Topo

Rebeca Gusmão: "Fiz lipoaspiração grávida e hoje ajudo mães a emagrecerem"

Amanda Serra

Do UOL, em São Paulo

30/01/2018 08h00

A nadadora Rebeca Gusmão, 33, viu sua vida e seus planos mudarem em 2008, quando foi banida do esporte após um exame antidoping dar resultado positivo no Pan 2007. Desde então, ela passou por um período de depressão e chegou a tentar o suicídio duas vezes.

Medalhista olímpica reconhecida, ela só retornou à vida pública em 2015 no reality show “A Fazenda”, onde ficou por seis semanas. Mas a transformação que deu um novo sentido à sua vida ocorreria no ano seguinte, ao dar à luz seu primeiro filho, Zeus.

Veja também

A gravidez não havia sido programada, tanto que Rebeca se submeteu a uma lipoaspiração nas costas e na barriga no início da gestação, sem saber.

"Logo depois da cirurgia, comecei a sentir fortes dores no abdômen e achei que era uma úlcera no estômago. Em uma das idas ao hospital, fiz um novo exame de sangue e deu positivo. Fiquei desesperada. Eu estava grávida de dois meses e já tinha feito a lipo, tomado anestesia e um monte de medicação. Também tinha tido uma queda feia. Na primeira tomografia, vi que estava tudo perfeito com meu filho. Hoje, olho para ele aos 2 anos e falo: ‘você é um guerreiro e nem sabe.’ Podia ter dado tudo errado”, relata.

Até então, para ela, a maternidade era uma realidade distante.

"A minha gravidez foi um milagre. Eu menstruava uma vez por ano porque tenho síndrome do ovário policístico e, como tive menopausa precoce, o meu nível de testosterona sempre foi mais alto. O médico sempre dizia que, se eu quisesse engravidar, precisaria fazer um tratamento. Acho que a loucura da ‘Fazenda’ mexeu com todos os meus hormônios. Saí do confinamento no dia 30 de outubro, dia 2 de novembro estava grávida. Falo para quem está demorando para engravidar que tem que ficar longe do marido um mês, sem comunicação nenhuma. Aí você vai para um lugar onde só tem gente louca, fica maluco também e volta cheia de saudade”, brinca. 

Durante a gestação, Rebeca engordou 28 kg e encontrou dificuldades em voltar a cuidar da própria saúde em meio à nova rotina com o bebê. E foi neste desafio que ela encontrou seu novo nicho de trabalho: hoje, ela é personal trainer e presta consultoria para mães que sentem necessidade de perder peso, mas precisam conciliar o processo com outras demandas da vida.

"O maior medo da mulher é o de se tornar mãe. Ninguém está preparada, por mais que tenha desejado isso. Depois que o bebê nasce e vai ficando mais independente, a mulher volta a prestar atenção nela e percebe que ficou 'largada' durante meses, anos até. O que mais recebo são mensagens do tipo: 'Sou mãe, amo meus filhos, mas me sinto um lixo'. O mais importante, antes de começar a perder peso, é tentar recuperar a autoestima", diz Rebeca.

"A maternidade transforma a mulher em todos os sentidos. A gente realmente se torna uma leoa. Foi um dos melhores sentimentos que já senti na minha vida. O amor do Zeus fez com que o amor que tinha pela minha família, pelo meu marido e amigos crescesse ainda mais", analisa.

App da mãe

Prestes a lançar um aplicativo fitness com dicas saudáveis, mensagens motivacionais e treinos, a atleta ainda é responsável pela rotina de exercícios de 25 alunas — com quem se comunica pelo WhatsApp.

No primeiro contato, Rebeca procura conhecer as motivações dessas mulheres. O treinamento físico só vem depois. “Recuperar a autoestima vale mais do que perderem ou não 1 kg na balança. O peso é uma consequência do fato de se estar bem consigo mesma", conta a educadora física, que cobra R$ 250 por mês. 

"O corpo passou por transformações durante meses, até tudo voltar ao normal leva tempo. Resultado exige sacrifício. Prestei atenção em todos os detalhes da minha experiência para poder ajudar outras mães”, explica. 

Pelo fato de Zeus não ser uma criança tranquila para dormir, a treinadora, por exemplo, só conseguiu estabelecer uma rotina de exercícios após o filho completar seis meses. Atualmente, ela treina três vezes por semana, pelo menos 1 hora por dia e faz três refeições ao dia. "Isso de comer de três em três horas não funciona para mim. Gosto de me alimentar bem no café da manhã e no almoço. Procuro viver sem radicalizar. É muito cruel colocar pressão na mulher, antes e depois da gravidez."

"Uma das minhas alunas comentou que não tinha tempo de malhar porque precisa cuidar da casa, ir ao mercado... Pedi a ela que usasse caneleiras para fazer algumas atividades. Ela perdeu 5 kg. Eu mesma fiz isso, elas não são minhas cobaias", diz.

Doping & cirurgia plástica

"Em breve vou fazer uma bioplastia no bumbum para ficar mais gostosa ainda. E não tenho vergonha de falar sobre as intervenções que faço. As pessoas costumam dizer: ‘mas você é atleta’. E aí? Esse negócio besta de ficar negando, que os artistas costumam ter, para quê?”, argumenta Rebeca, que nega ter usado hormônios quando competia.

"Sobre essa história (doping) muitas coisas ainda vão aparecer, já começaram a vir à tona na verdade. Como atleta nunca usei anabolizantes. A única vez que usei hormônios, já não era mais atleta e foi com acompanhamento médico para me recuperar da fase em que tive depressão e problemas hormonais, porque estava entrando na menopausa precoce”, conclui. 

A "mamãe fitness" por Rebeca Gusmão

  • Escolha uma atividade que seja adequada ao seu momento. “Fiz apenas natação [durante a gestação], pois isso me ajudava com as dores na lombar e evitava o impacto”
  • Retome as atividades físicas após a liberação do médico
  • Mantenha uma dieta balanceada, com acompanhamento médico e nutricional
  • Seja paciente consigo mesma e peça ajuda quando encontrar dificuldades.