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Ellen Page acusa diretor de homofobia e denuncia assédios em Hollywood

04.mar.2014 - Atriz Ellen Page na festa pós-Oscar promovida pela revista Vanity Fair - Getty Images
04.mar.2014 - Atriz Ellen Page na festa pós-Oscar promovida pela revista Vanity Fair Imagem: Getty Images

Do UOL

10/11/2017 18h14

A atriz Ellen Page, 30, fez uma publicação em seu Facebook nesta sexta-feira (10), denunciando comportamentos abusivos dos quais foi vítima mais de uma vez, em Hollywood. Ela acusa Brett Ratner, o diretor de "X-Men 3: O Confronto Final" (filme de 2006) de tê-la humilhado com comentários homofóbicos, além de outros casos em que vivenciou assédio sexual.

Segundo a atriz, durante um encontro do elenco de X-Men, Ratner teria dito a outra mulher, apontando para Ellen: "você deveria f*dê-la para ela entender que é lésbica". A situação, conta Ellen, aconteceu quando ela tinha 18 anos e foi presenciada por outras pessoas envolvidas na produção.

"Eu era uma jovem adulta e não tinha saído do armário nem para mim mesma. Me senti violentada quando isso aconteceu. Olhei para meus pés, não disse uma palavra e assisti a ninguém se manifestando", escreveu Ellen em sua página.

Recentemente, o diretor e produtor Brett Ratner já havia recebido acusações de assédio sexual por seis mulheres dentro da indústria, entre elas, a atriz Olivia Munn e a modelo Natasha Henstridge. Enquanto a primeira relatou que ele se masturbou na frente dela, a segunda contou que o diretor a forçou a fazer sexo oral nele no início dos anos 90.

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A atriz ainda conta que assistiu a outros comportamentos inadequados do Ratner, como quando fez comentários sobre a genitália de outra mulher integrante da produção.

Ellen explica que todo mundo tem direito de assumir sua orientação sexual de forma privada e do seu próprio jeito. "Essa revelação pública e agressiva me deixou com sentimentos de vergonha por muito tempo, um dos resultados mais destrutivos da homofobia. O comentário de Ratner repercutiu em minha mente muitas vezes ao longo dos anos. A diferença é que agora eu posso usar minha voz para lutar contra essas atitudes preconceituosas em Hollywood e além", explicou Page.

A canadense, que atua desde os 10 anos, conta ainda que sofreu assédio sexual de outros figurões da indústria cinematográfica quando tinha apenas 16 anos, mas sem citar nomes.

Em um jantar profissional, um diretor acariciou a perna dela por baixo da mesa. "Tive a sorte de me afastar dessa situação. Foi uma constatação dolorosa: minha segurança não estava garantida no trabalho. Fui atacada sexualmente com um apertão meses depois. Um diretor me pediu para dormir com um homem de vinte e poucos anos e depois contar para ele como foi. Eu não aceitei. Isso tudo aconteceu apenas nos meus 16 anos, um adolescente na indústria do entretenimento", desabafou.

Comentando sobre os recentes casos de assédio que têm sido denunciados, Ellen afirmou que deseja que estes homens abusadores encarem as consequências de seus atos.

"Quero que eles não tenham mais poder. Quero que eles sentem e pensem sobre quem são sem seus advogados, sem seus milhões, seus carros chiques, imóveis e status de playboy arrogantes. O que eu mais quero é que isso ajude a curar as vítimas. Para que Hollywood acorde e comece a tomar alguma responsabilidade por como nós todos temos nosso papel nisso. Estou grata a qualquer um e todos que falem contra os abusos e traumas que sofreram. Vocês estão quebrando o silêncio. Vocês são a revolução", disse Ellen.

Assediadores continuam trabalhando

Ellen aproveitou seu texto para relembrar outros casos famosos de abusos. "Veja o que aconteceu com os menores de idade que denunciaram abusos sexuais em Hollywood. Alguns deles não estão mais entre nós, perdidos para o abuso de substâncias e o suicídio. Seus algozes? Ainda estão trabalhando. Protegidos mesmo enquanto escrevo isso".

A atriz cita as acusações contra Bill Cosby, Harvey Weinstein, Roman Polanski, Woody Allen e até Donald Trump, afirmando que as pessoas já sabiam do comportamento deles como predadores sexuais, mas agiam como cúmplices ao simplesmente olhar para o lado e fingir não perceber.

"Quantos homens na mídia -- titãs da indústria -- precisam ser expostos para entendermos a gravidade da situação e para exigir a segurança fundamental e o respeito que é nosso direito?", questiona.

Ellen ainda afirma que ter trabalhado com Woody Allen -- que já foi acusado de abusar de uma enteada menor de idade -- é um de seus maiores arrependimentos. Ela também protesta como Roman Polanski ainda é celebrado, mesmo sendo um fugitivo da justiça, condenado por drogar e estuprar uma garota de 13 anos.

Após relembrar os demais casos de denúncia, Ellen afirma que estes não são os únicos abusadores. "Vamos ser verdadeiros: a lista é longa e ainda é protegida pelo status quo. Temos trabalho para fazer. Não podemos mais olhar para o outro lado", escreveu.