Topo

Após perder tudo em incêndio, jardineiro ganha chance com post no Facebook

O jardineiro Wallace Sinhorelli, que pagou curso de paisagismo recolhendo papelão e latinhas - Reprodução/Facebook
O jardineiro Wallace Sinhorelli, que pagou curso de paisagismo recolhendo papelão e latinhas Imagem: Reprodução/Facebook

Adriana Nogueira

Do UOL

03/04/2017 12h28

O jardineiro Wallace Sinhorelli, 44 anos, bate de porta em porta oferecendo seus serviços. Mas ele não tem só habilidade com plantas, o homem é paisagista formado pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). “Sabe aquelas árvores desenhadas do filme ‘Edward Mãos de Tesoura’? Sei fazer igualzinho, no formato que você quiser”, fala Wallace, referindo-se ao longa estrelado por Johnny Depp, de 1991.

Para pagar o curso de especialização –que na época tinha mensalidade de R$ 420--, Wallace recolheu papelão e latinhas durante um ano por São Paulo. “Como não sei roubar, não sei fazer coisa errada, puxei carroça”, conta ele, que sustenta a mãe de 96 anos e a filha, de nove.

A história do jardineiro paisagista ganhou o Facebook, na quinta-feira (30), quando ele bateu na porta da casa de Gustavo Cirilo. Sensibilizado, o rapaz falou sobre a trajetória de Wallace na rede social, dando o telefone celular de contato do profissional.

Até esta segunda-feira (3), o post tinha mil reações e 942 compartilhamentos. “Melhorou um pouco”, falou o jardineiro para o UOL, por telefone, sobre a repercussão da postagem, enquanto atendia um cliente conquistado pela ação na rede social.

Wallace só conseguiu fazer o curso de paisagismo porque não tinha de pagar aluguel, despesa que tem de arcar agora. Ele morava em uma casa própria, na comunidade Casarão, no Tatuapé, na zona leste da cidade, só que perdeu tudo em um incêndio, em 27 de dezembro de 2016.

Ele, a mãe e a filha tiveram de se mudar para uma casa alugada, que custa a ele R$ 650 por mês. “Daí a coisa complicou de verdade. Tenho de correr atrás. Quando as coisas apertam e vejo que não vou ter dinheiro para pagar as contas, saio para catar papelão e latinha à noite. Mas carrego na mão, porque já não tenho mais carroça.”

Wallace diz que cobra o serviço de jardinagem de acordo com o volume de trabalho. Para Cirilo, o cliente que fez a postagem no Facebook, foram R$ 17. “Cobro mais barato do que se vê por aí. Prefiro que pingue do que falte. Coloco minhas ferramentas em uma mochila, pego ônibus e vou onde me chamarem.”