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Saiba mais sobre as novas fraldas de pano ou reutilizáveis

Simone Cunha

Do UOL, em São Paulo

29/05/2013 08h05

Nas últimas décadas, a fralda descartável tornou-se essencial na vida da grande maioria das famílias. Sinônimo de praticidade, o produto, entretanto, passou a gerar discussões sobre seu impacto na produção de lixo.

Um bebê recém-nascido usa cerca de 11 fraldas descartáveis por dia. Essa quantidade vai diminuindo conforme ele se desenvolve, mas ainda assim a criança só para de utilizar o acessório por volta dos dois anos e meio, idade em que, geralmente, acontece a transição para o vaso sanitário.

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Em uma conta rápida, cada criança usa, em média, 7.500 fraldas descartáveis nos dois primeiros anos de vida. “Com certeza, da produção ao descarte, é um problema sério para o ambiente”, declara o professor Gustavo Souto Maior, coordenador do Núcleo de Estudos Ambientais da UnB (Universidade de Brasília).

As fraldas descartáveis são compostas por uma camada exterior de polietileno e uma camada interna de pasta de papel e poliacrilato de sódio. Para a sua fabricação, portanto, são utilizados três tipos de recursos, alguns não renováveis: petróleo, árvores (pasta de papel) e água.

Além disso, o destino dos descartáveis são os lixões (ainda maioria no Brasil) e os aterros sanitários. Estima-se que 2% de um lixão seja composto de fraldas, que levam cerca de 500 anos para entrar em decomposição. “A melhor alternativa seria apostar na reciclagem”, fala Souto Maior.

Alternativas

De acordo com o professor da Universidade de Brasília, as fraldas descartáveis têm condições de serem recicladas. “Já existe essa experiência na Inglaterra, que dispõe de usinas para o tratamento de todos os componentes das fraldas descartáveis. A proposta ainda parece tímida, porém já funciona”, afirma. Por aqui, o tema ainda não entrou em discussão.

Outro caminho é a substituição das fraldas descartáveis por modelos reutilizáveis, feitos de pano. Decisão que, até o momento, o consumidor brasileiro pode tomar intuitivamente, pois não existem, de acordo com o Instituto Akatu, organização não governamental que trabalha pelo consumo consciente no país, estudos comparativos sobre o impacto no ambiente de fraldas descartáveis e de pano. 

A professora Rafaela Picolotto, coordenadora do Laboratório de Gestão e Valoração de Resíduos, da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), em Santa Catarina, diz que a fralda de pano pode ser uma opção válida, porém é preciso avaliar o consumo de água e energia usadas para a sua limpeza.

“Só é possível garantir que uma é melhor do que a outra a partir de um estudo comparativo. Além disso, um produto só pode ser considerado sustentável quando, biodegradável, é descartado em aterros sanitários preparados tecnicamente para recebê-lo”, fala.

Uma pesquisa realizada em Portugal, pela Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza), entre fevereiro e maio de 2010, com o objetivo de analisar os impactos ambientais associados ao uso de fraldas descartáveis em comparação com as reutilizáveis, apontou que não houve acréscimo de consumo de energia associado à lavagem das fraldas de pano.

A pesquisa concluiu ainda que o uso de fraldas reutilizáveis permite reduzir a produção de resíduos em oito quilos por semana, por bebê, totalizando uma tonelada por criança durante o todo tempo que ela necessita usar fraldas.

Modernização

As fraldas de pano atuais dispensam alfinetes. E os novos modelos vêm com um tipo de absorvente para ser posto por dentro da peça. A ideia é que, ao longo de um dia, a cada troca, apenas este último seja substituído. Há ainda a possibilidade de uso de forrinhos biodegradáveis, indicados para recolher resíduos sólidos, e que são descartados a cada uso.

A conta de quantas fraldas a criança irá precisar até o desfralde varia muito de marca para marca, mas começa a partir de um mínimo de dez fraldas e 15 absorventes. Uma fralda com um absorvente custa, em média, R$ 40.

Segundo a pesquisa da Quercus, a durabilidade das fraldas de pano atuais depende da maneira como elas são lavadas (tipo de lavagem, forma de secagem, temperatura), mas, em geral, a reutilização pode beneficiar até três bebês.