo, participa de protestos em Brasília e os divulga em suas redes sociais.