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'Fui madrinha com um vestido de R$ 25', diz mulher que só compra em brechó

A designer e produtora de conteúdo Ana Mastrochirico, que, há três anos, só compra roupas em brechós - Arquivo Pessoal
A designer e produtora de conteúdo Ana Mastrochirico, que, há três anos, só compra roupas em brechós Imagem: Arquivo Pessoal

Bárbara Therrie

Colaboração para o UOL

30/01/2018 04h00

Há três anos, a designer e produtora de conteúdo Ana Mastrochirico,30, só usa roupa de brechó. Acostumada a ouvir que o local é sujo e só tem coisa velha, ela afirma que é, nesse tipo de loja, que encontra seus maiores “tesouros”.

“Fui madrinha de casamento, linda e poderosa, com um vestido que paguei R$ 25, e ninguém dizia que era de brechó”, conta.

A seguir, Ana fala sobre sua preferência por “roupas de vovó” e diz como se mantém bem-vestida com peças de segunda mão.

“Detestava comprar roupa nessas lojas fast fashion e ver outra pessoa com a mesma peça. Eu me questionava por que todo mundo tinha de se vestir igual. Isso me incomodava demais.

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Comecei a ir em bazares beneficentes e achar coisas bem diferentes, que ninguém mais tinha. O fato de serem roupas usadas nunca foi um problema para mim.

Já tinha essa experiência por causa das peças que pegava da minha avó, da época em que ela ia para bailes e dançava tango. Adorava provar e ver como ficavam em mim. Até hoje, o que mais gosto de garimpar são ‘roupas de vovó’. Tenho um vestido de linho com ombreiras, da década de 1980, que me sinto muito bem toda que vez que uso.

A designer e produtora de conteúdo Ana Mastrochirico só compra roupa em brechó; personagem de matéria de UOL Estilo - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
A designer com a sua camisa da sorte
Imagem: Arquivo Pessoal
Cansei de ouvir as pessoas falarem que brechó é sujo, que cheira à naftalina, é empoeirado e só tem trapo. Mas eu sabia que dava para ter estilo e estar bem-vestida usando uma roupa de segunda mão, com preço acessível.

Foi para provar isso que criei, em 2015, o projeto #365diasdebrecho. Inicialmente, a ideia era só para aquele ano, mas, à medida que fui estudando sobre consumo consciente, descobrindo-me e economizando, tornou-se algo tão natural, que até hoje vivo de roupa usada.

Já visitei dez brechós em um único dia, e mais de cem, em toda a minha vida"

Quando vou ao brechó, é sempre uma caça ao tesouro. Fui madrinha de casamento, linda e poderosa, com um vestido que paguei R$ 25, e ninguém dizia que era de brechó.

A designer e produtora de conteúdo Ana Mastrochirico só compra roupa em brechó; personagem de matéria de UOL Estilo - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Ana com o vestido de R$ 25 com o qual foi madrinha
Imagem: Arquivo Pessoal
A melhor aquisição que fiz foi uma camisa marrom estampada, que é meu xodó. Ela é minha camisa da sorte. Consegui trabalho em todas as entrevistas de emprego que fui com ela.

A pior foi uma calça de linho, que paguei R$ 2. Tinha certeza de que ela ia ficar linda e chique em mim. Quando provei em casa, a peça não me serviu. Fiquei muito frustrada. Após garimpar as roupas, lavo, passo e coloco no armário. Cada peça ‘nova’ que entra, tiro uma minha para doar ou vender.

Em 2016, como não arranjava emprego por causa da crise, uni minha habilidade de garimpar com a experiência de vendedora, e passei a vender roupas usadas pelo Instagram.

Nunca sofri preconceito pelas minhas escolhas, pelo contrário, as pessoas me elogiam bastante. Já fui parada na rua por uma mulher que queria saber aonde eu havia comprado a calça que estava usando. Sempre respondo que é peça de segunda mão.

Sinto liberdade de não precisar mais usar o que a moda impõe. Visto o que gosto e o que fica bom no meu corpo. É algo que adaptei na minha vida e pretendo seguir para sempre.”

Dicas da Ana para comprar em brechó

A designer e produtora de conteúdo, Ana Mastrochirico,30, só usa roupa de brechó; personagem de matéria de UOL Estilo - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Ana pagou só R$ 2 na camisa desta foto
Imagem: Arquivo Pessoal
Tem de garimpar. "Já fiquei quatro horas procurando peças em um brechó."
 
Procure por tecidos de qualidade.
 
Olhe cada peça com cuidado, veja se não há furos ou manchas.
 
Fique de olho nas pechinchas. "Já garimpei um broche de R$ 1, uma camisa estampada de botão, de R$ 2, e uma bolsa, de R$ 5.
 
Não basta a roupa ser bonita, ela tem de servir, por isso provar é fundamental.
 
Ao analisar uma peça, pense em possíveis adaptações. "Tem roupa que a gente não dá nada por ela, mas, com alguns truques, vira outro look."