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Cyntoia, a mulher que Rihanna e Kardashian querem salvar da prisão perpétua

Adriana Nogueira

Do UOL

28/11/2017 16h13

A norte-americana Cyntoia Denise Brown tem 29 anos e foi condenada, aos 16, à prisão perpétua por matar Johnny Allen, um funcionário público de 43 anos. Apesar de já estar presa há 13 anos, a história da garota ressurgiu com força total nas duas últimas semanas, engajando famosas como Kim Kardashian, Rihanna e Cara Delevingne em uma campanha por sua libertação.

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A mobilização resultou em uma petição endereçada ao governador do Tennessee, Bill Haslam, Estado onde ela está presa, pedindo clemência, e assinada até o momento por mais de 420 mil pessoas. Mas por que está todo mundo falando disso agora?

Entenda o caso

Tudo começou depois de um clipe com cenas de um documentário sobre Cyntoia ser exibido em uma emissora de TV de Nashville. “Me Facing Life: Cyntoia's Story” (Encarando a Vida: a História de Cyntoia, em tradução livre do inglês) foi lançado por Daniel Birman, em 2011, por uma produtora independente.

O cineasta acompanhou os sete primeiros anos de Cyntoia atrás das grades, no presídio feminino do Tennessee, onde nasceu. Ao que tudo indica, essa exibição inspirou um post nas redes sociais que viralizou e chamou a atenção das famosas citadas acima, entre outras personalidades.

Adotada aos 2 anos

No documentário, está a história de abandono e sofrimento que antecedeu a prisão da garota. Cyntoia foi dada para adoção aos dois anos e só voltou a reencontrar a mãe biológica, Georgina Mitchell, quando já estava presa. Georgina tinha problemas com abuso de álcool e também tem passagem pela cadeia.

Cyntoia foi criada pela professora, Ellenette Brown. A adolescência da garota foi marcada por um histórico de abusos físicos, sexuais e drogas.

Aliciada como prostituta

Aos 16 anos, Cyntoia foi viver com um homem que a forçava a se prostituir. Uma noite, em agosto de 2004, ela estava na frente de um restaurante de fast-food, em Nashville, quando foi abordada por Allen, um funcionário público, que a levou para sua casa, para fazer sexo com ela.

Segundo o documentário, no local, o comportamento estranho de Allen aterrorizou Cyntoia. O homem mostrou a ela sua coleção de armas e disse que havia sido "atirador no exército". Com medo, ela tentou escapar, mas não conseguiu.

Em seu testemunho, Cyntoia disse que achou que o homem ia matá-la e, por isso, atirou nele, como forma de se defender. Ela usou uma pistola dada a ela por seu cafetão e fugiu com uma das armas de Allen.

O júri rejeitou a alegação de legítima defesa e ela foi condenada por assassinato e prostituição a prisão perpétua, com possibilidade de liberdade condicional após 51 anos.

Universitária atrás das grades

Na cadeia, Cyntoia tem se dedicado a estudar. Ela concluiu o ensino médio e agora faz parte do programa The Life, da Universidade Lipscomb.

Por meio dele, internas do presídio feminino de Tennessee fazem aulas de humanidades, que depois podem virar créditos de matérias cursadas em outras universidades, nas quais as presidiárias queiram estudar após o cumprimento da sentença.

Lei mudou

O tratamento jurídico dado ao caso de Cyntoia teria sido outro se o crime tivesse acontecido em 2011. Nesse ano, o Tennessee mudou sua legislação para evitar que menores de 18 anos fossem acusados de prostituição. A alteração faria com que a garota tivesse tratamento de vítima, já que tinha 16 anos quando tudo aconteceu.

Cyntoia tem um advogado trabalhando em seu caso há sete anos, Charles Bone, que a atende gratuitamente. Mas, depois de a história ter se tornado viral, Kim Kardashian disse que colocaria os próprios advogados para encontrarem um meio de tirá-la da prisão.