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Árvore genealógica ajuda a contar a história da família à criança

Rita Trevisan e Louise Vernier

Do UOL, em São Paulo

30/05/2013 07h15

À medida que vão crescendo, é natural que as crianças comecem a se questionar a respeito da própria origem. E, segundo os especialistas, os pais devem aproveitar essa curiosidade dos filhos para se aprofundar um pouco mais na história da família.

“Inserir a criança dentro de um contexto histórico traz a ela uma sensação de pertencimento, o que é bastante positivo. Além disso, muitos antepassados poderão lhe servir como modelos, referências importantes durante os seus primeiros anos de vida”, declara a terapeuta familiar Anne Lise Scappaticci, da SBPSP (Sociedade Brasileira de Psicanálise).

Para a psicanalista Claudia Monti Schönberger, do Instituto Sedes Sapientiae, conhecer a trajetória da família é fundamental para que a criança possa construir a própria história.

Falar sobre avós, bisavós e outras pessoas importantes que já não estão presentes também ajuda na compreensão do ciclo da vida, que inclui nascimento, envelhecimento e morte. “A família é um legado que possuímos, uma verdadeira riqueza que pode ser utilizada para desenvolver a parte emocional e cognitiva das crianças”, afirma Anne Lise.

É claro que, para prender a atenção das crianças, os detalhes da narrativa devem variar de acordo com a faixa etária. Em geral, uma criança com três anos ou mais já se interessa por esse tipo de relato, ainda mais se houver um esforço mínimo dos pais para usar um vocabulário próximo ao do filho.


Fazer comparações com o tipo de vida que o bisavô levava durante a infância, na época dele, e o estilo de vida da criança, hoje, é outro recurso que desperta o interesse e facilita a compreensão. E quanto mais pormenores engraçados e extravagantes, melhor!

Outra maneira de tornar mais lúdica essa experiência é ilustrar a fala com fotos e vídeos antigos ou mostrar objetos de outras épocas, que tenham pertencido a alguns desses antepassados. Fazer pratos típicos do país de origem dos pais, avós e bisavós ou trazer elementos importantes da cultura deles, como a música, para a vida da criança, também ajuda. “As crianças aprendem com mais facilidade a partir de referências concretas”, diz Claudia.

Faixa etária

Montar uma árvore genealógica é um recurso para contar à criança a história da família, recorrendo a referências materiais –no caso, as fotos dos antepassados. A atividade ganha muito mais sentido se pais e filhos trabalharem juntos, em uma dinâmica leve e divertida, que pode envolver recortes e colagens, como na construção de uma árvore de “scrapbook”.

No entanto, é preciso estar atento à faixa etária da criança também no momento de elaborar a árvore. Se ela tiver entre três e seis anos, a produção deve contemplar apenas a foto dela própria, dos pais e dos quatro avós.

Na ocasião, vale aproveitar para contar como os pais se conheceram e se casaram e um pouquinho da trajetória dos avós. “Nessa fase, incentivar a criança a desenhar cada um dos familiares para montar a árvore também é válido e pode ser bastante divertido”, diz Anne Lise.

A partir dos sete anos, a criança está mais madura e a árvore também poderá ficar mais completa, chegando aos tataravós. “O importante é conversar com a criança enquanto montam a árvore, dizer o que os antepassados dela faziam, como eram, de onde vieram, com quem eram parecidos e assim por diante”, fala Claudia. 

Se os pais não estiverem tão inteirados assim sobre outros membros da família, adultos e crianças podem pesquisar juntos, de forma descontraída. Um bate-papo com os avós ou tios-avós, por exemplo, pode ser muito gostoso e produtivo, além de ajudar a aproximar as gerações.

“Se for necessário buscar dados na internet ou fazer pesquisas mais maçantes, é melhor que os pais procurem sozinhos e depois repassem as informações aos filhos”, diz Anne Lise.