Fingir que não percebe uma traição é uma forma de negar a rejeição
Todo mundo sabe: os amigos, os parentes, os vizinhos. A própria pessoa também sabe que está sendo traída, mas, mesmo assim, prefere ignorar os comentários e até as evidências mais claras. Fechar os olhos para um fato incômodo é uma opção que muita gente faz como tentativa de minimizar o problema. Mas essa escolha só é mais confortável à primeira vista.
São vários os motivos que levam uma pessoa a fingir que não é alvo de infidelidade: conveniência (em relações em que existe dependência financeira de um dos lados), imaturidade para enfrentar a vida sem um parceiro, medo da solidão, idealização do compromisso, crença de que será impossível arrumar alguém melhor etc.
"Para algumas pessoas, a identidade é totalmente apoiada no relacionamento e no outro. É como se ela não existisse sem os dois, por isso acredita que vale mais a pena manter as aparências”, afirma a psicoterapeuta Carmen Cerqueira Cesar.
Como, historicamente, a mulher sempre foi a escolhida e o homem o que escolhe, fechar os olhos para as puladas de cerca do parceiro é um comportamento mais comum entre o sexo feminino, mas não é uma regra, afinal, mulheres também traem. "Os homens que fingem não ver que estão sendo traídos são aqueles que temem a ruptura do esquema familiar montado, porque para eles é importante contar com esse porto seguro", diz Carmen.
Aceitar a rejeição
"Ninguém precisa mais permanecer na relação quando acontece uma traição. A divisão dos bens é administrada pela Justiça. Mas a questão da rejeição não desaparece. Uma vez que as pessoas escolhem com quem se relacionam, ser ‘trocado’ é uma ofensa. Por essa razão muita gente evita ao máximo confrontá-la. Negar para si mesmo a traição nos protege dessa dor e do vexame social", diz a psicóloga Maria Teresa Reginato.
Fugir não resolve
De acordo com a psicóloga Marjorie Vicente, aos poucos, a pessoa traída vai perdendo a autoconfiança, o respeito por si mesma e o limite do que é aceitável ou não. "Esse é o resultado de viver em desacordo com os próprios valores", declara.
Se a fidelidade é fundamental e importante para uma pessoa, dor, raiva e ressentimento vão se acumulado. É inevitável que, no dia em que ela chegar ao limite, o resultado seja desastroso (bem pior do que se tivesse encarado a situação desde o início).
Para acabar com o sofrimento sufocado, é preciso perder o medo de enfrentar a realidade. Como? O primeiro passo é compreender que, por pior que seja assumir a verdade, esse é o melhor caminho. A infelicidade faz mal para a saúde física e mental, segundo especialistas.
"Enfrentar a vida como ela é pode ser difícil, dói, dá trabalho, mas traz amadurecimento e novas oportunidades de felicidade. A crise pode significar uma oportunidade de mudança, de rever o que está errado e o que se pode mudar", afirma Carmen Cerqueira Cesar.
Seja o primeiro a comentar
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.