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"Além de preta, eu sou foda", dispara Karol Conká

Karol Conká  no Women’s Music Event - Anna Mascarenhas/ UOL
Karol Conká no Women’s Music Event Imagem: Anna Mascarenhas/ UOL

Daniela Carrasco

da Universa

16/03/2018 17h53

Em um dia ainda abalado pela notícia do assassinato da vereadora Marielle Franco, uma série de mulheres artistas e profissionais da música se reuniram no Women’s Music Event, que acontece em São Paulo, e tem como objetivo lançar luz sobre o protagonismo feminino no mercado musical. Entre as convidadas que subiram ao palco, estava a cantora Karol Conká, que se mobilizou pelo ocorrido e deu a letra sobre ser mulher negra em lugar de destaque.

“Sou preta e sou foda. Não tentem tirar a nossa vaidade”, disse. “O que aconteceu na quarta-feira não pode tirar isso da gente, apesar de ter tirado um pouco.”

Mas sua autoconfiança, às vezes, incomoda. “Uma vez uma seguidora veio me pedir desculpas porque eu disse num programa que me achava linda. 

Aplaudida por Eliane Dias, advogada e empresária dos Racionais MC’s, ela lamentou o fato de mulheres negras serem desacreditadas e terem que se esforçar ao dobro para serem reconhecidas. “Quando faz bem, alguém sempre encontra um motivo pra criticar. Quando faz mal, é criticada porque é a incompetência que se espera dela”, disse Eliane.

Karol é representante declarada do movimento que joga luz sobre autoestima e empoderamento feminino. Mas sente nos ombros o peso da obrigação imposta pelo público para que se posicione e seja ativista, cobrança comum aos artistas do RAP.

Ela diz ter entrado para esta cena musical, famosa por tocar nas feridas sociais, com uma proposta diferente. “Me disseram que eu tinha que falar de problema social, as pessoas me cobram. Mas não quero falar que meu pai era alcoólatra e minha mãe apanhava”, declarou. “Quero passar mensagens de conforto. Se eu mergulhar no sofrimento não tem Karol Conká.”

Segura de si, assumiu e continua assumindo a postura que acredita. “E quando subi no palco pela primeira vez, destrui todo mundo.” As críticas não a abala profundamente. “Só me permito, no máximo, um dia de sofrimento”, disse arrancando risos da plateia majoritariamente feminina.