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Separação de Tom Cruise e Katie Holmes estimula reflexão sobre parceiros controladores

Tom Cruise e Katie Holmes passeiam com a filha Suri, antes da separação - Brainpix
Tom Cruise e Katie Holmes passeiam com a filha Suri, antes da separação Imagem: Brainpix

Heloísa Noronha

Do UOL, em São Paulo

07/07/2012 08h00

O divórcio de Katie Holmes e Tom Cruise ainda renderá muitas notícias polêmicas --talvez muitas delas nem reflitam a realidade. No caso dos dois artistas, o que teria levado à ruptura foi um motivo, à primeira vista, banal: divergências sobre a educação de Suri, a filha de seis anos do ex-casal. Há especulações de que Tom pretendia inscrever a menina em um cruzeiro da Cientologia, seita a qual ele pertence, e que tal ideia teria sido a gota d’água para Katie. 

Porém, na sexta-feira (6), o site de celebridades TMZ publicou que fontes ligadas ao casal contaram que  "Holmes sentia como se não pudesse respirar sem a permissão do marido" --tanto, que preferiu articular a separação às escondidas, com o apoio do pai. Outra razão apontada pelos tabloides americanos seria a interferência de Tom na carreira da mulher, a quem proibia de fazer cenas sensuais. 

Não é possível afirmar que Tom Cruise tenha sito, de fato, um marido controlador. Mas algo é certo: relacionamentos em que um dos parceiros quer dominar o outro estão condenados ao fracasso. Bem longe dos holofotes hollywoodianos, ter uma relação com alguém com esse perfil pode ser uma experiência devastadora.

Segundo o psiquiatra Leonard Verea, é na convivência diária que os controladores se revelam. "Durante o namoro, as pessoas costumam se mostrar da melhor forma possível, já que também desejam receber o melhor de volta", diz. "Quando decidem viver juntos, homens e mulheres acabam se mostrando como verdadeiramente são. E, no caso de um parceiro que se julga sempre o dono da razão e acha que sua opinião deve prevalecer, é preciso descobrir até onde a tolerância vai", diz.

Para Verea, Katie decidiu encerrar o casamento ao sentir a ameaça real de perder a filha de seu convívio e de vê-la educada por uma filosofia cujos ideais não compartilha. No caso de quem tem filhos, como Katie e Tom, um dos maiores perigos está no fato de a criança receber o tempo todo mensagens distintas, já que os pais são tão diferentes, e aprender a tirar proveito disso.

"Se um deixa a criança tomar um sorvete e o outro proíbe, é claro que ela vai sempre procurar o mais permissivo. E pode até jogar um contra o outro quando lhe interessar", declara a psicóloga Regiane Machado. Conseguir tudo o que quer, no entanto, não é garantia de felicidade: crianças que crescem nesse contexto se tornam inseguras, pois quem lhes deveria dar suporte não transmite uma mensagem clara.

Nem sempre o indivíduo controlador tenta exercer seu poder de maneira explícita. "Alguns são mais agressivos e incisivos, mas outros dominam pela sedução, conduzindo o parceiro a fazer o que querem sem que se deem conta", afirma Regiane. Quando percebe, a ‘vítima’ já fez várias concessões e mudou o seu jeito de ser para agradar. Pessoas inseguras e com baixa autoestima, que necessitam que terceiros tomem decisões por elas, são os alvos perfeitos. "Nunca é uma relação saudável”, afirma a psicóloga. 

"Esse tipo de relacionamento só dá certo por um tempo se a parte que se sentir reprimida buscar outros interesses, que eu chamo de círculos colaterais, para dar vazão à tensão e à energia acumuladas com o dia a dia", afirma o psiquiatra Leonard Verea. E que círculos colaterais seriam esses? Vários, desde se concentrar nos estudos ou na carreira a investir na prática esportiva e na companhia de amantes.

Na opinião de Regiane Machado, o romance só tem chances de dar certo se, ao ser confrontado, o controlador decidir mudar suas atitudes e se tornar mais flexível. Contudo, isso nunca acontece de uma hora para outra. E pode não dar certo.