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WhatsApp: pega mal não responder grupo do trabalho fora da empresa?

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Imagem: iStock

Gabriela Guimarães e Marina Oliveira

Colaboração para o UOL

31/07/2017 04h00

Você já está em casa, deitada no sofá, com o dedo no controle remoto para dar play na série, quando chega mensagem no grupo de WhatsApp da empresa. Como lidar? Ignorar ou participar da conversa? A resposta, segundo especialistas, é clara: você pode fazer o que quiser.

No Brasil, a lei prevê que, após o fim da jornada diária, você tem direito a 11 horas de descanso. “Isso é para garantir o restabelecimento da saúde física e mental do trabalhador”, diz o advogado Leandro Moreira da Rocha Rodrigues, especializado em Direito Material e Processual do Trabalho. Nesse intervalo, você até pode responder mensagens do chefe, mas fará isso porque é dedicada, e não por ser obrigada.

A exceção é quem está de plantão à distância e, mesmo em casa, deve ficar à disposição da empresa. “Nesse caso, tem de haver uma cláusula específica no contrato de trabalho”, explica o advogado Mauricio Nahas Borges, mestre em Direito do Trabalho. Quem fica de sobreaviso recebe pelo plantão -- um terço do valor da hora normal para cada hora, pelo tempo máximo de 24 horas seguidas. Se for chamado para trabalhar, deverá receber hora extra.

Pega mal não responder?

Depende. Se as mensagens fora de hora chegam com frequência e isso não foi conversado na contratação, é aceitável não responder. Só que em vez de simplesmente ignorar os chamados, é melhor chamar o chefe para uma reunião. “É preciso questionar qual é a expectativa dele, se é realmente necessário que você esteja sempre disponível”, diz a psicóloga e consultora de carreira Daiane Riberio.

Às vezes, as mensagens são sobre tarefas que poderiam ter sido passadas ou alinhadas antes. Outro cenário possível é que o chefe mande mensagens fora de hora por estar na empresa em um horário diferente da equipe -- por começar a trabalhar cedo demais ou ir até muito tarde. Nos dois casos, vale conversar. “A relação funciona quando há um acordo do que é aceitável para a empresa e para o funcionário”, diz a psicóloga Claudia Carraro, especialista em Orientação de Carreiras.

Em situações mais críticas, há que ser tolerante. Alguns projetos, ainda quem bem planejados, podem sair do controle e exigir uma solução imediata, a hora que for. “Flexibilidade é uma competência valorizada nos profissionais”, diz Daiane.

Quando cabe ação judicial

Caso você se sinta prejudicada, pode recorrer à Justiça do Trabalho para pedir o pagamento de horas de sobreaviso ou jornada de trabalho extraordinária -- a famosa hora extra. “Responder ao WhatsApp fora do horário de trabalho por vontade própria e gastar poucos minutos não é motivo para horas extras”, diz Borges. “Mas se o trabalhador tem sua mobilidade reduzida em seus horários de folga, é controlado pelo empregador por celular e tem a obrigação de ficar de prontidão, faz jus ao adicional de sobreaviso”, explica o advogado trabalhista Marcos Vinicius Martelozzo, do escritório Martelozzo e Rodrigues Sociedade de Advogados.

Para entrar com uma ação, é preciso reunir provas de que era obrigada a trabalhar em plantão à distância, sem poder desligar o celular ou computador e que ainda tinha de atender rapidamente o chefe, quando requisitada.