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Mulheres com mais de 80 contam como foi viver sua sexualidade décadas atrás

Helena Bertho

do UOL

15/11/2017 04h00

Já parou para pensar como foi a primeira vez da sua avó? Imagine como deve ter sido descobrir a sexualidade em uma época em que casar virgem era a regra, a pílula nem existia e o clitóris ainda não era entendido por completo pela ciência.

A sociedade era diferente e a relação com a sexualidade feminina, então, nem se fala! Encontros casuais? Nem pensar. Descobrir o que é sexo, muitas vezes, acontecia só na noite de núpcias. Conversamos com mulheres de 80 ou mais sobre isso, e elas contaram como foi viver a sexualidade numa época em que o assunto nem sequer era tratado dentro de casa.

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Completamente sem conhecimento sobre o que encontrariam ao se casar, a primeira vez foi um grande susto para elas. Dona Elvira Santinho, 84, conta que ficou em choque: "Eu não sabia nada, nunca tinha visto ou sentindo. Você imagina, não sabia que o negócio era quente, que o negócio era duro... Levei um susto e saí correndo, fiquei em pé encostada na janela a noite inteira, não quis voltar para a cama",

Se a história dela parece engraçada, outras são tristes, como a de Dona Odete dos Santos, 84, que saiu machucada da primeira noite, morrendo de vergonha por não conseguir andar no dia seguinte, diante dos parentes com quem dividia a casa.

Sexo era obrigação das mulheres no casamento, mas o prazer delas era esquecido. Só uma das entrevistadas disse que o marido era carinhoso. Para as outras, o prazer não era uma preocupação. Na verdade, muitas vezes transar significava engravidar e o sentimento que predominava era o do medo.

Faltava informação e autoconhecimento. Olhar a própria vagina? Para a maioria, algo fora de consideração. Masturbação? Também. Para algumas delas, a libertação veio mesmo com a morte do marido e a esperança de poder educar suas filhas para viver de forma diferente.