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Rebeldia do adolescente deve preocupar pais quando virar rotina

Os confrontos com a família são parte do processo de autoafirmação do jovem - Getty Images
Os confrontos com a família são parte do processo de autoafirmação do jovem Imagem: Getty Images

Fernanda Carpegiani

Do UOL, em São Paulo

03/10/2014 07h15

Na adolescência, as transformações hormonais e psicológicas acontecem muito rapidamente e por isso é esperado que o jovem entre em atrito com os pais a todo momento, tenha oscilações de humor e se revolte contra as regras da escola e da casa. "O adolescente é cheio de certezas. Elas mudam de 15 em 15 minutos, mas são sempre com novas certezas", diz o psicanalista Miguel Angelo Yalente Perosa, professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.

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Mas qual é o limite para esse tipo de comportamento? Até que ponto a rebeldia é aceitável? "É preocupante quando vira rotina", afirma Maria Teresa Sauer, coordenadora pedagógica do ensino fundamental dois no Colégio Nossa Senhora do Morumbi, também na capital paulista. "Quando começo a receber constantemente um aluno na minha sala por diversos motivos, entro em contato com a família. Às vezes, basta chamar a atenção e conversar sobre o que está acontecendo."

Os confrontos com a família são parte do processo de autoafirmação. "Muitas vezes, os filhos fazem exatamente o contrário do que os pais querem só para não atenderem às expectativas e mostrarem que a decisão foi deles", afirma a terapeuta familiar Sylvia Van Enck, psicóloga do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Para buscar sua identidade, o filho precisa mostrar que é diferente dos pais.

Como agir

Muitas vezes, os pais acabam punindo os filhos rebeldes de maneira muito dura, sem dar espaço para orientação e conversa, o que pode agravar ainda mais o caso. O ideal é abordar os problemas com tranquilidade. "Quando você reage de forma agressiva, a tendência é gerar revolta", diz Sylvia. Se ele se comportou mal, antes de dar bronca ou castigo, espere um momento oportuno para falar com calma sobre o que aconteceu. Diga que percebeu que ele não está bem e pergunte como pode ajudar. "Esse caminho é melhor do que o embate, que afasta ainda mais o jovem da família."

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Outra boa maneira de evitar ou reverter atitudes rebeldes é dar autonomia e responsabilidades para o filho, inserindo-o dentro das normas de convivência estabelecidas em casa. "Ele precisa ter uma rotina, desde arrumar a própria cama e tirar o prato da mesa até se organizar para estudar", afirma Maria Teresa. Ter referências faz com que o adolescente se sinta menos perdido e mais à vontade para transitar dentro de um ambiente seguro.

O adolescente que não questiona os pais, mas tampouco conversa com eles, também está emitindo um sinal de alerta. Procure estar disponível para o seu filho e tente não julgar as suas atitudes, por mais difícil que seja. "Para abrir o canal de comunicação é preciso respeitar o que o adolescente pensa e sente, e ser capaz de entender o lado dele", fala Perosa. A convivência é fundamental e as conversas podem acontecer na hora do jantar ou no meio de atividades feitas em conjunto, como esportes e passeios.