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Briga de Marcos e Emilly não foi só uma briga de casal

Marcos e Emilly discutem feio após o fim da festa Emoções - Reprodução/Gshow
Marcos e Emilly discutem feio após o fim da festa Emoções Imagem: Reprodução/Gshow

Helena Bertho

do UOL, em São Paulo

09/04/2017 16h43

Na noite de sábado, Marcos e Emilly tiveram mais uma discussão no Big Brother, mas dessa vez a atitude do médico deixou internautas preocupados. Em um determinado ponto da briga, ele encurralou a namorada em um canto da sala e apontou o dedo na cara dela enquanto gritava, algo que já havia feito em outras situações no reality.

Espectadores indignados começaram a exigir que Marcos fosse expulso do programa, trazendo à tona uma questão: qual o limite de uma briga de casal e da violência?

Segundo especialistas ouvidas pelo UOL, a forma como o brother agiu pode sim ser considerada violência, apesar de não ter chegado a bater em Emilly. "Ele tem muito mais força física do que ela, e encurralar contra a parede é uma forma de ameaça", explica a psicóloga e sexóloga do Hospital Pérola Byington, Quetie Mariano.

Segundo ela, brigas são parte importante dos relacionamentos, mas elas precisam acontecer sem ameaças, sem deixar o outro acuado. "O limite de quando uma briga se torna violenta é muito subjetivo, para ambos os lados. Homens também sofrem abusos, mas por vivermos em uma sociedade machista, a possibilidade de acontecer com uma mulher é muito maior", explica.

A violência tende a aumentar

Essa forma de violência, que fica na ameaça, é chamada de violência psicológica. "Nas relações de casais existem várias formas de violência: física, patrimonial, moral e psicológica. E a psicológica é a mais difícil de identificar. Ela envolve humilhação, ameaças, desvalorização, desrespeito, chantagem ou manipulação, não deixa marcas físicas", afirma a professora a psicóloga e professora da Universidade Federal da Bahia, Darlane Andrade.

No caso específico do reality show, por exemplo somente a postura, tom de voz e os gestos de Marcos deixavam claro a violência. Quetie destaca que houve ali uma comunicação invertida: "é comum o homem, para não passar essa impressão de ser agressivo, acabar trazendo palavras mais bonitas. Ali, o que Marcos falava era coerente, mas dizia com o dedo na cara dela. A fala dele trazia uma coisa, mas o corpo mostrava outra completamente diferente".

Além disso, as psicólogas dizem que pode haver um escalonamento da violência nos relacionamentos: gritos e ameaças vão se tornando cada vez mais comuns, até que a violência física aconteça.

Um compilado de vídeos do casal do BBB feito por internautas, mostra que Marcos muitas vezes ultrapassou essa linha: ele é visto segurando os pulsos, puxando o cabelo e beliscando Emilly, que várias vezes pede para que pare e reclama.

 

A provocação não justifica

Olhando o vídeo da briga, é perceptível que Emilly estava gritando e provocando Marcos na discussão, no entanto, para Quetie isso não justifica a reação violenta do médico. "Às vezes as pessoas provocam, mas a gente precisa ter a capacidade de ver que há uma provocação e colocar um limite e não agredir. Até por ele ser homem e muito maior que ela, ele estava numa relação de força, quase que dizendo: ´você pode gritar, mas eu sou mais forte.´".

Marcos só se afastou de Emilly quando Marinalva, acordada pelos gritos, interrompeu a briga. A atitude da paratleta reforça a importância de sempre intervir ao presenciar situações de violência. "O ideal é a mulher ter recursos para conseguir ela mesma interromper a violência, mas se ela não consegue, vir alguém de fora é importante", reforça Quetie.