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"Aos 59 anos, ainda me considero um símbolo sexual", diz Nicole Puzzi

Nicole Puzzi - Divulgação
Nicole Puzzi Imagem: Divulgação

Daniela Carasco

do UOL

02/08/2017 04h00

O título de "musa da pornochanchada" ainda envaidece Nicole Puzzi, 59. Aos 17, a atriz estreou no cinema em cenas quentes, no filme "Possuídas pelo Pecado" (1975). Foi o primeiro de uma sequência de mais de 30 longas. "Ainda me considero um símbolo sexual", garante ela, que hoje comando o programa "Pornolândia", do Canal Brasil. A atração de entrevistas empoderadas sobre transexualidade, hackeamento do corpo e até "não-prazer" está entre as mais assistidas da emissora. "Nunca fui tão reconhecida nas ruas quanto agora", diz. 

Nicole conta que até hoje recebe convites para atuar em produções eróticas. "Não topo, porque não mudaria minha vida financeiramente", diz. Manda nudes? "Não. Acho meio tolo, mas respeito quem gosta. Se me mandarem, bloqueio. Sempre trabalhei com sexualidade e com nudez. Então não quero ter que lidar mais com isso quando chego em casa".

Entre quatro paredes, se descreve como "tradicional". Nunca recorreu, por exemplo, a fantasias sexuais. "Se um homem me pedir, levanto e vou embora." Sexo para ela só por prazer. "Nunca fui prostituta, sou atriz do cinema nacional. Já recebi muitos convites, inclusive de políticos. Se tivesse aceitado, estaria milionária".

Foi a pornochanchada que me deu a minha primeira casa. Não enriqueci, mas vivo uma vida confortável"

No final dos anos 90, sentiu o estigma pesar. "Entrei em depressão, achei que não ia mais conseguir trabalhar". Se mudou para a Itália, onde passou três anos e, assim que voltou ao Brasil, foi surpreendida pelo convite da diretora Monique Gardenberg, para atuar em "Paraíso Perdido", que ainda não tem data de estreia. No longa, viverá uma dona de boate e dividir cena com Erasmo Carlos e Zeca Baleiro. 

Nicole Puzzi - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação
"Apanhei na rua por ser sex symbol"

Dona de um corpão curvilíneo, Nicole diz ter atraído a ira de muitas mulheres enciumadas. "Lembro de estar andando na rua e ser abordada a cotoveladas por uma, no final do anos 70. O marido era meu fã".

Com autoestima elevada, a atriz não se faz de modesta na hora de se descrever. "Acho que sou bem bonita para a minha idade. Quando olho no espelho, quase sempre nua, sei que sou sexy". Entre as musas de hoje, ela elege Juliana Paes. "De certa maneira, abri espaço para as musas de hoje em dia." 

Para manter o corpo em forma, segue uma alimentação vegana, faz exercícios físicos quase que diariamente e não condena cirurgia plástica. Fez uma lipoaspiração há dez anos e pretende repeti-la, junto com uma redução dos seios. "Sou favorável a tudo o que faz feliz, desde que não seja vício. Sou contra qualquer coisa que escravize". E isso vale para todos os aspectos de sua vida.

"Nunca me casei e sou uma solteira feliz"

Nicole se diz solteira convicta. Teve muitos namorados e paixões, mas cada um na sua casa. "Fui mãe solteira antes da Xuxa e foi a melhor coisa me aconteceu, apesar de ter enfrentado muito preconceito por isso. Fui convidada a tirar minha filha [Dominique, 34 anos] de um colégio de freiras quando descobriram que eu não era casada. Era escandaloso na época.”

Dominique foi criada pela mãe com a ajuda da avó e de uma babá travesti. "Eu vivi uma vida sem tabus. Juliana queria deixar a vida de garota de programa e eu a ajudei. Viramos grandes amigas. Infelizmente, ela se foi, vítima de AIDS. Sinto a falta dela até hoje".

Feliz em sua própria companhia, Nicole só aceita dividir o lar com seus cachorros. Ela vive com seis, em um apartamento no bairro do Butantã, em São Paulo. Todos resgatados da rua. A causa animal está entre as bandeiras que levanta há mais de duas décadas. Em 2013, ela estava entre os ativistas que invadiram o laboratório de pesquisa Royal, para libertar os cães que serviam de cobaia.

"Amo os animais e prefiro me dedicar a eles. Eles que me acompanham nessa aventura que a gente chama de vida".