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Cobrir carrinho com fralda não protege bebê do sol nem do frio e é perigoso

A fralda não protege o bebê da radiação solar e ainda pode deixar o carrinho abafado - Getty Images
A fralda não protege o bebê da radiação solar e ainda pode deixar o carrinho abafado Imagem: Getty Images

Beatriz Vichessi

Colaboração para o UOL

01/11/2016 07h05

Em um parque ou na rua, é comum ver carrinhos de bebê protegidos do calor e do frio com uma fralda de pano, esticada sobre sua abertura. Embora cercada de boas intenções, a medida é ineficaz e pode ser perigosa.

A fralda não protege o bebê dos raios solares UVA e UVB, pois o tecido do qual é feita não impede de fato a passagem deles. Ao mesmo tempo, prejudica a circulação de ar no cesto do carrinho e faz com que ele vire uma espécie de estufa, prejudicando a respiração e a transpiração da criança (dificultando que ela se refresque), segundo Daniela Miranda Gonçalves, neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo.

Para piorar o cenário, o material da maioria dos carrinhos aquece naturalmente quando exposto ao sol, porque é impermeável.

Mariane Franco, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), também explica que, caso caia sobre o rosto do bebê, a fralda pode atrapalhar a respiração da criança.

“O uso de panos, rolinhos de tecido e fraldas não são indicados por causa do risco de sufocamento. As medidas estão descritas em protocolos para prevenção de acidentes na infância do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde”, diz Mariane.

Para manter o bem-estar das crianças e protegê-las do sol, as recomendações dos pediatras são:

- Investir em carrinhos de cores claras, que refletem a luz do sol e absorvem menos calor do que as escuras;

- Dar preferência a modelos de carrinhos que tenham a aba superior, chamada de sombreiro, ampla. Por questões estéticas, alguns fabricantes reduzem o tamanho dessa área, desconsiderando a real função dela;

- Para bebês que ficam sentados nos carrinhos, cobrir a cabeça deles com chapéu ou boné, de preferência feitos com materiais com proteção UVA e UVB;

- Ter sempre uma sombrinha ou guarda-chuva (preferencialmente com proteção contra raios UVA e UVB) para bloquear a incidência direta do sol. Alguns modelos de carrinho são vendidos com esse acessório. Ao contrário da fraldinha, a sombrinha não fecha o carrinho por completo, consequentemente não prejudica a circulação de ar.

Segundo Werther Brunow, coordenador de pediatria do Hospital Santa Catarina, em São Paulo, mesmo em dias frios e de vento intenso, não se deve usar nenhum tecido sobre o carrinho, na tentativa de manter a criança aquecida.

“Jamais devemos perder a criança de vista, estando ela dormindo ou acordada, no carrinho, na cadeirinha do carro ou no bebê conforto. Se o bebê está fora do alcance de nossa visão, principalmente se for menor de um ano, é impossível saber se vomitou e está aspirando a secreção, dentre outros problemas graves, e acudi-lo a tempo”, declara Brunow.

Em dias frios, a solução é cautela ao sair de casa e agasalhar a cabeça da criança com gorro ou touca.

Em relação a saídas de casa que não podem ser adiadas durante horários de sol intenso (principalmente entre 10h e 16h), a indicação de Daniela é expor a criança o menor tempo possível. “A criança pode desidratar e apresentar queimaduras na pele se ficar, por exemplo, exposta por duas horas no horário de pico. Por isso, buscar áreas de sombra é muito importante”, fala a neonatologista.