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Flacidez é a obsessão do momento nos consultórios estéticos

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Imagem: Getty Images

Daniela Carasco

do UOL, em São Paulo

30/01/2018 04h00

Ainda que o debate sobre o fim da palavra "anti-idade" tenha crescido no mundo da beleza, nos consultórios, a procura por retardar os sinais do tempo ainda é alta, confirmam dermatologistas e cirurgiões plásticos. Além de rugas, manchas e linhas de expressão, reina na lista de queixas a flacidez. E não é só o envelhecimento que impacta na perda do tônus da pele. Em tempos de aumento da obesidade entre brasileiros, o efeito sanfona fez dela a obsessão estética do momento.

Segundo o Ministério da Saúde, nos últimos dez anos o número de obesos no país aumentou 60%. Não à toa, só em 2016, houve crescimento de 7,5% de cirurgias bariátricas, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. “O efeito sanfona pós-cirurgia tem feito crescer a busca por tratamentos e técnicas que retardam a perda do tônus da pele”, conta Níveo Steffen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

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Do envelhecimento à perda de peso, sobram dúvidas sobre o que de fato faz a pele cair. Tomar colágeno resolve? A flacidez acontece de maneira diferente entre homens e mulheres? Alguns tipos de cútis são mais resistentes?

Além do Dr. Steffen, consultamos o cirurgião plástico Pedro Soler Coltro, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, a fisioterapeuta dermatofuncional Ana Julia Graf e a dermatologista Ana Paula Garcia, da Clínica Carla Vidal, para esclarecer as principais dúvidas que ainda envolvem o assunto.

A partir de qual idade a flacidez começa a dar as caras?

A partir dos 30 anos já é possível notar perda de firmeza gradual da pele, cerca de 1% a cada ano. A queda se acentua aos 50, quando a produção de colágeno e elastina -- fibras responsáveis pela sustentação -- cai a 35%.

Existe alguma parte do corpo que “cai” mais rápido?

O organismo produz mais de 20 tipos de colágeno, com cargas genéticas distintas. Aquelas concentradas na região posterior do braço -- a do famoso tchauzinho -- e entre as coxas são as menos resistentes. Por isso, são locais em que a flacidez se torna aparente mais rapidamente.

A pele feminina sofre mais com a flacidez do que a masculina?

Sim. As alterações hormonais provocadas no organismo feminino, principalmente durante a menopausa, provocam enfraquecimento na síntese de colágeno, deixando a pele das mulheres mais frágil e suscetível à flacidez.

Alimentação e exercício físico ajudam mesmo?

Sem dúvida! Considerando que as fibras de colágeno são fibras de proteína, seguir uma dieta rica nesta fonte é fundamental para continuar com tudo em cima. Já os exercícios são ótimos aliados da tonificação muscular, que age diretamente na sustentação cutânea.

Celulite está ligada à flacidez?

Apesar de a perda de firmeza da pele provocar ondulações que se assemelham ao aspecto visual da celulite, fisiologicamente não há relação entre elas.

Qual tipo de pele é mais resistente à flacidez?

A pele negra tem fibras de colágeno de melhor qualidade, por isso costuma ser mais resistente aos sinais da idade. Já as brancas são mais suscetíveis ao fotoenvelhecimento, que age diretamente na perda da elasticidade. Essa diferença é genética e, por isso, se transfere de geração em geração.

Quais fatores externos interferem na sustentação da pele?

Uso de anticoncepcionais, cigarro, bebidas alcoólicas e estresse diminuem a absorção de vitaminas e minerais pela pele, provocando o aspecto indesejado.

Tomar cápsula de colágeno resolve?

Nem sempre a reposição via oral traz efeitos significativos à pele. O colágeno é uma proteína, que é quebrada em aminoácidos durante a digestão. Após a quebra, ele entra na corrente sanguínea e passa a ser utilizado para a produção de todas as proteínas do corpo, não necessariamente a de moléculas de colágeno. Por isso, as cápsulas são vistas pela maioria dos especialistas como um recurso de marketing sem garantia efetiva.

O que eu devo procurar no rótulo de um cosmético com o intuito de evitar a flacidez?

Em cremes de uso tópico, argireline, vitamina C, vitamina E, silício e ácido hialurônico são ativos importantes para estimular a síntese das fibras de sustentação da pele.

Quais são as técnicas não-cirúrgicas mais indicadas para reverter o aspecto flácido?

O preenchimento de ácido hialurônico está no topo do ranking dos mais indicados pelas dermatologistas quando o assunto é flacidez facial. Entre os mais modernos, destacam-se injeções de hidroxiapatita de cálcio ou ácido polilático, além de tratamentos de radiofrequência. No rosto, os lasers -- CO2 Herbium e ND-Yag Q Switched -- também prometem bom resultado.

Quando é necessário optar por cirurgia?

Normalmente, em casos graves de flacidez pós-cirurgia bariátrica ou gravidez -- duas situações marcadas pelo famoso efeito sanfona. Em ambos os casos, a abdominoplastia é a mais indicada. Quando a queixa é relacionada às mamas, a mastopexia funciona para a remoção do excesso de pele e suspensão dos tecidos mamários, podendo ou não ser associado a prótese de silicone.