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Sem sexo, Sula Miranda busca prazer na malhação e nos doces; isso existe?

A cantora Sula Miranda, que diz que malhar a ajuda viver sem sexo - Reprodução/Instagram
A cantora Sula Miranda, que diz que malhar a ajuda viver sem sexo Imagem: Reprodução/Instagram

Adriana Nogueira

Do UOL

20/03/2017 15h32

Em entrevista à RedeTV!, Sula Miranda revelou que completa dez anos sem transar em 2017. A cantora disse que “malhar bastante” e comer doces são as formas que encontrou para lidar com a falta de sexo. Para saber se os artifícios apontados pela artista funcionam como substitutos para a atividade sexual, o UOL entrevistou a ginecologista e obstetra Carolina Ambrogini, idealizadora do Projeto Afrodite do Departamento de Ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

“A fala da cantora tem fundamento, mas não se pode dizer que malhar e comer doces substituam o sexo”, afirma a médica.

Neurotransmissores

Carolina explica que praticar atividade física, de forma intensa e regular como Sula diz fazer, provoca a liberação de endorfina, um neurotransmissor (substância que age na transmissão de sinais entre os neurônios), pela glândula hipófise, localizada no cérebro. Processo que acontece durante e depois da malhação.

A endorfina –que também é liberada na hora do orgasmo-- tem uma potente ação analgésica e, ao ser liberada, estimula a sensação de bem-estar, conforto e melhora o humor.

No caso da ingestão de doces, o que acontece é a liberação de outro neurotransmissor, a serotonina. O efeito também é de prazer para o corpo, só que a sensação é efêmera.

“Como dura pouco, pode disparar um gatilho de compulsão, com a pessoa comendo mais e mais doces para sentir o bem-estar que ela provoca. Além disso, o consumo de doces pode ocasionar doenças, como diabetes e obesidade”, diz a ginecologista e obstetra.

A especialista lembra ainda que não transar com alguém não significa que a pessoa não tenha nenhuma atividade sexual. “Ela pode se masturbar e daí estará experimentando o prazer sozinha.”

Troca de afeto

Para Carolina, no entanto, o sexo não é apenas liberação de substâncias que provocam prazer, é também uma troca de afeto. “Mesmo que seja uma relação casual. Ninguém transa com alguém que não ache interessante. Há um vínculo aí. Por isso o sexo não é só bem-estar físico, mas emocional também.”

Segundo a médica, há estudos que relacionam à atividade sexual com o aumento da longevidade, fortalecimento do sistema imunológico e melhora da memória, entre outros benefícios. “É possível viver sem sexo, mas com é bem melhor”, fala.

A psiquiatra Carmita Abdo, fundadora do Prosex (Projeto Sexualidade) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a falta de sexo só precisa ser tratada se trouxer sofrimento para a pessoa. "A libido é uma energia que pode ser canalizada para qualquer outra coisa, como o trabalho."