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Amor e sexo precisam andar juntos? Dê a sua opinião

Thais Carvalho Diniz

Do UOL, em São Paulo

05/12/2014 07h14

Por muito tempo, o sexo casual foi visto como uma atitude condenável pela sociedade. Porém, com o passar dos anos, o pensamento sobre o assunto mudou, apesar de alguns ainda acharem impensável transar com quem não se tem nenhuma ligação sentimental. Para os especialistas entrevistados pela Universa, amor e sexo não precisam andar juntos, e as relações sexuais sem compromisso são tão saudáveis, comuns e fazem feliz quanto as que envolvem amor. Basta ter tudo bem definido na sua cabeça.

De acordo com a psicóloga e terapeuta sexual Margareth dos Reis, cada pessoa deve viver da maneira que se sente mais confortável. O que não pode, segundo ela, é existir uma normatização do sexo. "Amor e sexo não andam de mãos dadas. Você pode transar só por desejo ou autoafirmação. Mas, também, pode ser por amor. Assim como existe amor sem sexo", diz ela. "O bom é justamente não ter regras para seguir nessa área da vida", declara.

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No entanto, o que ainda existe nos dias atuais é uma crença --seja religiosa ou cultural-- de que para ter felicidade sexual é necessário envolvimento afetivo (e até a união matrimonial, para os mais conservadores).

"Muitas pessoas ainda não conseguem se sentir livres para aproveitar o sexo sem compromisso, por puro prazer. Há quem não se permita por valores morais ou sociais. Outros sentem medo de serem taxados de promíscuos, por exemplo. Nosso tempo é de transição de valores e, por isso, encontramos muitas posturas diferentes quando o assunto é sexo", fala a psicóloga e terapeuta sexual Ana Canosa.

Ela acrescenta que, apesar das convenções, há quem prefira transar com alguém por quem se sinta ligado afetivamente, simplesmente por preferir desta maneira, e não por algum motivo externo.

Se na sua cabeça ainda é muito confuso imaginar uma coisa separada da outra, pense: sexo é carnal, deve haver prazer; enquanto o amor é um sentimento, pede carinho e cumplicidade.

"O problema é que a crença social a respeito dos relacionamentos amorosos ainda influencia as pessoas. Aprende-se que o sucesso afetivo determina o sexual. Na prática, não é assim que funciona. É totalmente possível ser feliz sexualmente sem ter uma relação contínua, assim como existem casamentos que sobrevivem sem sexo", afirma.

Para Ítor, continuar pensando que a felicidade sexual está ligada ao amor traz prejuízos para a evolução do indivíduo, que pode descobrir, no futuro, que tudo não passou de ilusão. "Tudo isso vai contra à ideia de que as pessoas podem viver sozinhas. Estar solteiro precisa ser visto como algo normal, não como uma situação a qual a vida te obrigou a encarar. Consequentemente, ser feliz no sexo, sem ter um parceiro fixo, também é possível”, fala.

Cada um pode acreditar no que quer e deve lidar com a sexualidade da maneira que se sentir bem. Mas, para Ítor, assimilar que sexo e amor não precisam ser companheiros a vida toda vai evitar decepções. "É importante que as pessoas saibam que a existência do amor não necessariamente trará uma vida sexual plena. Pode ajudar, mas não significa que será suficiente", explica ele.

A mudança e a diferença de gêneros

Encarar o sexo como algo sentimental ou carnal é muito particular. Algumas pessoas não mudam sua visão sobre isso porque são felizes com o que vivem. Mas saiba que, independentemente do que aconteça, o importante é que a relação sexual, com sentimento ou não, traga satisfação e não prejudique ninguém.

Margareth afirma que o sexo pode acontecer apenas por atração, mas deve ser minimamente satisfatório. "Não transe com alguém apenas por estar há tempos sem sexo, por exemplo. Para isso existe a masturbação, certo?" diz.

Segundo a especialista, os homens ainda têm mais disposição para viver o prazer sexual desvinculado do sentimento. Para a maioria deles, a atração sempre basta. Não é à toa que quando têm relações extraconjugais justificam com a famosa frase: “foi só sexo”.

“A mulher tende a levar a carga afetiva para a relação de intimidade --o que também está mudando. Ela já vem testando o sexo casual e usando a atração como o principal motivo para o sexo acontecer. Algumas se saem bem e outras vivem a 'ressaca moral'", afirma.

Optar ou não por sexo casual sempre dependerá do desprendimento que você tem do estereótipo do relacionamento ideal. “É uma libertação em curso. As coisas vêm mudando para os dois lados, do homem e da mulher. Observe que eles também estão valorizando mais o relacionamento a dois e não têm mais a obrigatoriedade de aceitar qualquer insinuação sexual. O fato é que, quando falamos de sexo, não podemos rotular nada como certo ou errado, desde que não prejudique ninguém", finaliza a especialista.